BLOG DO RODRIGO BECKER

CANOAS | O que se disse e o que não precisou ser dito no encontro Nedy-Martini: a eclosão do extremo e o ‘todos contra um’ 

Nota exclusiva divulgada ontem à noite pelo blog de que prefeito em exercício se encontrou com ex-secretário e ex-‘ficha 1’ de JJ repercutiu na política com a principal notícia pré-janela de março

É verdade: Felipe Martini e Nedy de Vargas Marques andaram conversando.

Desafetos durante o primeiro ano do governo Jairo Jorge, o ex-secretário e o agora prefeito em exercício tiveram um momento para aparar arestas e começar um diálogo que pode evoluir para, mais adiante, uma parceria. Para deixar claro: a conversa, por si só, não significa que estejam acertados para outubro; apenas indica que há um caminho.

O blog conversou ainda na noite de quinta, 29, e na manhã deste emblemático 1º de março com personagens do encontro que não foi fotografado, mas vazou e repercutiu. Nedy e Martini, juntos? Mas não estavam brigados? Martini vai ser vice do Nedy?

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É curioso que um encontro político desperte tanta expectativa, mas explico. Nedy, Martini e JJ eram o ‘trio de ouro’ na eleição de 2020 em que venceram, juntos, o então candidato à reeleição Luiz Carlos Busato. Martini fez o papel de ataque que Jairo não podia fazer: com os famosos vídeos da ‘vacina da verdade’, apontava críticas a Busato que, vejam só, está agora à mesma mesa de JJ. Nedy e Martini é que caíram fora. 

O rompimento de Nedy aconteceu ainda durante o primeiro afastamento de JJ, em 2022. Aos poucos, o vice no exercício de chefe do Executivo começou a implementar seu jeito de governar e foi tirando aliados fiéis de Jairo Jorge de postos-chave no governo. Em setembro de 2022, quando o Tribunal de Justiça do Estado ampliou em mais seis meses o afastamento do prefeito, Nedy já era o dono das rédeas da gestão.

Martini ficou com Jairo. Havia saído em março disposto a disputar a eleição para deputado, mas depois desistiu. Ajudou na defesa do prefeito nos tribunais superiores e voltou ao governo com ele em março de 2023 para assumir a Secretaria da Saúde, desidratada da Gestão Hospitalar. A relação entre Martini e JJ começou a se atritar quando houveram especulações de que o ex-secretário estaria se colocando à frente da recente proximidade com Busato para a disputa da vaga de vice na chapa de reeleição. Em uma reunião do secretariado, Jairo cobrou Martini publicamente por uma questão administrativa da pasta que comandava e o clima ficou pesado. A 28 de novembro, o Tribunal Regional Federal determinou um novo afastamento de JJ e, dois dias depois, Martini entregou o cargo de secretário ao prefeito interino, Cris Moraes.

Nedy e Martini não se falavam desde meados de março de 2022. A briga com Jairo Jorge, no entanto, os une mais do que afasta. E embora não tenha ficado nada combinado no encontro de quinta-feira, o símbolo de uma eventual unidade começa a se afirmar no imaginário político da eleição. Arrisco a dizer que esta é a principal notícia do meio que antecede a abertura da janela de troca-troca, quando vereadores eleitos devem promover uma verdadeira ciranda para uma nova conformação de forças entre os partidos da cidade.

Arrisco a afirmar, também, que as chances de Martini ser vice de Nedy são bem próximas de zero. Hoje, o vice da situação é Márcio Freitas, empoderado depois de ter reconhecida a validade das cartas de anuência que recebeu do PDT em 2022 e mantido o mandato em julgamento por infidelidade partidária no TRE-RS. Martini, em princípio, segue pré-candidato pelo PL mas sabe que o partido nem sempre é firme em suas decisões e pode ‘roer a corda’ a qualquer momento e deixá-lo pendurado no pincel sem autorização para ir às urnas. Além disso, conversa não é acerto: se o que os une é a divergência sobre Jairo Jorge, mesmo que os dois sejam candidatos, podem emparceirar uma tabelinha de respeito mútuo para uma eventual composição em segundo turno.

Há muitas possibilidades, inclusive a de que a proximidade de Nedy com Martini provoque uma eclosão na candidatura do ex-secretário pela extrema direita, que mesmo com sua filiação no PL, ainda não digeriu bem o ‘neo-bolsonarismo’ do pretendente. Mas repito: de certo, mesmo, só que já é 1º de março.

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