Diferentemente do congelamento anunciado por Sebastião Melo (MDB) em Porto Alegre, o prefeito Luiz Zaffalon (MDB) pode autorizar um aumento nas tarifas das linhas municipais de Gravataí nos próximos meses.
– Estudo aumento para equilibrar o subsídio com a nossa realidade. Está difícil manter em R$ 3,75 sem auxílio de ninguém – admitiu Zaffa ao Seguinte:, nesta sexta-feira.
A Capital não tem aumento desde junho de 2021. Gravataí congelou as passagens em junho de 2019.
As passagens congeladas desde o governo Marco Alba foram mantidas em R$ 3,75 ao combustível de mais de R$ 15 milhões em subsídios desde 2021. Para efeitos de comparação, sem o aporte a tarifa técnica seria hoje de R$ 7,92.
Antecipei a possibilidade de reajuste em 15 de março, em Rumo a um milhão por mês em subsídio para o transporte coletivo, se Lula não ajudar Gravataí terá que aumentar tarifa dos ônibus.
Alertei que, sem socorro federal, ou aumento de tarifas, até o fim de 2023 Gravataí estaria aportando para o transporte coletivo um milhão de reais por mês dos recursos da Prefeitura.
À época, a Granpal, que é a associação das prefeituras da Grande Porto Alegre, apelou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para bancar as gratuidades acima de 65 anos, mas ainda não tem resposta.
Em 2022, o governo Jair Bolsonaro liberou subsídio, mas num valor considerado três vezes menor que o necessário. Gravataí recebeu R$ 3,5 milhões.
Hoje as isenções correspondem a 7 a cada 10 reais que a Prefeitura repassa para a concessionária Sogil. Os 30% restantes ajudam a recompor o desequilíbrio contratual, já que o volume de passageiros estagnou em 75% do que representava em 2018; ou seja, não dá nem para culpar a pandemia.
Fato é que deixar a concessionária ‘quebrar’ representaria uma irresponsabilidade inimaginável, já que há contrato assinado, a empresa poderia buscar indenizações, o sistema notoriamente dividido entre consórcios não apresenta interessados e, legalmente, só teremos licitação para transporte coletivo na região metropolitana a partir de 2026.
Em resumo: é um ‘pauta-bomba’ para desarmar, a base de subsídios, ou jogar no colo do pobre um aumento estratosférico nas tarifas.
Sim, porque o sistema é sustentado não por aquelas pessoas que pegam ônibus eventualmente, e podem cotejar o custo com uma corrida de uber, e sim pelo trabalhador que precisa do transporte rotineiramente; custo que divide com seu empregador, isso quando tem carteira assinada.
A tragicômica comparação é que, em um ônibus, se tem um estudante, um juiz ou o dono da Sogil (que tem isenção de idoso) e um gari, quem paga a tarifa dos três é o último.
Para piorar, em junho tem reajuste nos salários dos motoristas e cobradores que restaram, além da contratual renovação da frota, projetada em mais de uma dezena de novos veículos com ar condicionado.
Sem reajuste, a projeção da Secretaria de Mobilidade de Gravataí é de que o subsídio chegue a R$ 900 mil por mês até o fim do primeiro semestre. Até o fim do ano, talvez R$ 1 milhão mensal; conta que ficou mais pesada pelo município ter perdido mais de R$ 50 milhões em receitas pelos efeitos da pandemia, as paradas na GM e do assalto eleitoral aos combustíveis, no ano passado.
Ao fim, até acharmos uma solução para o transporte coletivo enfrentar a uberização, potencializada pela interminável crise, é um debate que não acaba no gosto-ou-não-gosto de subsídios públicos.
O caso de Gravataí não é diferente de outros municípios metropolitanos, ou do transporte intermunicipal – também subsidiado pelos governos Eduardo Leite-Ranolfo Jr. (PSDB).
Insisto: é um debate que precisa que ‘tirem as crianças da sala’. Os caça-cliques já podem começar a babar nas redes sociais.