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CANOAS | Teremos uma avenida para homenagear ‘Gilded Lily’? Vida e morte, amores e tragédias da mais rica brasileira no mundo

Lily Safra morreu de causas não divulgadas no sábado, 9 de julho, em Genebra, na Suíça, 87 anos depois de nascer no distrito que se tornaria a cidade de Canoas. Foto: Reprodução

Lily Safra, a brasileira mais rica do mundo, morreu em 9 de julho em Genebra, na Suíça, 87 anos depois de vir ao mundo em terras canoenses

Elegante, requintada, amiga de grandes celebridades mundiais e rica, muito rica. Lily Safra passou a maior parte da vida aproveitando o glamour que o dinheiro pode comprar, sobrevivendo a tragédias pessoais e escândalos tão marcantes quanto o tamanho de sua fortuna. E no sábado, 9 de julho, fechou os olhos pela última vez aos 87 anos após sustentar por muito tempo o título de brasileira mais rica do mundo, já tendo ocupado a 11ª posição entre o seleto grupo das bilionárias do planeta, com uma fortuna estimada em 1,3 bilhões de dólares em 2021 – eram 3,8 bilhões em 2008, mas ela vinha repassando os negócios aos herdeiros e fazendo filantropia generosamente. As causas da morte de Lily Safra não foram divulgadas pela família e o sepultamento em Mônaco, envolto em discrição, em nada lembrou a origem humilde da gaúcha que veio ao mundo em um dia de verão de 1934 em um distrito de Gravataí que em poucos anos se tornaria a cidade de Canoas.

O local de nascimento de Lily foi alvo de uma pesquisa do editor do Diário de Canoas, Jeison Silva, e eu, em abril 2019. Na época, a sociality havia feito uma doação de R$ 10 milhões ao esforço de reconstrução da categral de Notre Dame, acometida por um incêndio em Paris. Uma biografia da herdeira do banqueiro Edmond Safra escrita pela jornalista Isabel Vincent chamada ‘Gilded Lily’ (Lily Dourada, em tradução livre), não autorizada no Brasil por uma ação de um sobrinho de Lily, Leonardo Watkins, afirma que ela nasceu em Canoas. Na manhã desta sexta-feira, 22, mais uma informação corrobora com a tese: um perfil escrito pelo colunista social Paulo Gasparotto e citado pelo escritor e jornalista Márcio Pinheiro. Nele, Gasparotto conta que Lily nunca escondeu de ninguém que nascera em Canoas, em 30 de dezembro de 1934, seis anos e alguns dias antes de Edgar Braga da Fontoura assumir a condição de primeiro prefeito da cidade, em 1940.

Em alguns outros textos, no entanto, o local de nascimento de Lily é creditado como Porto Alegre. Em dezembro de 2020, relembrei a pesquisa que Jeison e eu fizemos em um post aqui no Seguinte: chamado Lily Safra, a canoense, de volta às manchetes que reproduzo trechos abaixo, com atualizações.

Quem foi a Lily Dourada

Lily nasceu Watkins era a filha mais velha do engenheiro ferroviário checo Wolf Watkins e sua esposa, Annita Noudelman de Castro, uma uruguaia de origem russo-judaica. É provável que o registro de Lily Watkins tenha sido feito em Porto Alegre com o auxílio de algum membro da comunidade religiosa da mãe, o que explica não haver sequer uma menção ao batismo dela nos compêndios da diocese católica.

A família viveu em solo gaúcho o suficiente para ver a efervescência política que tornaria aquele distrito de pouco 40 mil habitantes no final dos anos 30 em um município promissor no início dos anos 40. Já havia o loteamento Niterói e a instalação da Base Aérea trouxe, em seguida, a certeza de que a então Aldeia dos Anjos não poderia mais chefiar os destinos de Canoas.

Wolf Watkins, no entanto, havia terminado seus compromissos profissionais com a ‘The Porto Alegre & New Hamburg Brazilian Railway Company Limited’, que fora propriedade do empresário inglês John MacGinity, responsável pela linha férrea entre a capital e São Leopoldo. Um homem com suas habilidades conseguiria oportunidades melhores no Centro do país onde a demanda por transporte se expandia mais rapidamente do que no Sul. Mudou-se para o Rio de Janeiro e seguiu sua bem sucedida carreira de engenheiro. No Rio, Lily teve uma educação esmerada: falava francês e inglês fluente na adolescência. Aos 17 anos, Lily casou-se com o industrial argentino Mário Cohen, fabricante de meias de náilon. Ele morreu em um acidente de carro no início dos anos 70 depois de ter quatro filhos com Lily e separar-se em 1965. Foi nessa época que ela conheceu o empresário Alfredo Monteverde, o Freddy, dono da redes de lojas Ponto Frio.

Casamentos e tragédias

Cohen não foi o único marido de Lily Watkins que teve um final de vida trágico. Monteverde foi encontrado morto com dois tiros no tórax um dia após anunciar sua separação. A investigação, na época, concluiu que se tratou de um suicídio resultado de uma crise depressiva em 1969. Lily e Freddy tiveram dois filhos.

A milionária ainda teria uma rápido casamento com um empresário britânico, anulado meses depois, em 1972. Já em 1976, ela se casa com Edmond Safra, o homem que lhe daria o sobrenome definitivo e um casamento que durou 23 anos.

Edmond Safra e Lily, em meados dos anos 80

Safra morreu sufocado no banheiro de sua suíte em Mônaco, em 1999, inalando muita fumaça em consequência de um incêndio. A investigação concluiu que se tratou de um ato criminoso. O enfermeiro americado Ted Maher foi condenado em 2002 após ter confessado que ateou fogo ao apartamento de Edmond Safra com a intenção de protagonizar um salvamento heróico e ser recompensado por isso.

A família Safra, que já tinha divergências com Lily, cortou relações com a viúva de vez.

Amiga do futuro rei da Inglaterra

A partir do casamento com Safra, Lily passou a frequentar a alta roda da sociedade europeia. Suas recepções a deixaram famosa pela grande preocupação com os detalhes. Passou a praticar a filantropia e a auxiliar entidades de combate à pobreza na África e de avanços científicos nos Estados Unidos. Entre as entidades que receberam polpudas doações de Lily estão as que se dedicam à busca por tratamento e cura do Mal de Parkinson, doença que acometida Edmond.

Villa Leopolda, considerada a segunda propriedade mais cara do mundo

Lily foi dona da Villa Leopolda, uma mansão na Riviera Francesa avaliada 1,2 bilhões de dólares e considerada a segunda casa mais cara do mundo. A propriedade pertenceu a Leopoldo II, sua majestade Belga, e a Gianni Agnelli, fundador da FIAT.

Na Villa Leopolda, Lily recebeu presidentes, príncipes e reis. Um deles, o príncipe Charles, herdeiro do trono britânico. Foram amigos até o final da vida da brasileira. Para se ter uma ideia da proximidade deles, Lily foi a única convidada brasileira para o casamento de Willian e Kate Middleton em 29 de abril de 2011.

Lily estava vivendo entre Londres e Genebra. Uma fundação criada enquanto seu último marido ainda estava vivo cuida do trabalho de filantropia em seu nome e já recebeu uma imensa coleção de jóias e quadros valiosos – entre eles, quatro Van Gogh originais. Desde que partiu com os pais em 1941, Lily nunca mais voltou a Canoas.

Será que cabe uma homenagem a ela pelas ruas de Canoas?

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