BLOG DO RODRIGO BECKER

CANOAS | Cris Moraes, o ‘reacordo’ e o ‘Dia do Fico’ que expressa o momento

Cris Moraes, do PV, segue na presidência da Câmara respaldado por maioria. Foto: Bruna Ourique/CMC

Presidente não renuncia e Câmara manterá mesa diretora para 2024: há um motivo político para mudança no acordo do feito na paz em tempos de guerra

Cris Moraes (PV) segue no comando da Câmara de Canoas.

Na última sessão do ano, feita na manhã desta quarta-feira, 27, o presidente comunicou os demais vereadores que não irá entregar a renúncia combinada em acordo político formalizado lá em 2021. Cris tem suas razões – e maioria política para isso.

Lembrando: o acordo que elegeu Cris para presidência foi firmado em ‘tempos de paz’, no finalzinho de dezembro de 2021. Com Jairo Jorge eleito e Nedy de Vargas Marques como vice, a base do novo governo havia reunido 12 dos 21 vereadores para garantir o protagonismo na eleição da Mesa da Câmara. Márcio Freitas, então no PDT, foi o primeiro eleito pelo acordo. Depois dele, Eracildo Link (MDB) e, finalmente, Cris Moraes, em dezembro de 2022 – em uma sessão em que o tal acordo tão falado agora quase restou enterrado.

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No final de 2022, Jairo estava afastado do governo e já rompido com Nedy. O advogado Marcelo Fontella havia apresentado um pedido para formação de uma comissão processante contra JJ o que poderia levar à um processo de impeachment do prefeito. As discussões sobre o caso e a eleição da mesa recaíram à mesma época: o pós-Natal de 2022.

Naqueles dias, o grupo político que se aproximava do paço e defendida o impeachment de JJ queria romper o acordo para eleger um vereador mais ‘cascudo’ para a presidência. Em outras palavras, alguém que levasse adiante os planos da cassação. A escolha seria a do vereador Alexandre Gonçalves (PDT), que acabou indo para a disputa do voto com Cris Moraes. A eleição foi vencida por 12 a 9 a favor do acordo e Cris foi eleito para um mandato de dois anos que, oficialmente, só se encerra no final do ano que vem.

Nedy não defendia abertamente o impeachment de Jairo em dezembro do ano passado e, perguntado, disse ao blog que estava do lado da palavra empenhada na eleição de Cris Moraes. Na sequência dos dias, a comissão processante contra Jairo foi votada e arquivada por 20 votos a 1 – só Juares Hoy votou por processar o prefeito. Embora Nedy novamente não tenha se exposto abertamente na discussão, alguns vereadores favoráveis ao impeachment avaliaram que, ali, o vice perdia a oportunidade de ‘liquidar a fatura’ afastando definitivamente JJ do paço e da eleição de 2024, que já se aproxima.

Contada esta retrospectiva, voltamos a dezembro de 2023. Deste que assumiu o governo interinamente m 24 de novembro, Cris Moraes vinha sendo questionado sobre o acordo que implicaria em sua renúncia à presidência da Câmara neste final de ano. No governo, disse ao blog que não via como renunciar por estar exercendo, naquele momento, um cargo diferente. “Como eu renuncio à presidência se estou no exercício do cargo de prefeito e não da presidência da Câmara?”, comentou.

A dúvida, jurídica, era pertinente.

Com a assunção de Nedy, a questão voltou ao âmbito da Câmara e só foi menos badalada por conta da composição do secretariado – tarefa política que ainda ocupa vereadores, lideranças e partidos. Em uma semana, Cris ouviu praticamente de tudo – e de todos. Desde que seria acusado de ‘traidor’ até a de que sua permanência no cargo seria a ‘resistência’ à condição de Nedy no governo.

No fundo, nem uma coisa nem outra.

“Há um novo momento e me nome deste momento, eu fico”, contou Cris ao blog, logo depois de encerrar a última sessão de 2023. “A cidade precisa de uma estabilidade e a Câmara pode ajudar com isso, não alterando a dinâmica dos trabalhos, dando sequência à gestão e seus desafios”. 

Cris conversou com colegas e reuniu em torno de si 11 vereadores que, na terça, já deram uma dica de que o apoiariam na tese da ’não-renúncia’: em uma votação apertada, por 11 a 10 e com o próprio voto no desempate, o presidente conseguiu antecipar a sessão que seria somente na quinta, 28, para esta quarta pela manhã. Era uma votação simples, mas simbólica: a antecipação tirava, como tirou, o tempo de um articulação mais decisiva em torno de uma nova maioria que exigisse a troca na presidência combinada ainda em 2021. Por enquanto, o episódio encerra o capítulo sobre eventuais subordinações ao paço para impor no comando da Câmara algum aliado de Nedy; a questão ganha volume diante da condição de saúde do prefeito em exercício e na eventualidade de que ele precise se ausentar do comando da cidade.

A maioria que o apoia, Cris bem sabe, não é definitiva. Segundo ele, não é a nova maioria de Jairo Jorge, nem a nova oposição a Nedy. “É uma maioria pró-Câmara, pela necessidade de estabilidade que a cidade e a política precisam. Isso pode mudar? Pode, claro. Mas, no momento, é isso”, resume Cris.

O correr de janeiro deve delinear quem estará no governo e quem estará na oposição, e com isso, retomar a pauta sobre uma eventual renúncia mais adiante. Por hoje, pelo menos, e até que o Ano Novo surja, o assunto está encerrado. 

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