BLOG DO RODRIGO BECKER

CANOAS | A base de JJ e os ’18 do Forte’; Márcio Freitas dentro, Leandrinho fora

Depois da virada de mesa que resultou no arquivamento do impeachment do vice, base do governo se consolida com 18 de 21 vereadores, com cara de que até poderia ser mais

Sem alarde, Mário Cardoso deu a missão por encerrada.

A base do governo Jairo Jorge na Câmara de Canoas chega a setembro com 18 dos 21 vereadores numa coalisão de cinco partidos e uma federação que deve representar o que venho chamando de ‘grupo hegemônico’ nas urnas, formado a partir da aliança de JJ com Luiz Carlos Busato, impensável em 2020 e improvável em 2022, mas uma realidade para 2024. São 18, mas poderia ser até mais: Leandrinho, por exemplo; é do PSD de Jairo, mas está fora dos planos – ao menos por enquanto.

Também estão fora Juares Hoy (PTB) e Abmael Oliveira (Solidariedade).

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Na base, por partido, estão: Jefferso Otto e Pateta, do PSD; Airton Souza, Link e Cezar Mossini, do MDB; Aloísio Bamberg e José Carlos Patrício, do PP; Pastor Duarte, do Republicanos; Maria Eunice e Emílio Neto, do PT. Cris Moraes, da Federação PT/PV, completa a lista.

Avulsos – e por ‘avulsos’ entenda-se os que fazem parte da base não por uma trativa do partido, mas por iniciativa individual -, estão: Gilson Oliveira, do Avante; Alexandre Gonçalves, do PDT; Jonas Dalagna, do Novo; Adriano Agitasamba, do PL; Eric Douglas, do PTB; Laércio Fernandes, do Podemos; e Márcio Freitas, também Avante.

Dois ‘com passado’ e um que o destino resolveu

Maria Eunice, Mossini e Márcio Freitas merecem considerações à parte neste post sobre a nova base de JJ. Mas, primeiro, o curioso caso em que o destino resolveu por si, a favor do paço: Jurandir Maciel, do PTB. o ex-vice de Marcos Ronchetti teria engrossado as fileiras da oposição não fosse a decisão do ministro do Tribunal Superior Eleitoral, o TSE, Raúl Araújo, publicada ainda na sexta, 24. Ele ‘cassou a cassação’ de Laércio Fernandes por infidelidade partidária e mandou que o médico retomasse a função na Câmara, recolocando Jurandir na primeira suplência. Com isso, o governo ganhou mais um e a oposição, emagreceu.

Sobre Maria Eunice, importante mencionar que ela não havia se desentendido com o governo. Em um encontro de vereadores da base antes sessão de julgamento do impeachment do vice-prefeito, Nedy de Vargas Marques, ela não compareceu – deixando dúvidas sobre a postura que adotaria quando fosse decidir o futuro de Nedy. A justificativa foi que estava participando de uma atividade com o presidente Lula, em Viamão, mesmo dia. Eunice, no entanto, havia manifestado desconforto em votar a favor de uma ‘cassação sem crime’ a exemplo do que sofrera a ex-presidente Dilma Rousseff, mulher como ela. E, no pano de fundo, a estratégia parecia casar com o desejo de Maria Eunice em disputar a prefeitura em 2024 pelo PT – o que a amarração com JJ e o grupo hegemônico parece deixar mais distante.

O assunto, no entanto, foi superado. A parceria com JJ segue em pé e o partido ainda fará uma nova rodada de discussão sobre as condições de uma candidatura própria em Canoas, que não está sumariamente descartada, nem afirmativamente resolvida. Como o PT faz parte de uma federação integrada ainda pelo PV e pelo PCdoB, o diálogo com os aliados terá peso na decisão sobre 2024.

A dificuldade com Mossini, por sua vez, vinha do fato de que o vereador foi o líder do governo Nedy até o retorno de JJ, no final de março. E na hecatombe em que a base ruiu durante o fatídico dia em que o impeachmente de Nedy foi arquivado, Mossini estava do lado do vice.

A essa altura, o MDB parecia uma ‘federação de três’ vereadores, cada um falando por si. Depois de algumas rodadas de conversas, a paz foi selada entre Mossini e o governo – inclusive com a retomada de espaços políticos da base de apoio do vereador no governo.

Márcio Freitas é o vereador mais votado da atual legislatura. Foto: Reprodução Redes Sociais

Márcio Freitas e o ‘bom problema’

Márcio Freitas é um caso à parte. O vereador mais votado de 2020 e candidato com mais votos em Canoas da eleição para a Assembleia em 2022 vem se colocando nos bastidores como o ‘prefeiturável’ da vez. No episódio do impeachment de Nedy, foi o articulador do requerimento que enterrou a cassação do vice. De quebra, foi dado como líder de um grupo de pelo menos três vereadores, a saber: Leandrinho, do PSD, Adriano Agitasamba, do PL, e ele próprio. Essa ascendência sobre os colegas foi determinante para garantir a maioria que virou o jogo no impeachment, mas teve consequências.

O episódio irritou a cúpula política do governo que, ainda na noite de 6 de julho, demitiu ocupantes dos espaços políticos indicados por Márcio no governo.

A pacificação veio a partir do entendimento de que Márcio não é exatamente um interlocutor de Nedy na Câmara, mas uma peça importante no balanço de forças que se vê no Legislativo pós-impeachment. Importante pela ascendência com os colegas, mas também pelo papel que pode desempenhar em 2024 e 2026, quando pretende disputar novamente uma cadeira na Assembleia. Na sexta-feira, 24, governo e Márcio se entenderam. Seu irmão, Rogério Freitas, que foi secretário durante parte da gestão Nedy, foi nomeado nesta segunda, 28, para a função de secretário adjunto de Serviços Urbanos, selando a parceria.

Márcio não está dispensado de seus planos políticos, advirto; mas me parece natural pensar que a aliança com o governo determina outro caminho para o campeão de votos de 2020: a escolha de um partido da base para o pit stop rumo às urnas de 2024. Depois da turbulência com o impeachment, construir uma alternativa política para Márcio é quase um ‘bom problema’ para o núcleo político do governo desatar.

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