Partido dobra empenho para que herdeira de Leonel Brizola dispute o Piratini em 2026 e mira em apoio do PT
Está em curso uma verdadeira campanha de guerrilha no PDT nacional para fazer de Juliana Brizola candidata ao Piratini com o apoio de Lula e do PT gaúcho — o que pode facilitar o caminho para um ex-articulador político com a Câmara de Canoas chegar à Assembleia Legislativa. Trata-se de Guto Lopes, candidato a prefeito de Viamão no ano passado pelo PDT e uma das estrelas do Atualidades Pampa, tradicional programa de TV porto-alegrense.
Guto vem crescendo como um nome metropolitano no PDT defendendo bandeiras tradicionais de Leonel Brizola, como a Educação e os investimentos do Estado em áreas essenciais como energia e infraestrutura, ao mesmo tempo em que representa uma novidade no cenário eleitoral trabalhista marcado nos últimos anos por pouca renovação. A proximidade com Juliana, no momento em que ela cresce como possível candidata à governadora, só ajuda.
Explico.
O PDT tem pesquisas internas que apontam Juliana com bons índices na disputa pelo Governo do Estado. Nesta condição, o partido procurou a aliança liderada pelo atual governador, Eduardo Leite (PSD), em busca de apoio à uma candidatura em 2026. Leite teria reforçado o compromisso já assumido em estar com Gabriel Souza (MDB). Restaria a Juliana, se tivesse disposição, construir-se como alternativa para vice — o que ela já disse que não deseja. Tanto Gabriel quanto Leite pavimentam o caminho para atrair o PP como vice, jogando o PDT e o apoio de Juliana para uma faixa própria em 2026.
Até o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, esteve no Rio Grande do Sul recentemente empenhando todo o apoio da direção nacional à neta de Brizola. O RS deve ser o único Estado em que o partido pode ter um cabeça de chapa na disputa com chance de protagonizar a eleição — e Lupi prometeu firmar o pé: vai falar pessoalmente com Lula para pedir o apoio do PT no Estado, engrossar a chapa de Juliana e dar um palanque grande à reeleição do presidente.
Sei, eu sei: o PT é duro na queda; fora em 2020, quando indicou Miguel Rosseto para vice de Manuela D`Ávila, nunca aceitou abrir mão da cabeça de chapa. E, para 2026, tem Edegar Pretto e Paulo Pimenta como pré-candidatos ao Piratini.
Pimenta é um dos principais aliados de Lula e deve fazer o que for melhor para reeleição do presidente — inclusive, cogita concorrer ao Senado ou buscar a reeleição para Câmara, se for preciso. Já Pretto só conta em concorrer a governador e, para isso, usa um argumento que julga infalível: o de que foi ‘na ruim’ em 2022 e, agora, teria o direito de tentar de novo.
Antenados de que a política precisa de parcerias, o ex-ministro Tarso Genro e o ex-deputado federal Henrique Fontana estariam dispostos a conversar com lideranças do PT gaúcho para convencer sobre o apoio a Juliana. É uma conversa em fase inicial, insípida, quase incolor — mas que pode viabilizar uma candidatura promissora.
