BLOG DO RODRIGO BECKER

CANOAS | A nova ‘fotografia’ da Câmara: como está o ‘fica ou sai’ dos vereadores na véspera da janela do troca troca

Dança das cadeiras: abertura da janela para que vereadores troquem de partido movimenta a política a partir desta quinta, 7. Foto: Arquivo RB

Blog traz as últimas especulações sobre a movimentação dos vereadores entre os partidos que deve mexer com quase a metade da Câmara

A depender do que vem sendo especulado até esta quarta-feira, 6, as bancadas eleitas em 2020 terão uma grande mudança para 2024. 

A janela para que vereadores com mandato troquem de partido e participem das eleições de outubro se inicia nesta quinta, 7; o último dia para comunicar à Justiça Eleitoral sobre troca de partido será em 5 de abril. O final da janela costuma ser mais agitado e movimento do que a abertura, mas numa cidade que viu o governo cair e levantar tantas vezes, prefeito que entra, sai e volta de novo, prefeito interino, livro sumido e posse fora de época, é bem provável que as escolhas da janela restem antecipadas.

Ao fim deste período que tem todos os elementos para ebulição e explosão, virá a ‘paz’: um quadro eleitoral mais definido, uma base de apoio ao paço mais consolidada e uma oposição com contornos mais delineados.

Olha o PP, por exemplo. O partido vive uma crise entre o presidente municipal, Marcos Daniel — agora secretário de Relações Institucionais —, e os vereadores José Carlos Patricio e Aloísio Bamberg. A filiação do prefeito em exercício Nedy de Vargas Marques já dada como certa atiça os progressistas à vitrine. Perde Patrício e Bamberg logo no início da janela, mas recebe Jonas Dalagna, eleito pelo Novo, e possivelmente Juares Hoy, egresso do extinto PTB.

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Já o PTB que viveu dias de superpotência em 2020, chega extinto a 2024. Eric Douglas, que hoje está no grupo de oposição e segue ao lado de Jairo Jorge, está praticamente acertado com o União Brasil. Laércio Fernandes já havia trocado o PTB pelo Podemos em 2021 e Juares Hoy, o atual líder do governo, não tem clima para permanecer na mesma sala que a presidente do sucessão do partido, o PRD, Simone Sabin — que dirá na mesma sigla. 

Outro partido que sumirá da Câmara é o Novo, com Jonas se encaminhado para o PP ou não. O vereador viu a rusga que a estadual criou com ele virar um processo de expulsão que acabou revertido em justa causa na Justiça — o que lhe deu o direito que trocar de legenda sem a perda do mandato. Jonas deve ser o primeiro a anunciar a troca, mas se preocupa com o rumo que o partido tomará com chegada de Nedy e aliados que pretendem concorrer pela sigla.

O partido de Busato vai estrear bancada

Se alguns serão extintos, um nascerá. O União Brasil, de Luiz Carlos Busato, nem existia em 2020 e deve fechar o ano com pelo menos dois vereadores – quem sabe, até três. Eric foi convidado e negocia a filiação. Antes dele Juares também foi. A novidade é a recente aproximação com Jonas Dalagna e Alexandre Gonçalves, que está no PDT.

A ser levada em conta a proximidade de Busato com Jairo Jorge, o partido pode receber parlamentares aliados para dividir com o PSD a liderança da corrida pela eleição de outubro.

O caminho de cada um: quem ‘fica’ e quem ‘sai’

Aloísio Bamberg (PP) – nas especulações de bastidores, é dado como certo que troca de partido nesta janela. Está em rota de colisão com o presidente municipal, Marcos Daniel, e não participa do governo Nedy — o entrante da vez no PP. Hoje, está no campo político que apoia Jairo Jorge e foi cotado no Avante do recém nomeado presidente estadual Mário Cardoso.

Alexandre Gonçalves (PDT) – tem convite do União Brasil, mas mantém boas relações com a direção estadual do PDT e pode ficar por lá. É considerado um dos ‘fiéis da balança’ para consolidação tanto do bloco de oposição quanto do de apoio a Nedy. Tendência, no entanto, é de que permaneça com JJ e Busato.

Adriano Agitasamba (PL) – tem aval da direção estadual para ficar no PL, apesar de não ser um bolsonarista. Adriano já concorreu pelo Solidariedade e teve convite para se filiar ao PCdoB, mas acabou barrado por uma discussão na federação, que envolve ainda o PV e o PT. É aliado de Márcio Freitas e não se pode descartar que encerre fileiras com ele num partido único. Se sair, é bem-vindo no MDB. Outra opção é o PSDB ou Cidadania — mas essa costura complicou com a recusa do partido em dar um ‘ok’ à filiação de Márcio Freitas e seu plano já bem consolidado de disputar a eleição como candidato a vice de Nedy.

Abmael Oliveira (Solidariedade) – de certeza, não fica. Evangélico e conservador, sua vontade é engrossar fileiras no PL. A presença de Felipe Martini por lá, no entanto, atrapalha as coisas. É aliado de Nedy e também pode migrar para o partido do prefeito em exercício — o PP, no caso — se enxergar chances de se eleger por lá. Caso contrário, escolhe um partido de alinhamento com o bolsonarismo que prega. Tem convite de Nedy para ir para o PP.

Alexandre Duarte (Republicanos) – fica no partido: vai ser candidato à reeleição.

Airton Souza (MDB) – sua inclinação é ingressar no PL e apostar na identificação bolsonarista de seu eleitorado, mas já teve conversas inclusive com o PSDB. Mantém sobre a mesa os planos de disputar a Prefeitura em outubro. De certa forma, essa expectativa é alimentada por setores do PL que conspiram por uma virada de mesa contra Felipe Martini. Caso a construção da majoritária naufrague em querelas internas, pode compor uma chapa majoritária em aliança com outro candidato ou mesmo disputar a reeleição à Câmara — mas parece decido a deixar o MDB. 

Cézar Mossini (MDB) – fica no MDB e concorre à reeleição. Vinha alimentando o desejo de disputar o governo pela primeira vez em 2024, mas percebeu que o caminho está ‘congestionado’ de candidaturas com o posicionamento de Jairo Jorge e a cada vez mais crescente disposição de Nedy. 

Cris Moraes (PV) – fica e concorre à reeleição. Cresceu bastante de tamanho político depois da interinidade de 22 dias à frente do governo entre o afastamento de JJ e a assunção definitiva de Nedy. Dentro da federação partidária, composta por PT, PV e PCdoB, apresenta o nome para uma eventual composição de chapa com Jairo, como vice. A reeleição como vereador, no entanto, é a estratégica com que trabalho no momento.

Emílio Neto (PT) – fica no PT e, hoje, é o nome que mais trabalha para que o partido esteja desde o primeiro momento com Jairo Jorge na eleição. Já manifestou o interesse de ser o vice do prefeito e se coloca como o principal defensor de JJ na Câmara desde 2022. O PT, no entanto, não superou ainda a discussão sobre uma candidatura própria, há resistências sobre apoio a Jairo e uma grande ‘barreira’ externa a transpor: Luiz Carlos Busato, no União Brasil, é quem deve indicar o nome de vice na chapa de Jairo em outubro.

Eracildo Link (MDB) – não fica no MDB. Tem convite e conversas adiantadas com o Republicanos. Concorre à reeleição.

Eric Douglas (PTB) – filiado a um partido que já não existe mais, Eric é disputado com elemento que pode consolidar tanto a base de governo de Nedy quanto a que apoia JJ. Tem um convite bem alinhado do União Brasil, mas há outras possibilidades, como o PSB e até o PSD. Já o grupo político pró-Nedy gostaria de vê-lo no MDB.

Gilson Oliveira (Avante) – único vereador eleito pelo Avante em 2020, não fica no partido para 2024. Aliado de Nedy, está trazendo para Canoas o Democracia Cristã, o DC. O partido é identificado com a centro-direita e Gilson aposta que conseguirá formar uma nominata competitiva que o reeleja para a Câmara em outubro.

Jefferson Otto (PSD) – não sai e concorre à reeleição.

Jozir Bernardes, o Patetta (PSD) – fica no PSD e concorre à reeleição.

Juares Hoy (PTB) – filiado ao extinto PTB e desafeto público da presidente do Partido da Renovação Democrática, o PRD, Simone Sabin, não tem a menor chance de permanecer por lá. Bolsonarista de carteirinha, pretendia o PL — o que está inviabilizado pela presença de Felipe Martini. A amizade de longa data com Luiz Carlos Busato lhe rendeu um convite, ainda de pé, para unir-se ao União Brasil — mas aí é a proximidade com Jairo Jorge que o inibe. O PP está em seu radar e tem o MDB como ‘plano B’. 

José Carlos Patrício (PP) – não fica no PP especialmente depois que a notícia do namoro do partido com Nedy ganhou às ruas. Tem conversas adiantadas com PSDB, para onde levaria, também, o colega de bancada Aloísio Bamberg. Não descarta uma candidatura majoritária, mas seus planos imediatos são uma reeleição para vereador. Tem convite do PSD de Jairo Jorge e do União Brasil, de Busato.

Jonas Dalagna (Novo) – de todos os vereadores, é o único que tem autorização da Justiça para trocar de partido antes da janela de março. Jonas e o Novo trocaram farpas no ano passado depois que o partido o acusou injustamente de rachadinha. Um dirigente estadual do partido o expôs e, ao não ser provado nada, o vereador ganhou judicialmente o direito de sair da sigla por perseguição. É tratado como nome certo no PP, mas o caminho para sua reeleição no partido o preocupa. Tem sondagem preliminar do União Brasil.

Laércio Fernandes (Podemos) – Deixou o PTB ainda em 2021 e respondeu um longo processo por infidelidade partidária que, ano passado, lhe tirou do mandato por quase um mês. Teve todo apoio do Podemos e, por isso, mantém gratidão pelo partido — e gostaria de concorrer por ele à reeleição em outubro. A falta de uma nominata, no entanto, preocupa. Pode acabar em outra sigla caso não componha com um candidato a prefeito que lhe ajude na tarefa da montagem do partido para a eleição. Por enquanto, segue com JJ e Busato, que já lhe prometeram empenho na composição da nominata.

Leandrinho (PSD) – Vem sendo especulado como reforço do PDT e do MDB, mas nada certo, por enquanto. No ano passado, Leandrinho se afastou de Jairo Jorge durante as discussões do soterrado impeachment de Nedy. Compôs um grupo político com Márcio Freitas e Adriano Agitasamba para impor pautas ao governo conjuntamente e, agora, pode seguir o caminho de Márcio — no PSDB ou em um partido alternativo. Uma reconciliação com JJ, embora não possa ser descartada, é altamente improvável.

Márcio Freitas (PDT) – é o caso mais emblemático da janela. Foi eleito pelo PDT em 2020 o mais votado da cidade, mas o trocou pelo Avante em 2022 para tentar uma eleição à Assembleia. Processado por infidelidade, voltou ao PDT e ainda mantém planos de permanecer. A crise interna por conta do julgamento da ação em que manteve o mandato, no final de fevereiro, parece fechar portas para Márcio entre os trabalhistas. Gostaria de encabeçar o PSDB na cidade, mas o partido é federado com o Cidadania, que rejeitou uma filiação de Márcio recentemente e teria por lá garantias de ser indicado candidato a vice de Nedy, como pretende. Está fardado, inclusive, para assumir a condição de candidato caso o prefeito em exercício opte por não estar na eleição.

Ao longo da semana, outras opções podem aparecer para Márcio Freitas. Uma delas seria a filiação ao PRD de Simone Sabin. Por lá, poderia disputar a eleição que quisesse e formar uma nominata que acomodasse tanto Adriano Agitasamba quanto Leandrinho, seus parceiros mais leais.

Uma filiação ao MDB também não pode ser descartada.

Márcio Freitas, ao lado de Nedy (c) e a primeira-dama Sádia, é o mais cotado para disputar a eleição como vice na chapa do governo. Foto: Divulgação

Maria Eunice (PT) – Segue no PT. Desde meados de 2023, cogita uma candidatura à prefeitura. É suplente de deputada federal e a presença na disputa majoritária é tida como favorável à tentativa de chegar ao Congresso Nacional em 2026. Caso o PT apoie Jairo Jorge, concorre a reeleição.

Suplentes imediatos

Jurandir Maciel (PTB) – Depois de 2020, foi e voltou ao União Brasil, onde mantinha forte ligação com Luiz Carlos Busato. Ao ser convidado por Nedy para assumir a Secretaria da Saúde, no entanto, a relação hibernou. Pode recompor, mas é mais provável que siga com Nedy. Seu filho, Ricardo, está indo para o DC de Gilson Oliveira — o que pode indicar o próximo passo do pai. Em conversa com o blog, Jurandir disse que pretende permanecer no governo mesmo que, para isso, não possa disputar a eleição para vereador.

Betinho do Cartório e Sargento Santana (PSD) – os dois são suplentes do extinto PTB, mas já se filiaram ao PSD de Jairo Jorge. Concorrem para voltar a Câmara em outubro numa das nominatas que deve ser a mais concorrida do pleito.

Juliano Furquim (PDT) – Suplente que entrou com a ação para reaver o mandato de Márcio Freitas tem conversas adiantadas com o União Brasil de Luiz Carlos Busato, para onde o sogro, Dario Silveira, já migrou. Especula-se que mude seu domicílio eleitoral para Nova Santa Rita e concorrer por lá — o que indicaria, também, que Dario será candidato à Câmara pelo União Brasil.

Marcinho (MDB) – não deve ficar no partido em que é suplente pela segunda legislatura consecutiva. Para onde for, leva um grupo político expressivo. É disputado pelo Podemos e até pelo Solidariedade, do campo político de JJ, e pelo PP, de Nedy.

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