Decisão do TSE divulgada no meio da tarde permite que parlamentares seja liberados da cláusula de fidelidade antes da janela de março e deve mexer com as articulações pré-2024 em Canoas
Com o voto favorável da relatora do processo, a ministra Carmen Lúcia, o Tribunal Superior Eleitoral – TSE decidiu na tarde desta quinta-feira, 9, homologar a fusão do PTB com o Patriotas. Com isso, está criado o PRD, o Partido da Renovação Democrática. Ideologicamente, herda quase nada do passado trabalhista de Brizola, João Goulart e do predecessor deles, o ex-presidente Getúlio Vargas. Esse legado, aliás, deve cair todo no colo do PDT de Carlos Lupi, mas isso não é o assunto que motiva este post.
Ninguém duvida que o PRD nasce para beliscar a base eleitoral dita bolsonarista – ou o que ainda resiste dela, caso de rachadinha após caso de compra de imóveis com dinheiro vivo, escândalo de joias após escândalo de fraude em carteiras de vacina.
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Em Canoas, a criação do PRD libera imediatamente três vereadores eleitos pelo PTB em 2020 para buscarem outro partido, se quiserem. Eles estão desobrigados de cumprir a cláusula de fidelidade partidária e podem estrear um partido novo ainda antes do Natal; são eles Juares Hoy, Eric Douglas e Laércio Fernandes. Comecemos pelo caso deste último.
Laércio já fez sua escolha – pelo menos por enquanto. Em 2021, trocou o PTB pelo Podemos no embalo de Maurício Dziedricki, deputado federal à época. Em julho deste ano, a Justiça eleitoral cassou o mandato de Laércio por entender que uma carta de anuência com sua desfiliação era irregular. Em recurso, o médico reviu a decisão e pode voltar à Câmara, mas o caso ainda resta pendente de julgamento definitivo.
O fim do PTB elimina um dos interessados na causa, que é o partido, mas ainda permite que suplentes diplomados questionem se Laércio foi infiel ao deixar o partido em 2021. De qualquer forma, agora ele está liberado para ficar no Podemos ou alçar vôo em outra sigla. Há especulações de que o Podemos não teria uma nominata capaz de enfrentar as urnas em 2024 e que o destino do médico seja o União Brasil, de Luiz Carlos Busato, para onde deve migrar também o radialista Mauri Grando, que disputou uma cadeira na Câmara Federal pelo Podemos em 2022.
Eric Douglas deve fechar com um partido da base de apoio de Jairo Jorge. É cotado para ingressar no PSD – o que, no entanto, ainda não está resolvido. O temor do partido é que a chegada de um vereador eleito ‘inche’ a nominata, desfavorecendo o crescimento de novas lideranças que pretendem disputar as eleições pela sigla em 2024. De qualquer forma, no PRD Eric não fica.
Juares e a ‘jóia da coroa’
Dos três, o que tem disparado mais convicção do caminho a trilhar é Juares Hoy. Amigo pessoal de Busato e seu ex-líder de governo, tem convite para engrossar fileiras no União Brasil, mas sonha em um lugar ao sol no PL do ex-presidente Bolsonaro. Entre Juares e o partido, tudo certo, aliás; além da afinidade ideológica, tem a campanha de 2022 que os aproxima.
Juares e seus sete mandatos na Câmara de Canoas representam para o PL um protagonismo que Adriano Agitasamba, eleito pela sigla em 2020, não dá. Adriano não é o que se chama de ‘vereador ideológico’; é visto por alguns, inclusive, como um cara de esquerda por conta de seu passado ligado ao Solidariedade e o de alguns assessores próximos que já foram filiados ao PT e por não ter participado da campanha de Bolsonaro no ano passado.
A permanência de Agitasamba no PL pode ser um entrave à chegada de Juares, mas reputo que o episódio será superado com a ajuda de outro ‘cristão novo’ no PL: Nedy de Vargas Marques. O atual vice deve se filiar ao partido em 17 de novembro em ato com o próprio Bolsonaro, como o blog antecipou no post CANOAS | Já tem dia e hora para Nedy se colocar de vez em 2024: Bolsonaro vem aí receber a continência do vice, e faz questão de contar com Juares em suas trincheiras.
A ‘jóia da coroa’ do PL ainda pode assumir a condição de vice de Nedy caso a candidatura não conte com uma ampla aliança ou meso concorrer a prefeito se Nedy não estiver no pleito. Sobre Juares, a certeza que resta é a de que não fica no PRD: ele e Simone Sabin, que deve permanecer na presidência da sigla e dar as cartas no partido daqui para frente, não se suportam.
Não os convide para a mesma mesa.