Crise no transporte

CANOAS | Greve, subsídio, atraso e audiência: o que vem por aí no Novelão da Sogal

Crise que envolve a Sogal, a empresa que opera o transporte coletivo em Canoas, não é nova; soluções são esperadas a partir desta quinta-feira, 1. Foto: Arquivo RB/Seguinte

Na quinta, audiência na Justiça do Trabalho traz mais dos velhos problemas que parecem nunca desatar no transporte público de Canoas

Adiada na semana passada, a audiência na Justiça do Trabalho que vai discutir o caso Sogal está marcada para quinta-feira, 1º, à tarde. É o momento em que a Junta Governativa deve apresentar um relatório dos 90 dias de trabalho junto à gestão da empresa e quando ficará decidido se o grupo permanece na cadeia de comando do transporte coletivo da cidade ou devolve os plenos poderes à Sogal, titular da concessão. Uma delas é a retomada do volume de passageiros pré-pandemia – o que veremos mais adiante, neste post.

 

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A audiência também servirá, mais uma vez, para dar voz às queixas de funcionários e ex-funcionários da empresa. Motoristas e cobradores afirmam que estão há dois meses – em alguns casos, três – sem o recebimento do rancho, que os salários ainda não são pagos no dia correto e que os pagamentos dos acordos de demissão assinados em 2020 não são honrados na data combinada.

Por conta disso, rodoviários já falam em greve caso uma solução ainda se arraste – conforme já havia antecipado, inclusive, o colega jornalista Marco Leite, do Notícias da Aldeia.

A Sogal segue sem se manifestar publicamente sobre as reclamações. E, além do déficit de caixa em razão da pandemia e das restrições impostas à circulação de pessoas, ainda amarga R$ 227 mil em multas aplicadas pela Prefeitura de janeiro a junho por descumprimento do contrato.

Especula-se que a empresa esteja esperando a adoção de um subsídio permanente ao transporte coletivo – como a compra de passagens, por exemplo. A Prefeitura de Canoas já fez esse movimento em duas ocasiões ao longo de 2021, totalizando R$ 2,7 milhões de aporte à empresa. Os recursos foram convertidos em passagens que estão sendo usadas pelos beneficiários do programa Auxílio Emergencial Canoense – atingidos pela pandemia que precisam se deslocar pela cidade em busca de emprego ou complementação de renda.

Nos corredores da prefeitura, no entanto, essa hipótese é cada vez mais distante. Assim como a possibilidade de uma intervenção. O assunto já foi tratado inclusive com a presença do prefeito Jairo Jorge, que entende que a medida é o último recurso para manter o transporte funcionando e que, até lá, há outras alternativas. 

Há razões para isso.

Intervenção e subsídio implicam em custos ao governo e, de certa forma, vão isentando publicamente a Sogal da solução  que a empresa deveria dar ao sistema de transporte coletivo por força da concessão. Além disso, com o avanço da vacina e retomada da economia, é possível recuperar o volume de passageiros transportados em 2019 – 65 mil por dia, conforme números apresentados na Conferência de Mobilidade Urbana, no início da semana passada.

A Junta avalia que a retomada, a separação definitiva entre Sogal e Vicasa e a melhoria de processos de gestão podem manter a Sogal em pé até o final da atual concessão, que encerra em 2023. Antecipar o fim do contrato pode não ser um bom negócio para o município, que ficaria com um gigantesca conta a pagar com indenizações e a operação do transporte em si.

Uma conta que, por fim, seria minha e sua.

 

 

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