Por enquanto, tem

CANOAS | Como foi a conversa que parou a greve – e até quando os ônibus estão garantidos nas ruas

Com suspensão negociada, ônibus não chegaram a parar esta semana - mas o clima de greve segue no ar. Foto: Divulgação/Metroplan

Reunião na sexta suspendeu paralisação, mas estado de greve continua até que acordos com rodoviários sejam cumpridos

Na quinta-feira à tarde, toda a região metropolitana da Capital entrou em compasso de espera com a informação divulgada pelo Sindicato dos Rodoviários Metropolitanos de que nesta segunda, 9, não teríamos ônibus intermunicipais circulando em cidades como Canoas, Gravataí, Cachoeirinha, Nova Santa Rita, Alvorada, Glorinha e Viamão. Trabalhadores ligados às empresas que operam nessas cidades se queixam que não receberam conforme o acordo acertado na Justiça em dezembro do ano passado que prometia para julho a quitação das férias e a retomada o vale-alimentação integral, cortado pela metade desse maio do ano passado em razão da pandemia.

 

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Ainda na quinta, o governo do Estado agiu. Chamou um encontro para sexta com o SindMetropolitano, que representa os rodoviários, e a Associação dos Transportadores de Passageiros, a ATP, que representa os empresários. O gesto garantiu a suspensão do movimento. Na segunda-feira, os ônibus foram às ruas normalmente – e seguem hoje, sem incidentes.

Mas não se engane: o impasse e a tensão permanecem no ar.

Segundo o secretário de Articulação com os Municípios, Luiz Carlos Busato, a quem está subordinada a Metroplan e o Sistema Metropolitano de Transporte, na reunião de sexta houve a compreensão de que um acordo pode ser construído com no base no diálogo e que, para isso, gestos de boa vontade são necessários. "Conseguimos garantir que as empresas depositassem, ainda na sexta, o salário integral dos trabalhadores e pedimos um adiamento por tempo indeterminado da paralisação para que o Estado pudesse propor uma alternativa", explica.

Um Grupo de Trabalho foi criado está se reunindo todos os dias para tratar de soluções. Um subsídio que alivie o rombo das perdas das empresas nesses quase 18 meses de pandemia é o tema na ordem do dia. A saída que parece simples, porém, tem implicações e dificuldades. "O governo está trabalhando para superar incertezas jurídicas", conta Busato.

"A maioria das concessões do transporte metropolitano são antigas. Há questionamentos, inclusive, se elas estão em vigor ou não. Então o governo não pode simplesmente aportar recursos diretamente", detalha o secretário. "A Secretaria da Fazenda e a Procuradoria-Geral do Estado estão trabalhando nisso e vão trazer à discussão um parecer tão logo esse estudo seja concluído".

Ainda no ano passado, a Metroplan fez um amplo estudo dos impactos da pandemia nas roletas da região metropolitana. Ao longo do ano, estima-se que o Sistema de Transporte tenha operado com um prejuízo na casa dos R$ 100 milhões. Vicasa, Soul, Transcal, Viamão e Sogil, as empresas que operam as linhas de ônibus na região, dizem que o valor é ainda maior. Especialmente porque em 2021 o valor dos insumos do sistema, como o diesel, por exemplo, aumentou a galopes.

O governo gaúcho chegou a acenar em janeiro com um incremento na ordem de R$ 86 milhões para aliviar o caixa das empresas por conta da pandemia – mas esbarrou na mesma questão jurídica que está sendo discutida agora. Em março, quando Busato assumiu a Articulação com os Municípios, a ideia já havia 'subido no telhado' na burocracia da Metroplan.

"Tudo que pode ser feito tecnicamente para diminuir o impacto dos prejuízos, fizemos", adianta Busato. "Agora estamos buscando essa alternativa que, adianto, não é tão simples".

Com subsídio ou não, rodoviários aguardam para esta semana um solução ao impasse ou o movimento de greve volta a ganhar força. Politicamente, o Piratini prefere não ter que agir sob os efeitos de uma fila de ônibus parados nos corredores de Porto Alegre mas, hoje, ainda não consegue dar certeza sobre o socorro ao sistema de transporte. Enquanto a chaleira ferve, aumenta a incerteza de quem depende de ônibus para ir ao trabalho todos os dias, divididos entre a obrigação de ir e vir e a empatia com o motorista e o cobrador que também sofrem os efeitos da crise.

Aliás, em se tratando de crise no transporte, Canoas sabe bem como é.

 

 

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