A vereadora Anna Beatriz da Silva (PSD) foi corajosa ao se atirar na frente da bala pelo marido, Dimas Costa (PSD), e, por consequência, do prefeito Luiz Zaffalon (PSDB), ao arrastar consigo, mesmo na oposição, a base do governo na reprovação de moção de repúdio ao aumento do ICMS pelo governador Eduardo Leite (PSDB).
A proposta da moção foi feita pelo presidente da Câmara, Alison Silva (MDB), e é mais um episódio da III Guerra Política de Gravataí: Zaffa x Marco Alba, pós Abílio x Oliveiras e Stasinski x Bordignon.
No dia seguinte à votação de terça, na Acigra, e na próxima segunda, no Sindilojas, a deputada estadual e ex-primeira-dama Patrícia Alba (MDB) é estrela do ‘Diga não ao aumento do ICMS’, movimento das entidades empresariais gravataienses contra o aumento de impostos; leia em Deputada Patrícia Alba é contra aumento no ICMS pelo governo Leite; Os efeitos na III Guerra Política de Gravataí e Patrícia Alba e o ‘Diga não ao aumento do ICMS’ da Acigra; O agridoce da política.
Os vereadores do partido, além da proposição d a moção, votaram a favor, mesmo sendo emedebista o vice-governador Gabriel Souza.
Por que Anna ‘se atira na frente da bala’?
Votar contra abster-se ou fugir do plenário, como fizeram vereadores de Podemos, PSB, PDT e PP, partidos que estão no governo Leite, seria um tiro no marido, Dimas, que com Danrlei de Deus reassumindo o mandato como deputado federal, é hoje secretário de Esportes do Estado.
Independentemente de ser um casal, imaginem a única vereadora e presidente do partido de um secretário de Estado dar um voto contrário ao governador.
Querendo ou não, Anna, ao jogar com o agridoce da política, e despertar a coragem na base do governo para reprovar a moção, também evitou que bala perdida acertasse em Zaffa. Criaria constrangimento junto ao governador a moção ser aprovada, na quarta economia gaúcha, quando se sabe que o prefeito de seu partido tem maioria na Câmara.
Inevitável é aumentar – se não o imposto – a fofoca de uma aproximação entre Zaffa e Dimas, que analisei nos artigos A reunião de 2h entre Zaffa e Dimas e a fofoca interminável em Gravataí e A fofoca interminável: Zaffa e Dimas juntos mais uma vez em inauguração de obra; Os ‘dois prefeitos’ nos elevadores da política de Gravataí.
Após a votação que derrubou a moção, Clebes Mendes (MDB) saudou a presença de Dimas no plenário. Antes, em sua fala, arrancou risos entre os vereadores ao dizer:
– Com o PSD na base do governo não tem para ninguém na eleição do ano que vem!
Ao fim, testemunharemos em 2024 um improvável estreitamento de inimizades entre o vencedor e o segundo colocado na eleição de 2020, Zaffa e Dimas, um ‘MarxDonalds’? Recorro a Millôr, em fala de Carlos, personagem da peça Os órfãos de Jânio (1978):
“História não é nada. O homem vive numa terra de ninguém, entre um passado que já era e um futuro que não vai chegar nunca. Os que pretendem ser guias do futuro, apóstolos, profetas, políticos, são todos magos de feira que apontam à multidão o glorioso caminho do nirvana antes de morrerem com o crânio fraturado por escorregarem em cocô de cachorro”.
Assista ao pronunciamento de Anna na tribuna e, abaixo, siga os votos dos vereadores
OS VOTOS
A favor da moção: Alan Vieira (MDB), Áureo Tedesco (MDB), Claudecir Lemes (MDB), Carlos Fonseca (PSB), Paulo Silveira (PSB) e Mario Peres (PSDB, mas deve se filiar ao PL).
Contra a moção: Anna Beatriz da Silva (PSD), Alex Peixe (PTB), Bombeiro Batista (Republicanos), Fábio Ávila (Republicanos), Demétrio Tafras (PSDB), Clebes Mendes (MDB, mas deve se filiar ao PSDB), Márcia Becker (MDB, mas deve se filiar ao PSDB), Fernando Deadpool (Patriota), Roger Correa (PP)
Abstenção: Dilamar Soares (PDT, mas deve se filiar ao Podemos).
Ausências: Bino Lunardi (PDT, mas deve se filiar ao PSDB), Thiago de Leon (PDT), Cláudio Ávila (União Brasil) e Evandro Coruja (PP).
