Pelo menos um terço da água captada para o abastecimento entre Gravataí e Cachoeirinha perde-se no meio do caminho. Sabe-se que a rede de esgoto é insuficiente para atender a toda a população dos dois municípios, mas resta saber qual a situação da atual rede, o quanto ela está subutilizada ou esgotada.
É pensando em botar “botar ordem na casa” antes de concretizar a planejada Parceria Público-Privada (PPP) do saneamento na região, que, na última quarta, os prefeitos Marco Alba (MDB) e Miki Breier (PSB) assinaram, durante a Expointer, a liberação de R$ 7,1 milhões em dois contratos com a Corsan. Um deles, com a maior fatia dos investimentos (R$ 6,3 milhões), será direcionado à maior eficiência do sistema de distribuição de água. O outro, com R$ 820,5 mil previstos para as duas cidades, vai mapear e diagnosticar a rede de esgotos.
— Nossa intenção é dar mais confiabilidade e economia para todo o nosso sistema. Podemos dizer que é um investimento para gerar economia ali adiante — avalia o diretor de operações da Corsan, Eduardo Carvalho.
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Com um contrato de um ano, uma empresa já selecionada pela companhia se encarregará de elaborar o georreferenciamento da malha coletora de esgoto da região. Técnicos irão às ruas mapear cada quilômetro da rede, lançando em um sistema inteligente todo o diagnóstico de cada um desses trechos.
— A meta é sabermos, por exemplo, onde há economias que poderiam estar ligadas à coleta de esgoto e não estão, onde há problemas como rompimentos ou desgaste de canos e outros equipamentos. Por este sistema, saberemos exatamente, e em tempo real, onde chegar quando surge algum problema na rede — afirma Carvalho.
Serão dois meses de diagnósticos. Mesmo prazo considerado para a fase inicial do contrato de dois anos, com outra empresa, para otimizar o abastecimento de água da região. Atualmente, perde-se, entre a captação da água e as torneiras de cada casa, em torno de 33% da água. A Corsan avalia que metade das perdas acontece por vazamentos, a outra metade, por medições irregulares ou ligações clandestinas, sem a cobrança devida. Estima-se, por exemplo, que 25% da população de Gravataí consomem água em áreas irregulares. Ou seja, a companhia, não tem o controle exato do que é consumido em algumas áreas.
: Marco Alba assinou contratos com a Corsan na Expointer | DIVULGAÇÃO PREFEITURA DE GRAVATAÍ
Durante o período do contrato, a meta da empresa será gerar economia à companhia. Então, os agentes percorrerão, também, cada trecho da rede de abastecimento de água, detectando as falhas e fazendo substituições de redes, trocas de válvulas de pressão e de medidores. Segundo Carvalho, haverá uma varredura completa na tubulação.
— É um contrato por performance. Se o trabalho da empresa contratada ajudar a reduzir os custos da companhia, ela recebe mais. Se não ajudar, recebe menos — adianta o diretor.
Hidrômetros na mira
Por isso, além da preocupação com o serviço, os contratos prevêem uma atenção especial à parte comercial da companhia. A revisão geral da água e esgoto também será dirigida às residências. Por um lado, tomando medidas para obrigar às ligações na rede de esgoto, por outro, fazendo trocas de hidrômetros.
Para Eduardo Carvalho, ter a real medida do que passa por baixo da terra, nos encanamentos da região, é um passo fundamental na busca de soluções para problemas históricos como a falta de água em alguns bairros, sobretudo no verão. É possível que os dois serviços recém contratados ainda não tenham resultados concretos nos próximos meses de calor, o diretor assegura, no entanto, que outras medidas já foram tomadas.
Controle contra a falta de água
Uma delas, em pleno funcionamento em uma das salas da sede da Corsan, na altura da parada 68, em Gravataí, é o centro de controle operacional de Gravataí. Ali, com o uso de vídeos e programas de georreferenciamento da rede de abastecimento da cidade, é feito controle de 20 pontos medidores da pressão de água em cada região da cidade.
— Os técnicos têm neste centro o controle online 24 horas do comportamento da rede. Se notamos que há problemas de pressão no bombeamento de água a uma determinada região, já podemos agir imediatamente, muitas vezes, antes do consumidor perceber — assegura.
Além do controle da pressão em 20 pontos, a Corsan garante já ter investido neste ano na melhoria do sistema de bombeamento para regiões historicamente problemáticas, como a Morada do Vale.
Nos últimos meses, Eduardo Carvalho garante que diminuiu consideravelmente o volume de reclamações da população por falta de água. A expectativa do diretor é de que, no verão, o sistema responda ainda melhor.