Lançada no Congresso da Cidade, ferramenta permite que moradores de Canoas escolham entre temas e áreas de interesse para investimentos a partir de 2024
Está no ar até o dia 26 o Opinômetro ‘diferentão’ criado especialmente para colher a posição dos canoenses a respeito do que devem ser as prioridades da cidade para 2024. Basta acessar o link clicando aqui, cadastrar nome, bairro e um contato válido para escolher entre saúde, educação, segurança pública, infraestrutura, transporte e mobilidade, meio ambiente e bem-estar animal, esporte e lazer, cultura, inclusão e emprego e empreendedorismo. Tudo online: nem precisa sair de casa nesse friozão todo.
É o Opinômetro com ‘jeitão’ de OP, o Orçamento Participativo.
O prefeito Jairo Jorge já havia prometido uma retomada da participação das pessoas nas decisões de governo quando retomou o mandato em 28 de março. A ferramenta é que à época ainda não havia sido decidida. A opção pelo Opinômetro acabou sendo tomada naturalmente: utilizada desde 2021 para decisões pontuais como a extensão do feriado prolongado no Carnaval e retomada das aulas em meio à pandemia, caiu como uma luva para esse OP mais curto, nem por isso menos relevante. A cidade é feita por pessoas: deixar de levar em conta o que elas pensam não é sensato. Não é democrático. Não é prudente.
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Não quero defender qualquer tese aqui sobre participação popular em decisões de governo, mas aponto uma que particularmente me contempla. Em 1998, o prefeito de uma cidade vizinha decidiu reunir a comunidade para anunciar um projeto para uma área pública em uma comunidade específica, de periferia e baixa renda. Havia conseguido um recurso em Brasília e, como ex-professor, achou que a escola seria a melhor opção para elevar a qualidade de vida naquele bairro.
As pessoas, no entanto, não se empolgaram com a ‘conquista’.
Na mesma reunião, ele pediu cada um indicasse, então, qual o melhor uso para aquela área que não uma escola primária. As pessoas preferiram uma praça e uma creche. O bairro, soube-se depois, era formado por muitas famílias em que as mães não podiam trabalhar porque seus filhos não tinham com quem ficar durante o dia. Os maiores podiam ser levados às escolas próximas pelos pais, mas os pequenos careciam de cuidados, alimentação e afeto.
Hoje, no tal terreno, tem a praça, a creche e a escola, como queria o prefeito da época. Mas a população, com sua capacidade de enxergar a própria necessidade mais de perto, fez outra escolha, à epoca. Acho que OP, Opinômetro ou consulta popular tem em si uma mesma condição primordial: não tirar das mãos das pessoas a decisão sobre o próprio destino.
É educativo, até.