Câmara iniciou pela manhã a sessão de julgamento do pedido de cassação contra Giovani Rocha em clima tenso e agitado
— Claro que estou nervoso, não poderia não estar. Mas vai ser o que Deus quiser que seja — disse Giovani Rocha, do PSD, ao blog, no corredor do plenário em que, minutos depois, o presidente da Câmara Eric Douglas (União) abriria a sessão que pode cassar-lhe o mandato.
Resignado, Giovani está.
Vestindo um camisa amarela sobre uma camiseta branca, calça clara e sapatos cinza, se for cassado na tarde de hoje, Giovani — o cabeleireiro que fez fama moldando as cabeças da sociedade canoense — pode entrar para história como o mandato mais breve de que se tem notícia na Aldeia: tomou posse, assim como os demais vereadores, a 1º de janeiro e recém completou 104 dias de parlamento.
A cassação de Giovani é dilema desta Segunda-feira Santa, aquela que abre a Paixão de Cristo, a ser decidida não por Pôncio Pilatos, como na histórias que a Bíblia prega, mas por outros tipos de homens com poder; são aos vereadores que cabe por os pregos nesta metafórica cruz a que Giovani está pregado — resta-nos saber se para padecer cassado ou ressuscitar politicamente deste calvário a que está metido
No post Cassação de Giovani vai a plenário: o empoderamento às avessas, a crise de liderança e os riscos de um justiçamento já comentei o que penso sobre o caso — desnecessário repetir. Este post é, portanto, sobre os ânimos e as vontades nesta segunda-feira, 14. E, de cara, digo: a maioria parece estar do lado do que querem cassar.
A matemática da forca
11 dos 21 votos já estão definidos. O grupo que elegeu o presidente da Casa, Eric Douglas, fechou posição ainda no início da semana passada. São eles Abmael Oliveira (PL), Leandro Moreira (PRD), Emílio Neto (PT), Cris Moraes (PV), José Carlos Patrício (PSDB), Aloísio Bamberg (PSDB), Alexandre Gonçalves (PDT), Juares Hoy (PP), Jonas Dalagna (PP), Jefferson Otto (PDS) — além do próprio Eric.
Além deles, Gabriel Constantino (PT), presidente da Comissão Processante que analisou o caso de Giovani, e Rodrigo D’Ávila (Novo), membro da mesma comissão, devem ser favoráveis. E aí já são 13 votos pela cassação.
Devem se somar a eles os votos dos demais vereadores do PSD, a saber: Neuza Rufatto e Daurinei Alt — o que daria 15 pela cassação.
Para que Giovani perca o mandato, bastam 14.
Os incertos
Se há 15 pela cassação, não quer dizer necessariamente que hajam 6 contrários. Heider Couto (PL) já teria dado a palavra ao grupo dos 11 de votar pela degola do colega — mas não confirmou isso ao blog nesta segunda pela manhã.
— Isso não precisava estar acontecendo agora — disse, sem pender para lado algum.
Ainda tem os dois vereadores Republicanos: Alexandre Duarte e Eracildo Link. Tendência é votarem contra o relatório da Comissão Processante e absolverem o colega, mas certeza de que farão isso ainda não deram.
O que ainda pode mudar
Há tratativas em curso para que os vereadores Daurinei Alt e Neuza Ruffato votem a favor de Giovani, isolando apenas Jeffeson Otto, que está no grupo dos 11 e é politicamente um desafeto do cabeleireiro-vereador. E, claro, um canal aberto com Duarte, Link e até com Heider Couto, ainda oficialmente indeciso.
Com Alt e Neuza, Giovani apela pela boa convivência que tiveram nesses pouco mais de três meses de mandato e de como ele pode ser importante para aprovar projetos e medidas dos dois, uma vez que são oposição ao governo e não contam com apoio da maioria que forma a base aliada ao paço.
À tarde, toda a discussão no plenário se dará sobre a leitura de trechos destacados da denúncia e nas falas da defesa de Giovani — e dele próprio, provavelmente. Cada vereador terá 15 minutos, se quiser, para manifestar-se também sobre o caso. Mas o que pode salvá-lo não acontece no plenário: a conversa com Duarte, Link, Alt, Neuza e Heider é que pode mudar o quase inicial dos 15 a 6.
É ou não uma baita de uma Segunda-feira Santa?