Printe & Arquive na Nuvem: um ‘acordão’ para eleição de Edison Cordeiro (Republicanos), em dezembro, à Presidência da Câmara de Cachoeirinha em 2024, tem como cláusula pétrea política apresentar o aumento no número de vagas para vereadores a partir de 2025.
Já tinha antecipado a tara pela pauta em janeiro, em Parem Cachoeirinha que eu quero descer! Pensam em aumentar o número de vereadores; Vocês estão loucos?.
Escrevi:
Alguns vereadores enlouqueceram e querem que o recém eleito presidente da Câmara, Paulinho da Farmácia (PDT), apresente projeto aumentando o número de cadeiras no legislativo municipal.
Nenhum político, ainda, banca a ideia, em on. Só em off. Sob condição de anonimato, apurei que já tem o quórum qualificado necessário: 12 entre 17 vereadores.
Ilegal não é. Imoral, deixo o juízo de valor para você que me lê.
Inocente, no tal artigo apelei para o prefeito Cristian Wasem (MDB), para que, mesmo que não deva constitucionalmente interferir em outro poder, “aconselhe a base governista a não embarcar nesse deboche com o povo da – como chamo – “Pobre Cachoeirinha!”, parada há pelo menos dois anos por CPIs, tentativas de impeachments e golpeachments, denúncias e cassações, tenham sido por feitos ou malfeitos de seus políticos”.
Seis meses depois o próprio prefeito estacionou seu ‘bonde dos cargos’, como analisei em O ‘bonde dos cargos’ do Cristian: 90 novos CCs e FGs ao custo de 10 milhões; A ‘Pobre Cachoeirinha!’ da ‘República dos Vereadores’ e o prefeito no caminhão de lixo.
Vamos adiante.
Por que não é ilegal?
Cachoeirinha tem hoje 17 vereadores. Conforme a Emenda Constitucional 58/2009, municípios que tenham entre 120 mil e 160 mil habitantes podem ter até 19 vereadores.
Até, diz a lei. Não é uma obrigatoriedade.
Conforme dados de 2021 do IBGE, a “população estimada” de Cachoeirinha é de 132.144 pessoas.
Por que sou contra?
Os argumentos são os mesmos de janeiro.
Não é por permitir aos políticos apenas a presunção de culpa, como no Grande Tribunal das Redes Sociais de Cachoeirinha fazem, a cada véspera de eleição, garotos de programa online, influencers via pix e desinformados, ou informados do mal.
(Dos Grandes Lances dos Piores Momentos é que a maioria, se não todos, apoiarão o projeto que aumenta o número de vereadores; muitos políticos são a fonte do pix).
Comungo da ideia de que os vereadores são a principal representação da comunidade. O legislativo, sob os critérios da proporcionalidade nas urnas, representa 100% dos votos da cidade. Pela minha própria lógica, aumentar o número de vereadores aumentaria a representatividade do povo. Mas reputo Cachoeirinha vive um momento singular. Não é hora de provocar os eleitores no plural.
Ou alguém, que não se sinta beneficiado, ou projete alguma vantagem futura, vai apoiar aumentar o gasto com vereadores, salários, assessores e estrutura funcional em uma cidade em depressão política e onde um tapa-buraco é obra?;
“Contestem-me”, desafiei em janeiro; sigo sem resposta.
Inegável é que, mesmo que os vereadores amalucados com esse projeto estejam tomados pelo nobre desejo de aumentar a representatividade do povo na Câmara, criar mais vagas os beneficia diretamente.
Ainda estou devendo trabalhar melhor esses números, de aumento de gastos e de diminuição na necessidade de votos para próxima eleição, mas antecipo um resumo lógico: de 10 votos necessários em 2020 será preciso apenas 8 para garantir a eleição em 2024 para a legislatura 2025-2028.
A mesma proporção, aí a maior, custará ao orçamento público.
Em janeiro tinha concluído assim o artigo:
Apelo: não façam isso com Cachoeirinha, vereadores! Não porque vai ser notícia estadual, mas porque é uma vergonha de quintal, mesmo. Não aumentem o ódio à política que nos trouxe a esse momento no qual muitos adorariam defecar na cadeira de algum poder…
Antecipo, prefeito: aprovado um projeto criando mais vagas na Câmara, queira o senhor ou não, mas restará ao menos suspeito de ser o chefe de uma ‘República de Vereadores’.
Ou, pior: uma ‘Rainha da Inglaterra’.
Ao fim, resta-me hoje o ‘Troféu Jornalista de Taubaté’.
Não só os vereadores vão aprovar o ‘acordão’ e aumentar o número de cadeiras na Câmara, como vão aprovar o projeto do prefeito para criação de quase 100 cargos, com custo de R$ 10 milhões no próximo ano e meio, e que em parte podem ser preenchidos por indicações dos… vereadores!
Permite-me ao menos desconfiar de que Cristian, se não está refém da ‘República de Vereadores’, reina nela – com mais alma de vereador do que de prefeito.