BLOG DO RODRIGO BECKER

CANOAS | O impeachment do vice: os ‘hérulos’ de Nedy estão chegando; a política e a História

Nedy, com Felo Uequed: ex-secretário será um dos advogados do vice-prefeito na processante que pode levá-lo à cassação. Foto: Arquivo

A política que já determinou casamentos, fronteiras, reis e rainhas está prestes a decidir, agora, o futuro do vice canoense

A serem mantidas as atuais condições políticas, Nedy de Vargas Marques será cassado pela Câmara de Canoas.

Dito isto, é um impeachment ‘sem crime’ – questione-se a decisão que o vice tomou no comando do governo, se foi ou não uma espécie de ‘pedalada’ no reequilíbrio financeiro do contrato de gestão do HU; mas não se trata de corrupção ou desvio, por certo. Trata-se de um entendimento político, portanto, e assim será a decisão de cada um dos 21 vereadores em algumas semanas. Político e nem por isso desconsiderável: não é porque uma decisão ‘é política’ que ela não vale, no sentido de deixar de ter valor; vale, sim, e rebolados jurídicos dificilmente mudarão o que a política está por sacramentar. Esse processo tem ares de decisão tomada, mesmo que Nedy esteja afiado – e está – para dias de julgamento intensos e memoráveis.

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Vale lembrar, aqui, que a política sempre determinou os destinos da humanidade desde que o ‘mundo é mundo’. Na época do Império Romano, era o Senado – e, portanto, os políticos – que escolhia o imperador: inclusive Rômulo Augusto, deposto pelos hérulos em 476 d.C. em um ato que determinou uma mudança de era na História. Casamentos foram assentidos pela política mais vezes do que poderíamos contar. Príncipes e princesas se casaram mais para satisfazer a geopolítica do momento do que o próprio desejo – e parte desses consórcios fixou as fronteiras internacionais que conhecemos hoje – Itália e Espanha, cito aqui, como dois exemplos dos mais latentes. Por que não seria a política – e a estabilidade determinada por ela – quem decidirá o futuro do mandato do vice-prefeito de Canoas?

É a estabilidade política, por fim, que dá as tintas ao impeachment que tramita na Câmara contra Nedy. O grupo político que elegeu Jairo Jorge em 2020 se ressente do que houve no ano passado quando o vice, até então um aliado, virou às costas a quem o acolheu quando JJ o trouxe do MDB para colocá-lo ao seu lado na chapa. O rompimento entre eles cozinhou a fogo brando durante os primeiros seis meses de afastamento do prefeito, mas depois sapecou com a prorrogação do feito. E quem ganhou junto a eleição de 2020 se viu obrigado a escolher um lado – o do popular prefeito campeão de votos ou o do vice entronado por decisão liminar da Justiça.

Os que estão ao lado de Jairo Jorge, arrisco a dizer até mais do que ele, não querem passar por isso de novo. Avocam o resultado das urnas – e com razão – para impedir o vice de reassumir o governo. Senão eles, a ex-dirigente do PT, Teresinha Nascimento viu na novela do reequilíbrio financeiro do contrato de gestão do HU uma chance para isso. Deu aos vereadores a chance de entender se o caso é para cassação ou passa ao largo disso, sob a ótica da política e do momento.

Repito: a serem mantidas as condições políticas de hoje, Nedy perde o mandato. E, aí, é esperar pelo rebote.

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