Gravataí foi palco, na noite de quinta-feira (14), de um debate sobre o futuro do Ensino Médio e da Educação Profissional e Tecnológica no Rio Grande do Sul. A audiência pública, realizada no Sesi Gravataí, integrou o ciclo de debates Educação Agora, promovido pela Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, sob a liderança da deputada estadual Patrícia Alba (MDB), ex-primeira-dama do município.
O encontro reuniu estudantes, professores, gestores e especialistas para discutir os desafios e as perspectivas da formação de jovens entre 15 e 29 anos, com foco na integração entre escola e mercado de trabalho. A abertura contou com a apresentação do coral Carlos Bina Sogil e de projetos de robótica desenvolvidos por alunos.
Patrícia Alba destacou que discutir o Ensino Médio é tratar diretamente das necessidades das escolas e da juventude gaúcha. “Não há desenvolvimento sustentável sem educação de qualidade, e não há educação de qualidade sem um olhar atento para essa etapa crucial da formação dos jovens”, afirmou, ressaltando que o ensino precisa acompanhar as demandas atuais da sociedade.
Durante o evento, a gestora do Instituto Sesi de Formação de Professores, Ecleia Conforto, apresentou a pesquisa Perspectivas dos Jovens no Mundo do Trabalho – 2025. O estudo, realizado com estudantes da rede pública de seis cidades gaúchas, revelou que a nova geração busca vivências práticas e experiências que conectem teoria e prática, mas enfrenta dificuldades para conciliar estudo e trabalho, além da insegurança em relação ao futuro.
Segundo Ecleia, o perfil dos jovens é mais conservador, com foco na estabilidade financeira, mas emocionalmente vulnerável diante das mudanças aceleradas. “Não falta vontade, falta conexão. Muitos sustentam suas famílias e enfrentam barreiras de acesso, condições financeiras limitadas e falta de rede de apoio. A escola precisa oferecer crescimento profissional, espaço para criatividade e acolhimento”, afirmou.
A diretora-geral do Campus Canoas do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), Patrícia Hübler, lembrou que, apesar do reconhecimento nacional da rede federal pela qualidade dos cursos técnicos e superiores gratuitos, a evasão escolar segue como desafio, especialmente em cursos de Educação de Jovens e Adultos (EJA) e licenciaturas. O campus atende cerca de 1.500 estudantes com 72 professores efetivos.
Para a diretora do Colégio Estadual Nicolau Chiavaro Neto, Natália Moraes, de Gravataí, é essencial manter a atratividade da escola. “Precisamos de políticas educacionais que considerem a realidade da educação básica, com professores preparados para serem mediadores, e não apenas cobradores de resultados. É fundamental trabalhar competências socioemocionais e criar mecanismos para manter o jovem motivado e presente”, afirmou.
O debate também reforçou que pensar educação sem tecnologia é incompatível com o desenvolvimento econômico e com a forma como os jovens se comunicam e aprendem. Patrícia Alba encerrou o encontro destacando que as contribuições coletadas serão encaminhadas à Comissão Especial do Plano Nacional de Educação e à Secretaria de Educação, que elaborará o Plano Estadual de Educação em 2026. “As metas precisam ser factíveis e efetivas para garantir que a educação acompanhe o ritmo das transformações”, concluiu.