A reunião-almoço do mês da mulher, promovida pela Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Gravataí (Acigra), foi um verdadeiro show protagonizado por três mulheres de sucesso que abordaram o tema “Empreendedorismo com Propósito”. Subiram ao palco duas representantes de Gravataí e uma vinda de Lajeado.
O presidente da Acigra, Régis Albino Marques Gomes, abriu o encontro que teve na plateia aproximadamente 200 pessoas representantes de diversos segmentos empresariais, saudando as convidadas e fazendo uma homenagem pela passagem do Dia Internacional da Mulher, em 8 de março.
O painel teve participação da Irmã Jane Segaspini, diretora do Colégio Dom Feliciano, Luciana Pessato – diretora da Imobiliária Pessato, de Gravataí, e Aline Eggers, diretora Administrativa e de Relações Humanas da Bebidas Fruki, de Lajeado. As três contaram suas histórias dentro das organizações em que atuam e falaram sobre o mundo do empreendedorismo.
IMPORTANTE
Antes do painel, empresárias do Núcleo de Negócios da Acigra foram homenageadas pelo Dia da Mulher.
Primeira carona
A primeira a falar foi Luciana Pessato que contou como surgiu uma das maiores imobiliárias do Vale do Gravataí, ainda lá nos anos 50, fundada pelo seu pai, Romeu Pessato, e o empresário Fidel Zanchetta – este, já atuante no ramo imobiliário na região que, emancipada, se tornou Cachoeirinha.
— Foi uma grande sacada quando eles voltaram os olhos para a região do Parque dos Anjos. Gravataí, até então, era uma cidade dormitório, e eles viram ali a oportunidade de empreender e, para isso, trataram da atração de empresas para, em seguida, realizarem loteamentos e deslanchar o projeto imobiliário — disse.
Luciana também falou de sua entrada na imobiliária. Disse que havia cursado Direito – formou-se em 1986 – e que acalentava o sonho de se tornar juíza. Quando recebeu o convite do pai, Romeu, lecionava em duas escolas e morava em Porto Alegre. Fpoi no dia da sua formatura. Mas ela só passou a frequentar Gravataí, e trabalhar, em 1988.
— Eu esperava, como filha de um dos donos, chegar e encontrar uma sala só para mim, com uma mesa ampla, mas não foi nada disso que aconteceu — disse.
Segundo Luciana, no primeiro dia que se deslocou na carona do pai entre a capital e a aldeia dos anjos, recebeu a primeira grande lição da sua vida.
— Meu pai disse que eu não teria regalia alguma, que ficar na Pessato só dependeria do meu trabalho, e que se pisasse na bola estaria fora — lembra, acrescentando que passou por todos os setores da empresa.
Depois de um período pediu demissão, viajou pelos Estados Unidos e alguns países da Europa. Este período, segundo Luciana, serviu para que refletisse e colocasse “a cabeça em ordem”. Decidiu voltar e ao Brasil e à Pessato – “se ainda me quisessem, claro. Felizmente eles quiseram!” – dando início a uma jornada de trabalho que já dura 29 anos.
Sonho do pai
Outra que também ingressou na empresa a convite do pai, Nelson, foi a diretora Administrativa e de RH da Bebidas Fruki, Aline Eggers. Antes de apresentar no telão a empresa, seus produtos, e contar a história de sua fundação, em 1924, contou como foi a primeira lição que recebeu do pai quando passou a morar na capital.
— Vim para Porto Alegre para cursar faculdade. Logo que cheguei, meu primeiro problema foi com a luz. Liguei para meu pai dizendo que tinha que ligar a luz porque o apartamento estava sem energia. Foi quando ele ensinou que eu deveria me preparar para o mundo, quando disse que, a partir daquele momento, eu tinha que me virar.
Em seguida, Nelson Eggers intimou a filha a cursar Pós-Graduação em Marketing e, mesmo diante da relutância dela, praticamente a obrigou dizendo que custearia os estudos. Já no ano de 2002, em um aniversário dela, Nelson convidou Aline para jantar. Foi quando a convidou a trabalhar em Lajeado.
— Depois de um cálice de vinho, justo eu que não bebo, aceitei na hora, até porque a proposta para trabalhar com meu pai era muito linda. Ele ainda me disse que não precisava dar a resposta assim, na hora, que tinha alguns meses para pensar — revelou Aline.
Um mês depois ela estava de mudança para a sede da empresa no Vale do Taquari. Era um dia 1º de abril – vai completar 17 anos na Fruki. A proposta linda, que ela referiu antes, era realizar o sonho do pai que queria promover a expansão da empresa.
— Além de ver a empresa crescer, meu pai queria que a gestão continuasse na família. É o que acontece hoje, aos 95 anos da Fruki e com 22 acionistas — afirmou.
Aline deu ênfase à trilogia que norteia o trabalho realizado pela fábrica de bebidas – energéticos, sucos, refrigerantes e mais recentemente cervejas – acentuando que o foco são as pessoas, os processos e os produtos. Sem a conjugação destes três itens, garantiu, uma empresa pode até seguir adiante, mas enfrentará difiuculdades e terá um crescimento bem mais lento.
A religiosa
Já a Irmã Jane Segaspini, diretora do Colégio Dom Feliciano, a última a falar, disse logo no início que o tema do painel – Empreendedorismo com Propósito – “tem tudo a ver comigo”, explicando que embora sendo uma religiosa, se descobriu empreendedora quando ainda era uma criança.
Ela contou que muito pequena vendia queijos produzidos por uma tia, e que acabava aumentando o valor como forma de ser recompensada por levar os produtos ao principal comprador, um outro familiar. Certa feita, em uma reunião de família, o valor a mais foi descoberto e ela explicou que era a forma de ganhar pelo seu trabalho.
Também por isso poucos da família apostaram na sua decisão de se tornar uma religiosa, aos 16 anos. Ela fez uma exposição com bom humor e entusiasmo, assegurando ser uma pessoa apaixonada pela causa da educação. E assegurou que não há contradição no que faz e no que foi tema do painel.
— Bateria de frente se eu praticasse um empreendedorismo para meu benefício pessoal, mas como é para que a congregação possa realizar obras sociais e investimentos na área de ajuda às pessoas mais pobres, por exemplo, não há contraditório — afirmou.
O empreendedorismo que pratica, explicou, é o trabalho que faz junto às demais irmãs da congregação do Imaculado Coração de Maria (IMC) para que seja possível auxiliar mais pessoas. Neste sentido e como diretora do Dom Feliciano, Irmã Jane garante que a educação ainda é muito mais coração do que um negócio com fins lucrativos.
— A educação é coração. Desde o momento em que acompanho a vida do aluno que é uma pessoa, e não um cliente a quem eu necessitarei agradar. O aluno não é cliente, ele precisa é ser educado, o que perpassa o coração e a mente — afirmou.
Confira o vídeo com a reportagem do Seguinte: na reunião-almoço da Acigra clicando na imagem abaixo.
QUEM É QUEM
Irmã Jane Terezinha Segaspini
– Natural de Barra do Ribeiro.
– Cursou o Ensino Médio no Colégio Dom Feliciano, em Gravataí.
– Graduada em Teologia Pastoral.
– Graduada em Psicologia e Formação de Psicólogos.
– Graduada em Filosofia.
– Pós-Graduada em Administração, foco em Administração Escolar
– Professora de Ensino Religioso no Colégio Dom Feliciano de 1988 a 1994.
– Profissional do Serviço de Psicologia Escolar no Colégio Dom Feliciano de 1993 a 1996.
– Vice-diretora do Colégio Dom Feliciano entre 1996 e 1997.
– Diretora do Colégio Dom Feliciano de 1998 a 2007.
– Conselheira responsável do Setor de Educação e Ação Social das Irmãs do Imaculado Coração de Maria, Província de Porto Alegre.
– Membro do Conselho de Gestão Estratégica da mantenedora das Irmãs do Imaculado Coração de Maria, a Sociedade Educação e Caridade, desde 2015.
Luciane Vilas Boas Pessato
– Natural de Porto Alegre.
– Graduada em Educação Física.
– Graduada em Direito.
– Técnica em Transações Imobiliárias.
– Professora de Educação Física de 1984 a 1988 nas Escola Santa Rosa de Lima e Instituto Porto Alegre (IPA).
– Diretora Suplente do Sindicato das Empresas de Administração de Imóveis e Condomínios (Secovi).
– Ex-delegada do Conselho Regional de Corretores Imobiliários , por Gravataí, de 2009 a 2015.
– Ex-conselheira, representando a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), da Secretaria de Desenvolvimento Urbano de Gravataí de 2003 a 2017 (Presidente no período 2010/2011).
– Rotariana desde 2005r, tendo exercido a presidência do período 2009/2010.
– Conselheira Consultiva do Observatório Social de Gravataí representando o Secovi.
– Desde 1988 é diretora da Pessato Negócios Imobiliários, fundada por seu pai, Romeu Pessato em 1960 (somente loteamentos) e com o ingresso de Werner Ducati na sociedade, em 1984, passou a atuar também na compra e venda de imóveis e administração condominial. E, desde 2017, na Pessato Seguros Ltda, empresa de seguros com foco na área residencial, patrimonial e de automóveis.
Aline Eggers Bagatini
– Desde 2002 é diretora Administrativa e de Recursos Humanos da empresa bebidas Fruki S.A., de Lajeado. É a quarta geração da família Eggers no comando da empresa.
– Graduada em Administração de Empresas.
– Pós-Graduada em Finanças e Marketing.
– Assessora de Planejamento Corporativo da Petróleos Ipiranga de 1992 a 2002.
– Presidente do Conselho da Fundação para Reabilitação das Deformidades Craniofaciais (Fundef).
– Membro dos conselhos da Tecnovates, Sesi e Senai de Lajeado.
– Presidente do Comitê Regional da Qualidade Vale do Rio Pardo no período 2006/2007.
– Vencedora do Prêmio Personalidade Qualidade Vale do Taquari, do Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade (PGQP), em 2010.
– Presidente da Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil) – é a primeira mulher no cargo.
: Presidente Régis Albino Marques Gomes, da Acigra
: As painelistas, na reunião-almoço desta terça-feira
: Aline Eggers e a Irmã Jane, do Dom Feliciano
: A mediadora Ana Cristina Pereira e Luciane Pessato