RAFAEL MARTINELLI

Ao demitir Paulão, Zaffa afirma autoridade de prefeito, mas dá um tiro no coração do MDB de Gravataí; Mas, calma: sem Putins, a guerra resta adiada

“Há décadas em que nada acontece e há semanas em que décadas acontecem”. Gravataí experimenta a frase de Lênin, cometida na prática por dois políticos distantes ideologicamente do leninismo: o prefeito Luiz Zaffalon e o ex-prefeito e seu ‘Grande Eleitor’ Marco Alba, desde que, na terça-feira, Zaffa anunciou a saída do MDB; reportei em Declarada III Guerra Política de Gravataí: Zaffa vai sair do MDB para enfrentar Marco Alba; Bem-vindo à política, prefeito!.

A sexta foi um dia daqueles que valeram por anos, na política da aldeia. Acertei, mas também acertei, em tuitadas; e aqui reportarei meus acertos, mas pedirei desculpas necessárias por meus erros de informação.

Fato é que Zaffa demitiu o Paulão!

Há, expressão em moda na política atual (e suas múltiplas verdades), “narrativas”.

Vamos a elas, mesmo nem Zaffa, nem Marco queiram dar entrevistas neste momento.

Identifico, de um lado, Zaffa praticamente obrigado a demitir Paulão, seu secretário de Obras, já que seu CC, cargo de indicação política, compartilhou a nota do MDB sobre sua desfiliação, que dizia “repor a verdade”, descrevia o chefe como “ilustre desconhecido”, e pedia “desculpas à sociedade” por um suposto personalismo do prefeito em seu governo que, evocando a falecida Sônia Oliveira, seria “uma construção de muitos”; reportei a nota em Bomba em Gravataí! Nota do MDB é um aceite da guerra entre Zaffa e Marco Alba.

Parece-me, Zaffa usou, para garantir sua autoridade de prefeito, um símbolo para o MDB de Marco Alba: Paulão.

Não é só o secretário de Obras o mais longevo, desde os governos dos falecidos Nadir Rocha e Acimar da Silva, que começaram o legado do MDB após o golpeachment contra a prefeita Rita Sanco e o vice Cristiano Kingeski.

É, Paulão, parceiro de 30 anos de Marco Alba, tempo semelhante à relação com Zaffa, desde que faziam campanha quase sozinhos por Gravataí; segurava, inclusive, broncas de rua para emedebistas que enfrentavam o império do PT – muitos não lembram, mas antes de Bolsonaro ser chamado ‘mito’, assim muitos se referiam em Gravataí ao popularíssimo Daniel Bordignon.

Inegável é que demitir Paulão apresenta Zaffa a Gravataí como completamente – e, como só diamantes são eternos, ao menos por muito tempo – apartado de Marco Alba.

Durante a sexta-feira também divulguei a troca de Claudecir Lemes (MDB) por Dilamar Soares (PDT) na liderança do governo na Câmara de Vereadores – assim como Paulão, Claudecir compartilhou a nota do MDB, o que constrangia tanto a Zaffa, quanto a ele.

Dila, que se resguardou ao som do silêncio nas duas sessões pós-crise, é, como já reportei, o vereador mais próximo do prefeito; parte por fidelidade, muito por estudo e dedicação para defender as pautas do governo.

Mas preciso reportar também meus erros.

Se acertei em prever a queda de Paulão no artigo que fiz sobre a nota do MDB, errei sobre Paulo Garcia, que não caiu nos Serviços Urbanos, e também sobre Guilherme Ósio e, em parte, Fernanda Fraga.

Se ‘Paulinho Taquari’, como é conhecido Garcia, ainda não foi demitido, Ósio – sempre relacionado ao presidente da Câmara Alison Silva, que é próximo a Marco Alba – ‘caiu para cima’, já que além da Mobilidade vai responder interinamente pelas Obras.

Já Fernanda foi exonerada da Educação, onde, ‘Printe & Arquive na Nuvem’, assumirá a diretora da Antônio Aires Aurelise Braun, mas voltou para assessoria especial nomeada pelo gabinete do prefeito.

Ao fim, reputo essa bomba do racha Zaffa-Marco Alba a III Guerra Política de Gravataí, pós Oliveiras x Abílio, Bordignons x Stasinski.

Sei nem Zaffa nem Marco restam contentes com esse apelido, de ‘III Guerra’, já que um e outro não se sentem os Putins, àqueles que declararam a tal guerra.

Sentem-se, ainda bem, ambos responsáveis pelo governo, seu passado, presente e futuro.

Percebem, por obvio, que os CCs e funcionários que tocam o governo restam confusos e assustados – e isso pode atrapalhar a Gravataí que construíram juntos e, goste-se ou não deles, tenha ou não afinidade ideológica com um ou outro, dá certo, ou, ao menos, mal não está.

Sem torcida ou secação, aguardarei os movimentos nos dias que valem anos e nas décadas que valem séculos. Pilhar guerra por procuração, no quintal dos outros, como fazem na trágica guerra Rússia-Ucrânia, é coisa dos EUA. Preocupo-me com as consequências para os ‘civis’, os moradores de Gravataí.

Falta um ano e cinco meses para as eleições.

Sextou.


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