RAFAEL MARTINELLI

Bordignon é o melhor para a federação partidária do lulismo em Gravataí

Daniel Bordignon governou Gravataí entre 1997 e 2004

O PCdoB, que assumiu nacionalmente a coordenação da Federação Brasil Esperança, que reúne também o PT e o PV, teve conversas com PDT e PSOL na última semana. A pauta foi a eleição para a Prefeitura de Gravataí. Inevitável neste artigo trazer para análise do movimento aquela que reputo a personagem principal: o ex-prefeito Daniel Bordignon (PT).

Antes vamos às informações.

Dos cinco partidos, apenas o PSOL, cujo presidente Renato Link participou da reunião, não lançou candidatura.

O PDT tem como candidato o vereador Thiago De Leon, que é presidente municipal e participou da reunião junto ao vice-presidente José Amaro Hilgert.

Dentro da federação partidária, o PT já apresentou Bordignon, o PV o ex-prefeito Sérgio Stasinski e o PCdoB o médico Felipe Benassuly, presidente do partido.

– Claro que existem divergências, mas na política temos mais coisas que nos unem do que separam. Este movimento que fazemos, chamando os outros partidos para conversar sobre esta unidade, é importante para manter um diálogo permanente do campo progressista e ter uma política comum para retomar a cidade – diz.

O dirigente informou que quinta-feira a federação partidária terá a primeira reunião “para iniciar as discussões sobre o processo eleitoral de 2024”.

Até o fechamento deste artigo, De Leon não retornou contato do Seguinte: para falar sobre a reunião.

Reunião do PCdoB com o PDT de Gravataí


Agora vamos a análise. Para além das platitudes, a Real Politik.

Se o movimento tem qualquer objetivo diferente de formar uma coligação para hoje suportar a candidatura de Bordignon, reputo um erro.

É a ‘ideologia dos números’. No caso, ideologia com números.

Fato é que Dimas Costa (PSD), secretário adjunto dos Esportes do governo Eduardo Leite (PSDB), que foi segundo colocado na eleição de 2020, está mais perto de ser deputado estadual e apoiar a reeleição de Luiz Zaffalon (PSDB) do que concorrer neste 2024.

É Bordignon o candidato com maior densidade eleitoral, o melhor colocado nas pesquisas, no ‘campo lulista’.

Porém, já identifiquei dentro da Federação um movimento para construir a narrativa de que o ex-prefeito não tem condições políticas para ‘unir as esquerdas’.

Leia em PV lança Stasinski candidato à Prefeitura de Gravataí; A II Guerra Política ressuscitada e Bordignon sob as sombra das flechas e PCdoB lança Benassuly à Prefeitura de Gravataí; A perigosa narrativa política sobre Bordignon e a incógnita Dimas.

No último artigo, escrevi:

“(…)

O lançamento de candidatura pelos comunistas, e a entrevista de Benassuly, reforçam minha análise de que há, na Federação, a aposta em uma – perigosa – narrativa de que Bordignon não tem condições políticas nem de unir a esquerda, muito menos de ser fiador de uma aliança mais ampla na eleição de 2024.

Por que perigosa?

Porque hoje, na Federação, é Bordignon quem tem votos. A última eleição que disputou, venceu. Em 2016 só não assumiu como prefeito devido à suspensão de seus direitos políticos pelo STJ.

Vale para a Federação o mesmo que escrevi lá em agosto de 2021, em A volta de Bordignon é a melhor coisa para o PT de Gravataí, quando o PT de Gravataí não quis aceitar a volta do ex-prefeito, que precisou apelar para a direção estadual, onde foi refiliado por um voto.

Acontece que uma aliança com Dimas, que pode ser a aposta de PCdoB e PV, depende do secretário-adjunto de Eduardo Leite manter a candidatura à Prefeitura – o que, para fazer justiça, reafirma sempre; leia em Dimas saiu da casa de Kassab candidatíssimo a prefeito de Gravataí; A nota sem senão e a ‘fofoca interminável’.

Mas, e se o governador, precisando de votos para aprovar o aumento no ICMS, ou para atender pedido de Luiz Zaffalon, prefeito de seu PSDB, seduzir Dimas oferecendo uma vaga como deputado estadual (ele é primeiro suplente) ou como secretário de Estado titular?

Inegável é que resta Bordignon em seu calvário, quando não jurídico (hoje não tem mais impedimentos legais), político. Vai para mais uma eleição onde a única sombra que experimenta é sob as flechas”.

(…)”

Concluindo hoje, pragmaticamente: se a ideia da esquerda é realmente tentar vencer a eleição, Bordignon livre leve e solto para concorrer à Prefeitura é a melhor coisa que aconteceu para a federação partidária.

Se atrair PDT e PSOL, e mais o PSB do vereador Paulo Silveira, seria a ideologia com números.

Dimas resta cada vez mais um sonho de uma noite de verão.

Hoje, resta-me a percepção de que não é isso que está acontecendo do lado canhoto da ferradura ideológica. Há, no rol de partidos envolvidos nas conversas, a desconfiança de políticos de que, eleito, Bordignon os destruiria devido a desavenças do passado. E contas políticas, como o golpeachment contra prefeita Rita Sanco em 2011, seriam então cobrados.

Ao fim, também divididos, Marco Alba (MDB) e Luiz Zaffalon (PSDB) – se é que não incentivam – agradecem o ‘lulismo’ fragmentado.

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