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Bordignon, entre a injustiça e os 97 anos

Bordignon ao lado da esposa Rosane, da filha Danielle (D) e da enteada Nyaya (E)

Ainda sem prefeito eleito, 21 vereadores receberam os diplomas da Justiça Eleitoral, em cerimônia na Câmara. Acompanhe durante todo o dia a cobertura do Seguinte: para a diplomação, que encerrou há pouco, com discursos, fotos de todos os eleitos e muitos bastidores

 

Sorridente e cumprimentando quase todos os presentes na diplomação, a feição de Daniel Bordignon (PDT) só mudou ao falar com o Seguinte: sobre a anulação da eleição que, nas urnas, venceu com 45.374 votos e lhe alçaria ao terceiro mandato como prefeito de Gravataí.

– Foi uma injustiça – resumiu, balançando a cabeça e, por instantes, com o olhar no horizonte antes de subir o tom para denunciar uma suposta manobra dos adversários para tirá-lo mais uma vez da eleição.

– O que aconteceu foi inusitado na história do judiciário. Um ministro, em uma decisão direcionada e com caráter retroativo, impediu a posse de um prefeito eleito nas urnas – lamentou, lembrando a decisão de Napoleão Filho, ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), proferida sete horas após a validação dos votos pelo TSE, e que decretou o trânsito em julgado da condenação por improbidade administrativa na contratação de mais de mil funcionários na Prefeitura, fixando a pena de cinco anos de suspensão de direitos políticos em 29 de setembro de 2015.

– Como assim, decretar a suspensão dos direitos políticos um ano e meio depois? – questionou, franzindo as sobrancelhas e falando em uma “conspiração do PMDB em Brasília”.

 

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Bordignon lembrou as impugnações de 2008 e 2012, onde na primeira foi absolvido pelo Tribunal de Contas da União (TCU), e na segunda obteve autorização do TSE, para concorrer a deputado estadual em 2014, desconsiderando o enquadramento como ‘ficha suja’ por não haver dano ao erário nas contratações emergenciais que, apesar de aprovadas pela Câmara, levaram à condenação.

– Dois mandatos foram ilegalmente retirados daquele que o povo queria na Prefeitura – desabafou, já sinalizando para a linha de campanha da esposa Rosane, vereadora diplomada nesta segunda e já lançada como candidata a prefeita.

– Será a justiça do povo!

Para Bordignon, a eleição em Gravataí será uma representação da disputa nacional:

– É uma disputa de nação. Só nós somos oposição ao governo Temer – observa, se referindo às candidaturas colocadas do prefeito Marco Alba (PMDB) e de Anabel Lorenzi (PSB).

Bordignon evoca para a aldeia as históricas perseguições aos mitos trabalhistas de Getúlio Vargas e Leonel Brizola.

– Tentaram banir Brizola da política. 1964 foi um golpe preventivo contra as forças populares, porque Brizola seria presidente.

– Antes, Carlos Lacerda já tinha cometido a funesta sentença contra Getúlio, que traduz bem nosso momento – lembrou, citando a frase que o jornalista e político publicou na Tribuna da Imprensa em 1º de junho de 1950, convocando para que Getúlio “senador, não deve ser candidato à Presidência; candidato, não deve ser eleito; eleito, não deve tomar posse; e empossado, devemos recorrer à revolução para impedi-lo de governar”.

Abraçado pela dona de creche Dorinha Castilhos, que pediu ao Seguinte: para escrever na reportagem que Bordignon “não precisa de diploma para ser o prefeito do povo”, o ex-prefeito despediu-se citando o estadista britânico Winston Churchill:

– Agora, isto não é o fim. Nem sequer é o começo do fim. Mas é, talvez, o fim do começo.

E saiu cumprimentando fãs e, com o dedo indicador levantado, avisando entre sorrisos:

– Tenho 57 anos e pretendo viver até os 97.

Com os direitos políticos suspensos por cinco anos a contar de 29 de setembro de 2015, Bordignon não poderá disputar as próximas eleições para deputado, em 2018, nem a prefeito, em 2020, porque no encerramento da pena já terá sido ultrapassado o período de registro das candidaturas à Prefeitura.

Mas, em 2022, nas eleições gerais, terá 64 anos.

 

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