Sessão que vai julgar mandato do vice começa às 9h com limite de pessoas no plenário e espaço longe dos vereadores reservado à imprensa. Nedy perdeu liminar para suspender sessão
Com a palavra da juíza Adriana Morizini, da 2ª Vara Cível da comarca de Canoas, garantindo nesta quarta-feira, 5, à noite que a Justiça não se mete no mérito do impeachment e só apita se for sobre o rito, começa a partir das 9h desta quinta, 6, a sessão que vai analisar o relatório da Comissão Processante que, ao fim e ao cabo, sugere a cassação do vice-prefeito Nedy de Vargas Marques. A juíza foi instada a se manifestar em um novo mandado de segurança a pedido da defesa de Nedy, mas como já havia dito em uma liminar anterior, não cabe à Justiça discutir o mérito da acusação que tramita na Câmara e que terá, enfim, uma decisão política a ser tomada: cassar ou não o vice.
O clima, não precisaria dizer, é tenso – mas a tendência, antecipo, é por cassar.
A maioria dos vereadores vem se colocando reservadamente ao lado do relatório e, portanto, dispostos a tirar o mandato de Nedy. Reservadamente, repito, porque quase todos preferiam que a solução para o caso fosse outra – uma renúncia, por exemplo, que tratei no post CANOAS | Nedy e a ‘live do impeachment’: vice vai às redes erguer a voz, por o dedo em riste e negar renúncia e, repito, não acredito que aconteça. A saída serviria para evitar o desgaste de uma votação elástica a favor do impeachment, o que de fato não representa a ascenção do vice sobre a Câmara, mas reflete fielmente o contexto político em que o impeachment atropela a pauta e exige que Nedy seja afastado do paço.
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Na avaliação do blog, é a política que impõe à Canoas o fim do mandato do vice, não a suposta irregularidade apontada pelo relatório da Processante. O grupo político majoritário na cidade, soldado a estanho especialmente depois da parceria de Jairo Jorge com Luiz Carlos Busato, mas composta também por uma frente ampla pró-governo na Câmara, não confia mais em Nedy. E como quem tem mandato não pode ser demitido, a solução encontrada é o impeachment, que a partir das 9h começa a se encaminhar para um desfecho.
As chances de Nedy eram, sumariamente, o mandato de segurança suspendendo a sessão – o que não conseguiu. O apoio em plenário que poderia dar-lhe a sobrevivência política exigia que se jogasse dúvidas e inseguranças sobre a tomada de decisão que se está prestes a tomar. Não tendo liminar, resta a política – e, nesse caso, a decisão dos vereadores é uma escolha que, reputo, já tomaram: estar ao lado do grupo majoritário com JJ e Busato daqui por diante ou com Nedy, que resta isolado – por mais difícil que seja para quem apoia o vice, a verdade é que a defesa do ‘homem dos 500 júris’ foi muito jurídica e pouco ampliou a abrangência do que ele representa para a política. Nem o Avante, seu partido, se manifestou a favor do vice – não há um tuíte de qualquer liderança a favor dele.
Se for cassado na sessão de julgamento que começa nesta quinta, não será pelo que venho chamando de ‘impeachment sem crime’, mas pela política. Isso não significa que a irregularidade não tenha acontecido, mas digo isso porque me parece fácil entender que é infinitamente menor do que um ato deliberado de corrupção. Acontece que, em política, o preço pelas relações que reforçamos e pelas que cortamos é, também, a política.
A partir desta quinta, é ela quem se encarregará do destino de Nedy.