Secretário da Saúde participou de audiência pública na Assembleia em que o tema do programa que corta dinheiro dos hospitais de Canoas foi novamente debatido
Falar em Assistir já não é novidade em Canoas, mas não dá para levar de barbada os cortes que o programa promovido a política de Estado no Rio Grande do Sul provoca e ainda provocará ao orçamento dos hospitais da cidade. No sábado, 5, o prefeito Jairo Jorge comentou durante a abertura do Prefeitura na Rua que a ‘tesourada’ já tirou R$ 14 milhões dos repasses que eram feitos para compor as despesas do Hospital Universitário, o HU, e do Hospital de Pronto Socorro de Canoas, o HPSC, desde que o anúncio do programa foi feito, em 2021. “E a partir de dezembro serão menos R$ 14 milhões”, disse JJ. E vai a R$ 50 milhões em 2025.
Não é só um corte; é um rombo.
Nesta segunda, 7, o secretário da Saúde Felipe Martini aproveitou o convite para participar da audiência pública da Assembleia Legislativa sobre o Assistir para repisar as críticas que o governo municipal vem fazendo ao programa há dois anos – bem ao estilo Martini, sem grito nem porrada na mesa. “A secretária Arita Bergmann é uma parceira do Sul, competente, inteligente, dedicada. Tenho convicção de que ela vai estar cada vez mais sensível a esse tema que tem preocupado a todos nós, especificamente também à cidade de Canoas”, disse. “Não tem cidadão de Esteio, Sapucaia, Canoas ou Porto Alegre. Todos são gaúchos”.
“O assunto importa não só à região metropolitana, mas a todo o Rio Grande do Sul. A possibilidade de desassistência é real”, avaliou. “A aplicação de qualquer corte nos recursos desses hospitais, hoje, estamos falando de um colapso”.
Se o proponente da audiência pública, o deputado Miguel Rossetto (PT), queria ‘medir a temperatura’ dos municípios sobre o Assistir, de fato, encontrou gestores ‘ardendo’ em febre. Os números são óbvios e exatamente por isso, devem ser retomados. Segundo Rossetto, em 2018, o Governo do Estado destinou R$ 1,8 bilhão para os programas de incentivo hospitalar e, em 2023, o montante foi reduzido a R$ 1,014 bilhão. ““A redução seria digna de comemoração se tivesse sido acompanhada pela retração da demanda. Mas o que aconteceu foi o contrário. Na verdade, estamos diante de uma disfuncionalidade, que consiste em preservar o mesmo recurso para pagar um serviço cinco vezes mais caro”, apontou.
A diretora do Departamento de Atenção Especializada da Secretaria da Saúde, Carla Pertile, deu a versão do Estado para o que pode ser considerado o avanço do Assistir: aumento do número de ambulatórios de 101 para 313, das cirurgias de 33.480 para 177.627, dos plantões presenciais de 17 para 29 e dos serviços porta de entrada de 152 para 191 em todo o Rio Grande do Sul.
O problema é que a virtude do Assistir está sendo paga, literalmente, com a precarização da assistência no cosmopolo metropolitano. Os ambulatórios e as cirurgias que ganharam velocidade no interior estão deixando a descoberto os pacientes do entorno da capital. Palmas devem ser batidas pelos plantões e portas de entrada abertas Estado afora, mas só poderiam ser considerados um acréscimo efetivo à Saúde Pública se não estivessem fechando em Canoas, Porto Alegre, e Vale dos Sinos acima.
Trocando em miúdos, o dinheiro que pingou lá minguou aqui. O Assistir não trouxe recursos novos: só espalhou os que já se tinha para outros cantos a custa de cortes nas instituições nos maiores polos urbanos do Estado. Agora que está feito, o Governo gaúcho tem dificuldade em recuar – não seria fácil explicar a prefeitos e gestores do interior que o recurso a mais que estão recebendo precisa voltar à Grande Porto Alegre. Qual a saída? Rossetto vem apostando em diálogo: propôs uma nova audiência sobre o assunto para 4 de setembro, desta vez com a presença na secretária Arita. Nova chance para o Assistir mostrar que pode parar em pé lá e aqui.