Prefeito defende novo modal que colocaria Canoas na vanguarda do transporte urbano no país
Hugo Simões Lagranha foi um político conhecido por muitas façanhas, mas pouco por defender um eventual rebaixamento dos trilhos do Trensurb, obra que já mobilizou parte da força ativa da cidade e tem projeto executivo pronto na Prefeitura – feito por Jairo Jorge, aliás. Lá por volta de 1998, 1999, quando foi prefeito de Canoas pela última vez, perguntado sobre o que achava da ideia de 'enterrar o trem' na passagem pelo Centro de Canoas, Lagranha cometeu um 'sincericídio' que diz mais sobre si mesmo do que sobre a obra em questão:
– Viável é, só não sei se a gente vai ter dinheiro.
Se a história é verdadeira ou não, não posso confirmar – mas me parece apropriada contá-la agora, quando outro projeto de extrema envergadura volta às mesas da Prefeitura como uma solução para o transporte e mobilidade na cidade: o aeromóvel. Em Brasília na segunda-feira, 7, o prefeito Jairo Jorge colocou a questão da mobilidade ao Ministério do Desenvolvimento Regional, que pode ajudar com recursos ou com interessados em uma eventual PPP. O transporte é tido hoje como um nó à retomada econômica: em Canoas, se tudo voltasse ao normal, a Sogal remaria para levar trabalhadores e estudantes ao seu destino. E recurso público para por no caixa da empresa, convenhamos, revolta mais do que ajuda.
Um modelo de transporte criado há quase meio século não atende às necessidades da população de hoje. As pessoas de 2021 convergem – não 'se deslocam'. O trabalho é remoto, multiponto, há novas zonas de interesse na cidade do que a casa e o trabalho, como em mil-e-novecentos-e-antigamente. E os ônibus: Bom, a mim parecem mais atrativos nos fóruns de antigomobilismo do que na nossa nova vida prática.
Nesse contexto, o aeromóvel surge como uma inovadora solução. Polui quase nada se comparado aos motores que queimam diesel o dia inteiro rua acima e rua abaixo pela cidade, emprega alta tecnologia – o que agraga valor e inteligência ao sistema – e, se sair inteiro do papel, daria a Canoas a pioneira oportunidade de um transporte de massas que não depende de rua asfaltada, nem de sinaleiras ou do para-e-arranca dos congestionamentos de costume.
O problema, como diria Lagranha – ou deveria ter dito -, é que é caro. Para se fazer 18km de trilhos suspensos e 24 estações, estima-se um gasto de R$ 1,7 bilhão. Esse dinheiro, Canoas sozinha não tem. A ideia do governo é viabilizar uma PPP para o empreendimento, buscando parceiros privados que queiram investir em um sistema novo que promete baixo custo e possa transportar até 82 mil passageiros por dia, segundo cálculos da Prefeitura.
É isso que JJ foi viabilizar em Brasília: a busca de parceiros para a empreitada.
Um projeto dessa envergadura, em geral, atrai interessados de fora do país. Elementos como compensação de carbono e cidades inteligentes costumam atrair dinheiro internacional, mas somente se forem viáveis do ponto de vista econômico. Demonstrar isso é o objetivo do Grupo de Trabalho que a prefeitura prpoôs que fosse montado no Ministério do Desenvolvimento Regional.
O aeromóvel pode dar certo, por fim – mas hoje é ainda algo que parece distante do alcance das pessoas. O passo dado na capital federal esta semana, no futuro, nos dirá se os críticos do projeto estavam certos ou se foram céticos demais diante de uma revolucionária ideia.
Ah, e temos mais uma novidade para contar: após o 'ok' do governo federal, a empresa que administra o Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, decidiu implementar um 'people mover' que ligará o terminal à estação do metrô em uma linha de 2,6km. Segundo a jornalista Marta Sfredo, do GZH, a concessionária já teria batido o martelo e optado pelo Aeromovel, que apresentou menor preço na fase de avaliação ténica e por apresentar tecnologia desenvolvida no Brasil.
As obras começam em janeiro do ano que vem. A seguir, a imagem do projeto que venceu a concorrência em São Paulo: