Novo diretor técnico do HU foi escolhido pelos profissionais da instituição em uma mesa de diálogo que a Intervenção e o governo abriram com os médicos
Nos bastidores da crise que atravessa do Hospital Universitário, o HU, uma mudança de postura já se opera, por assim dizer, nas relações dentro da instituição. Desde o início da semana passada, o HU tem um novo diretor técnico – ele assume após a abertura de uma mesa de conversações entre a Comissão de Intervenção, o governo e os médicos que atuam no hospital. De forma inédita desde que o HU foi municipalizado, os próprios profissionais apoiaram a escolha da chefia direta – o que representa a aposta no diálogo que sinaliza a manchete.
Essa foi a saída encontrada pelo governo para recompor a relação com a categoria, desgastada pelas negociações sobre o passivo da era Gamp e tropeços administrativos da fase FUNAM, de final de janeiro para cá. A retomada do diálogo vinha como condição para que o Simers, o Sindicato Médico, que chegou a propor publicamente que Canoas perdesse a gestão plena da Saúde por conta da crise no HU, auxiliasse na recomposição dos quadros do hospital, especialmente na emergência pediátrica. Assim, governo e sindicato conversaram e nome indicado levou o apoio da categoria: Dr. Paulo Nader é o novo diretor técnico do hospital.
Vai funcionar? Ainda veremos – mas é um primeiro passo sendo construído.
Vale lembrar que o Dr. Nader é um patrimônio do HU. Pediatra e neonatologista, dá aulas na Medicina da Ulbra desde que o curso foi montado. Foi ele quem implantou o serviço de pediatria no hospital em 2007 e já havia passado pela função de diretor técnico e clínico em mais de uma ocasião. “Todos queremos que o hospital volte a brilhar como sempre brilhou”, defende o médico.
E já está tendo bastante trabalho, o Dr. Nader. Em conversa com o blog na sexta-feira, 17, ele conta que estão levantando todas as necessidades de material e infraestrutura precarizadas nesse período de FUNAM. Medicamentos e o chamado mat/med – materiais e medicamentos fundamentais para os procedimentos hospitalares – já estão sendo regularizados conforme a demanda e a disponibilidade dos fornecedores. O que demora mais está sendo negociado para breve. “Em até duas semanas, tudo deve estar resolvido”, conta.
O nó da emergência pediátrica
A maior dor de cabeça da Intervenção ainda é o plantão da emergência pediátrica, fechado desde a segunda semana de junho por falta de profissionais. O Dr. confirma que não há problema do setor de internação, onde de 32 a 33 crianças seguem com acompanhamento profissional especializado. “A internação está funcionando a pleno e o atendimento é qualificado”, resume.
O plano do governo é contratar mais profissionais ou empresas que prestem serviços médicos para completar as escalas do plantão e retomar o serviço. Um edital foi lançado na sexta e recebe inscrições até o dia 24. Se tudo correr dentro do esperado, a expectativa do governo é a de que até 1º de julho a emergência possa reabrir. “A retaguarda continua funcionando. Há leitos e há médicos para o acompanhamento. O problema está nos plantões da emergência. Hoje, esses atendimentos são feitos nas UPAs e no Centro aberto ao Guilherme Schell. Lá, serão feitos 2 mil atendimentos por mês e, no HU, eram R$ 1,5 mil”, compara.
“A solução para este caso virá do diálogo e da transparência. Estamos apostando no que a prefeitura e a Intervenção nos propuseram: trabalhar com os médicos”, finaliza o Dr. Nader.