3º NEURÔNIO

Bolsonarismo raiz lembra farra do Viagra e acusa ingratidão

Grupos golpistas aliados do ex-presidente se queixam da traição de altas patentes que só receberam mordomias do governo. Compartilhamos o artigo do jornalista Xico Sá, publicado pelo ICL Notícias


A bronca do bolsonarismo raiz com uma parte dos militares de alta patente voltou à baila nos últimos dias — a turma sectária não perdoa coronéis e generais que titubearam na marcha do golpe e, na hora H, pularam fora da aventura planejada pelo ex-presidente.

No submundo das redes da extrema direita (faço incursões por interesse jornalístico), os aliados fundamentalistas ressaltam que Bolsonaro tratou a elite das Forças Armadas com mimos e mordomias e só teria recebido ingratidão no momento decisivo.

“Foram tratados a filé, camarão, vinho e Viagra”, lembram os defensores do ex-presidente em grupos de WhatsApp e Telegram.

A referência à fartura nas compras das Forças Armadas é uma constante. Os bolsonaristas esquecem que a feira luxuosa de coronéis e generais (na ativa ou da reserva) levou o governo federal a ser investigado no TCU (Tribunal de Contas da União). O caso ainda está em andamento.

O banquete pantagruélico da cúpula das Forças Armadas contou com 373 toneladas de picanha, 557 toneladas de filé mignon, 254 toneladas de salmão e 80 mil cervejas especiais, entre outros produtos de primeira linha. O TCU alegou superfaturamento nessas compras de supermercado.

O deputado federal goiano Elias Vaz (PSB) revelou, no ICL Notícias 1ª edição, um novo pacote que incluía um inusitado lote de 35.320 mil comprimidos de Viagra, medicamento para o tratamento da disfunção erétil. Foram 28.320 unidades destinadas à Marinha, 5 mil para o Exército e 2 mil à Aeronáutica.

O jornal inglês The Guardian definiu a gastança como a “farra da virilidade”.

Em novas investigações no portal da Transparência, painel com todas as aquisições de produtos e serviços do governo, o mesmo parlamentar descobriu que as Forças Armadas haviam comprado gel lubrificante íntimo, botox e 60 próteses penianas por R$ 3, 5 milhões. Resultado: todas as aquisições sob suspeita de fraude se juntaram à picanha e cerveja no rol dos itens investigados pelo TCU.

Para o Ministério da Defesa, todas as compras foram feitas dentro da lei e o medicamento à base de sildenafila (Viagra) tem a finalidade de tratar pacientes com hipertensão arterial pulmonar (HAP). O presidente Jair Bolsonaro, que havia se autodefinido como “imbrochável”, aquele que nunca falhou na alcova, defendeu a compra com entusiasmo.

“Eu quero começar com um assunto que tá muito em voga. As Forças Armadas tão apanhando muito de ontem pra hoje por termos comprado Viagra para os hospitais militares. Temos que recordar uns 15 anos atrás, quando estavam pesquisando algo para combater a hipertensão pulmonar, que matava muito. Aí foi descoberto um remédio para isso. Paralelamente, também este mesmo remédio serviu para doenças reumatológicas”, discursou, da forma mais solene possível, o presidente. “E como efeito colateral apareceu aí algo que combatia também a impotência sexual e que depois ficou conhecido como Viagra”.

Médicos especialistas contestaram que o Viagra, nas dosagens adquiridas pelo governo (de 25 e 50 mg) servissem para tratar a hipertensão. A pneumologista Margareth Dalcomo, em entrevista ao portal de notícias G1, destacou que a HAP é uma doença incomum, que depende de diagnóstico relativamente sofisticado e que acomete gente mais jovem, entre 20 e 40 anos, principalmente, mulheres.

O então vice-presidente da República, Hamilton Mourão, não se refugiou em argumentos técnicos.  O general da reserva defendeu abertamente aquisição do remédio para disfunção erétil. “O que são 35 mil comprimidos de Viagra para 110 mil velhinhos que tem? Não é nada”, afirmou. “Então, tem o velhinho aqui. Eu não posso usar o meu Viagra, pô?”

A legião do bolsonarismo raiz dos grupos de Internet lamenta exclusivamente que o ex-presidente tenha mimado militar infiel ao golpe — só a tropa que seguiu nas fileiras antidemocráticas (até o 8 de janeiro de 2023) mereceria as mordomias gastronômicas ou eróticas. Vá entender esse tipo de patriota que segue amotinado nos porões das redes sociais!

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