crise do coronavírus

As noites de Miki sem dormir

Miki Breier, prefeito de Cachoeirinha

Toda terça Miki Breier recebe pastores em seu gabinete, na Prefeitura de Cachoeirinha. Decidir, foi o verbo em debate hoje.

– Decidir entre um filme, um livro, e até uma obra, é uma coisa. Decidir sobre vida ou morte, faz perder noites de sono – desabafou o prefeito.

O Seguinte: ouviu Miki nesta tarde, no segundo dia de reabertura das atividades comerciais, industriais e de serviços, além do poder público, e Cachoeirinha chegou a 22 casos (nesta terça, um homem de 60 anos e uma mulher de 51), apenas dois a menos que Gravataí, que tem 100 mil habitantes a mais.

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Seguinte: Não estás assustado com tamanho movimento nas ruas?

Miki – Assustado não, preocupado sim. Mas estou preocupado desde março, dia a dia. Nestes dois primeiros dias estou acompanhando relatos e dados trazidos pelos secretários e fiscais, e o movimento é considerável, porém é positivo o uso de máscara e a cobrança de uso feita pelos empreendedores. Há filas em bancos, lotéricas? Sim, mas é perceptível a vontade de ajudar, a conscientização de todos tentando manter o distanciamento. Problema existe, e estamos atentos a isso, em praças e parques. Domingo tinha muita gente no Parcão, e sem proteção.

 

Seguinte: O Parcão pode ser interditado?

Miki – Vamos avaliar. Se necessário, sim. Fica o alerta: os números dos contaminados e mortes podem começar a ter rostos conhecidos.

 

Seguinte:  O que suporta tecnicamente a retomada das atividades econômicas em Cachoeirinha?

Miki – A estabilidade da curva de contágio e a estrutura do hospital de campanha, onde entre 60 leitos já temos 8 UTIs equipadas com respiradores. Agora vamos aplicar os 300 testes que compramos para ter uma ideia melhor da subnotificação. Sábado, das 8h às 20h, coletaremos material de pessoas que demonstraram sintomas em um drive thru no págio do Shopping do Vale. Certamente a taxa de infectados vai aumentar, já que o protocolo era testar apenas hospitalizados, e muitas pessoas não tem sintomas graves, ou mesmo não apresentam sintomas. De qualquer forma, a situação é grave. Por isso o apelo por solidariedade, cada um se cuidando para cuidar o outro.

 

Seguinte: O transporte coletivo é uma das principais reclamações nas redes sociais.

Miki – Fiscais da Prefeitura acompanharam diferentes linhas na segunda e terça e 99% dos passageiros estão usando máscaras. Estamos monitorando e vamos multar a empresa caso as regras sanitárias do decreto municipal não sejam cumpridas.

 

Seguinte: No próximo sábado o governador Eduardo Leite apresenta a nova classificação que, hoje, coloca Cachoeirinha na ‘bandeira laranja’. A cada sete dias a bandeira pode mudar. Há como orientar e controlar a aplicação das regras sanitárias necessárias nessa ‘gangorra’?

Miki – Diálogo e conscientização. Não há outra forma. É um fenômeno único, ocorrido só em 1918 no a Gripe Espanhola. Os empregos são fundamentais, mas a prioridade é a vida. Para empreender, para trabalhar, é preciso estar vivo.

 

Seguinte: Qual a estimativa de perdas pela Prefeitura de Cachoeirinha.

Miki – Um a cada três reais de receita.

 

Seguinte: Se precisar decretar lockdown, Miki o fará?

Miki – Sem dúvida. Seguirei a classificação por bandeiras do Governo do RS. Mas, caso o contágio fuja do controle, não me eximirei de decretar um lockdown.

 

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