Após 40 anos, Maurício Medeiros deixou o MDB, onde militava desde a campanha na qual seu tio Francisco Medeiros foi eleito pela primeira vez para a Prefeitura de Cachoeirinha.
Prefeito durante o afastamento de Miki Breier (PSB), Maurício se filiou ao Podemos, na janela de transferência partidária que encerrou neste fim de semana, anunciando apoio para ex-gerente da Corsan, Eliane Pacheco, como candidata a vereadora.
O movimento foi dado com exclusividade pelo jornalista André Boeira, em seu Sui Generis. Fui ouvir Maurício, que detonou uma bomba política: pode concorrer a prefeito em 2024.
– E por que não? É possível sim. Depende do partido – disse o político, que já prefeito e vice por duas vezes, além de vereador e secretário municipal, confirmando ao Seguinte: que amigos já se mobilizam para isso, mesmo que seu novo partido integre a base do governo Cristian Wasem (MDB); os dois vereadores, Marco Barbosa e Nelson Martini, tem cargos indicados na Prefeitura.
Mas Maurício não está inelegível? Não. A cassação de 2022 atingiu a chapa, mas o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) restringiu a Miki a inelegibilidade de oito anos; leia em É absurda cassação de Miki e Maurício pelo TRE.
Maurício guarda mágoa do MDB pela falta de apoio no processo de cassação, na transição para o governo interino de Cristian e não aceitou bem a eleição de André Lima para a presidência municipal do partido.
Quando a Polícia Federal deflagrou a Operação Rêmora, e cumpriu mandados de busca e apreensão na Prefeitura e na casa de Cristian com autorização do TRF4, André Lima postou, no grupo de WhatsApp do Sui Generis, nota oficial da Prefeitura, defendendo a legalidade do negócio de R$ 10 milhões para compra de lousas digitais.
Maurício respondeu com o comentário, logo abaixo.
Reputo difícil uma candidatura de Maurício – é obvio.
O mais provável é que, sem visitas para pedir voto ou adesivos no peito e no carro, o ex-prefeito siga na coligação pela reeleição de Cristian, que é onde querem estar os dois vereadores do Podemos.
Porém, a política não permite duvidar da força do ódio. E fato é que uma candidatura de Maurício teria como força principal prejudicar um adversário: Cristian.
Ao fim, lembra-me o escritor uruguaio Eduardo Galeano, em “O caçador de histórias”:
“Pelo que dizem por aí, o homem é o lobo do homem. Mas nenhum lobo jamais mata outro lobo. Eles não se dedicam, como nós, ao extermínio mútuo. Tem má fama os lobos, mas não são eles que estão transformando o mundo num imenso manicômio e num cemitério tão habitado”.
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