Candidato oficializado pelo PSDB, Leite discute parceria com União Brasil de Busato enquanto espera convenção do PSD de Jairo Jorge
Após um domingo intenso de convenções, com direito inclusive à mudança de rumo e o aceite do MDB em indicar o seu vice, Eduardo Leite não terá segunda-feira, 1º, digamos, tranquila. Hoje começa a rodada de conversas com o União Brasil de Luiz Carlos Busato que, na tarde de sábado, também reivindicou a vice na chapa do tucano. E ainda tem a convenção do PSD de Jairo Jorge: o partido está inclinado a emparceirar-se com o PSDB e indicar Ana Amélia Lemos à vaga do Senado pela coligação, mas arestas sempre precisam ser aparadas, em se tratando de política.
Sobre o MDB: passado pouco do meio-dia, logo depois de ser oficializado candidato a governador, Eduado Leite foi à convenção do MDB para a primeira ‘fotografia da chapa’ ao lado de Gabriel Souza. O deputado, que vinha se colocando na disputa pelo Piratini na tese da candidatura própria, foi indicado pela convenção para compor com Leite – dando um ‘ok’, inclusive, para direção nacional a respeito da aliança MDB-PSDB na disputa pela presidência da República.
O abacaxi sobre a mesa, no entanto e agora, é com o União Brasil. O partido presidido por Luiz Carlos Busato que vinha reforçando a parceria com Leite e aguardando pacientemente uma definição do MDB engrossou a conversa no sábado, 31. O União quer a vice para si – é o que disse, em resumo, um tuíte do próprio Busato, publicado às altas horas da noite.
Pela manhã de domingo, o tuíte vinha sendo encarado mais como uma estratégia para fortalecer o grupo leitista dentro do MDB – esse que, ao fim, levou a convenção. À tarde, no entanto, a calmaria foi substituída pela ansiedade: o que fará o União agora que a chapa de Leite parece resolvida? O partido tem o maior tempo de TV e a maior fatia do fundão e, ao fim, não levou nenhuma indicação na majoritária – ao que tudo indica, a vaga ao Senado será de Ana Amélia e, de qualquer forma, não era o pleito do UB.
A virada de mesa, nesse caso, pode acontecer se parte do partido apostar em uma parceria com Onyx Lorenzoni, do PL. O bolsonarista ainda acena com a vaga de vice e já teve uma conversa com Busato, em maio. A preferência do ex-prefeito, nunca escondida, é estar com Eduardo Leite – mas o União não é feito exclusivamente de busatistas. Vale lembrar que o partido surgiu da fusão do DEM, os que sobraram depois da debandada da turma de Onyx, com o PSL, a ‘ex’ de Jair Bolsonaro. Quando Busato chegou, atraiu ex-petebistas que, até então, estavam próximos ao capitão no plano nacional. Enquanto a possibilidade uma candidatura própria do MDB mantinha viva a oferta do vice, o União fez jus ao nome e conteve a unidade; agora, a conversa parece essencial para reaglutinar-se.
Se tudo se pacificar, a tuitada de Busato o sábado passará à história dessa eleição como estratégia; se não, como alerta do transponder avisando sobre a colisão.
Leite com o PSD
Ainda nesta segunda-feira, 1º, à noite, o PSD faz a sua convenção. O caminho está abertíssimo para um apoio a Eduardo Leite e a indicação de Ana Amélia Lemos para o Senado. As conversas do PSD se davam exclusivamente entre MDB e PSDB, que agora estão juntos. E interessa sobremaneira à Ana Amélia uma chapa forte para chegar às urnas em que enfrentará o vice-presidente, general Mourão (Republicanos) e a recente escalada de Olívio Dutra (PT), o ‘galo missioneiro’ que quase tirou Lasier Martins do Senado há 8 anos.
De um modo bem peculiar, Canoas acaba centralizando a atenção e a pauta de Eduardo Leite nesse início de semana: seja acalmando os ânimos do UB de Busato, seja atraindo os jairistas e nem-tão-jairistas-assim no PSD.