Saúde

CANOAS | Não andou o projeto do passaporte vacinal do vereador Eric Douglas: o medo que precede o passo adiante

Eric Douglas havia pedido, em abril, para que motoboys fossem incluídos nos grupos prioritários de vacinação. Foto: Divulgação

Vereador retirou proposta do passaporte vacinal que havia apresentado e espera que governo adote a medida

O vereador Eric Douglas (PTB), que terá de passar por uma cirurgia nos próximos dias para recuperar os ligamentos rompidos de um dos joelhos, recuou do projeto que havia apresentado para criar o passaporte vacinal em Canoas. Pudera. Mal recebeu o protocolo na Câmara, choveram críticas políticas e pessoais contra o vereador de oposição.

"Retirei porque entendo que deva vir do prefeito", avalia Douglas. "Poderia ser interpretado como uma interferência no outro poder, o que não pode". Depois de conversar com o vereador Emílio Neto (PT), líder do governo, o projeto subiu no telhado: jaz em uma gaveta virtual no sistema eletrônico do Poder Legislativo.

O projeto tem seus méritos – e o vereador está certo e errado sobre ele. Explico.

 

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Adotado pelo Estado recentemente, o passaporte vacinal é a condição para retomada de eventos com inevitáveis aglomerações – sejam jogos de futebol ou grandes 'comícios' religiosos. O passaporte nada mais é do que uma carteirinha que certifica que o indivíduo está em dia com vacina contra a Covid-19 de acordo com o calendário de seu município – em Canoas, todos com mais de 12 anos já poderiam ter tomado nem que fosse uma dose; idosos com a D2 até agosto já tem, inclusive, uma dose de reforço disponível na rede de saúde.

O mérito da ideia é o respeito ao outro: se quer sair, ir a baile ou Grenal, tem que se vacinar. Parece simples e é; só não é tão bem aceita assim.

A resistência contra ele vem de duas frentes distintas, mas que vez ou outra se misturam: os negacionistas e o povo defende que a retomada seja imediata com a desculpa de que 'a pandemia já passou'. Conversei com um dono de bar de Canoas que tomou as duas doses da vacina e, sob condição de anonimato, ele admite que não cobra de cliente algum o esquema vacinal em dia. "Tenho que trabalhar. Não posso parar de vender. Se criar dificuldade, o cliente sai e vai em outro lugar, compra de outro", conta.

Ele não é negacionista, mas o discurso se associa quase à perfeição aqueles que acham que vacina instala chip, transforma em jacaré ou favorece uma epidemia de Aids por aí.

Por fim, o passaporte acabou em um decreto do governador Eduardo Leite – que tinha em mãos o acabaxi não descascado do público nos estádios de futebol. A parte em que sou reticente com o recuo do vereador Eric é que perdemos a chance de discutir o assunto por aqui com a grandeza dos pioneiros; fechamos o comércio, criamos regras para andar de ônibus e entrar nos supermercados. Por medo de uns que viram no passaporte uma nova barreira e na ausência dele um 'tudo-pode' quase institucionalizado, preferimos o caminho do não fazer nada. Pelo menos o Estado fez. Acho justo que tenhamos um método para retomada baseado no respeito de quem está ao nosso lado.

Seja para quem reza em salão lotado ou quem mata a sede com chopp.

 

 

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