Vilão da vez pode ser a cepa da Índia, indetificada pela primeira vez no Brasil há uma semana e que se alastra mais veloz do que a de Manaus
Os números do combate à pandemia em Canoas parecem sob controle, mas isso não significa que podemos dar a Covid-19 por vencida: com novas cepas surgindo ao redor do mundo e a vacinação engatinhando entre a maior parte da população economicamente ativa, a doença e suas conseqüências se reinventam.
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Agora, além do avanço lento da vacina, o Brasil precisa se preocupar com um inimigo que ganha terreno rápido Basil afora: a chamada cepa da Índia, a variante do novo coronavírus que chegou ao Brasil pelo porto de Pernambuco há pouco mais de uma semana. Ontem, ela já havia sido identificada em pelo menos quatro Estados, inclusive São Paulo, de onde se espalha sem a menor cerimônia por todo o país.
Pois esta cepa e sua capacidade extraordinária para o contágio pode ser a responsável por uma nova e temível terceira onda. "Comparável a de março", comenta o secretário de Saúde de Canoas, Maicon Lemos. Presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde do RS, o Cosems, ele conversou com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, em audiência na quinta-feira. E, pelo menos entre os técnicos da pasta, é consenso que o perigo se aproxima.
"Canoas encabeça a única região no Estado que não recebeu alerta no novo sistema do Governo para controle da pandemia. Nossa ocupação hospitalar gira entre 70% e 80% nas UTIs e pouco mais de 40% nos leitos clínicos. E isso se deve a nossa testagem em massa", diz Maicon. "Mas essa nova variante é muito mais rápida e tem um contágio muito maior. E certamente chegará por aqui nos próximos dias".
A conta positiva da testagem é bem simples: com mais gente recebendo o diagnóstico precoce, mais rápido é o isolamento e menor fica o contágio. O sistema de saúde absorve o paciente que requer tratamento e acompanha aquele que pode cuidar-se em casa, sem sintomas ou com poucos efeitos da doença.
Nada disso, porém, evita a terceira onda: só a identifica com mais celeridade. Maicon arrisca até um prazo para isso. "Acredito que na segunda quinzena de junho já estejamos enfrentando essa nova onda", avalia.
Ainda não é possível prever a letalidade e a necessidade de internação que essa nova cepa vai gerar – nem o comportamento do contágio com parte da população já imunizada contra a doença. Mas se considerarmos o que houve em março e acrescentarmos o fator 'frio', é de se preocupar. "Importante que as pessoas sigam tomando todos os cuidados de higiene, uso de máscara, ventilem suas casas. E todos que se enquadram na campanha, devem tomar também a vacina contra a H1N1", adianta Maicon Lemos.
Embora a vacina contra a gripe não proteja contra o novo coronavírus, evitar a H1N1 ajuda a manter os hospitais menos lotados. "A gripe A também é uma doença que exige do sistema de saúde, internações por vezes. Quanto menos lotado estiver a nossa estrutura, mais condições de atender a todos teremos", diz.