A ‘coerência na incoerência’ do PDT vai salvar os vereadores de Gravataí Dilamar Soares e Bino Soares, que sob ameaça de expulsão disputam o mandato com o partido na justiça.
Reputo a perseguição política, que já antecipei em 2021 em artigos como Vereadores Dila e Bino pedem mandatos na justiça por perseguição política do PDT de Gravataí; Anabel pressiona por expulsão, resta ainda mais comprovada em 2022.
Dila responde na comissão de ética pela suposta infidelidade partidária de votar a favor da reforma da previdência enviada à Câmara pelo prefeito Luiz Zaffalon (MDB). Bino pelo mesmo motivo e, também, por ter cargos no governo.
Acontece que, na limítrofe Alvorada, o pedetista Geovani Garcia assumiu a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do governo José Appolo (MDB).
Se em Gravataí não havia decisão partidária formal contra a reforma da previdência, em Alvorada também não há decisão a favor de participar do governo.
Pelo contrário: Tiano Caduri (PDT) foi vice de Stela Farias (PT), chapa que perdeu a eleição para a Prefeitura por apenas 213 votos (0,3%) em 2020. O grupo tem maioria para permanecer na oposição.
Ao site Alvoradense, Giovani explica que se tratou de um convite pessoal do prefeito e não um acordo partidário, apesar de ter autorização da Executiva Municipal.
‘Meteu essa’, para justificar o aceite, que, entre outros CCs, valeu cargos também para o marido da presidente do partido, Giselda Azambuja, sua sobrinha:
– Mesmo que o partido não se posicionasse, convite pessoal depende do aceite do convidado.
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Giovani não é qualquer militante. Ex-vice-prefeito de José Carlos Brum entre 2009 e 2012, no governo abatido pela Operação Cartola, é considerado um “histórico” do PDT. Fundador do partido em Alvorada, integra a mesma Executiva Estadual que processa a expulsão de Dila e Bino.
Dos Grandes Lances dos Piores Momentos, Giovani é apoiador de Ciro Simoni, presidente estadual que nomeou comissão provisória tanto em Gravataí, quando em Alvorada. Só que lá o grupo de Simoni participa do governo do MDB e aqui quer cassar mandatos pelos vereadores votarem com o governo do MDB!
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Ao fim, Dila também é coerente na incoerência, quando se trata de partidos. É uma metamorfose ambulante para trocar de sigla. Mas, neste caso, é notória vítima de perseguição política. Permite a provocação de que se arrumasse CCs para as pessoas certas, não teria problemas.
Lembrei da ‘Bíblia Brasileira’ (1985), do Millôr: “… E Jânio gerou Jango, que gerou Brizola sem sua imagem e semelhança. E depois de ter gerado Jango e Brizola, Jânio viveu mais 20 anos e recomeçou toda sua carreira ao contrário. E Brizola gerou Castelo, que gerou Costa e Silva, que gerou Médicis. E todos juntos geraram Geisel e Figueiredo, e geraram Maluf, que gerou Tancredo, que gerou Sir Ney. E a multidão, no vale na galera, aplaudiu o milagre brasileiro da reunião de todos os desencontros. E aí aconteceu a Grande Conciliação, dos ricos, poderosos, e criminosos simples. E Deus viu que eram todos democratas…”.
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