opinião

Carnaval de Gravataí não terá dinheiro público; eu lamento

Escola de Samba Acadêmicos de Gravataí em desfile no sambódromo de Porto Alegre

Como em anos anteriores, o governo Marco Alba (MDB) não vai destinar recursos para a escola de samba Acadêmicos de Gravataí e nem promoverá programação de Carnaval neste ano.

Consultei a Prefeitura e a resposta veio da Procuradoria-Geral:

– A Escola de Samba Acadêmicos de Gravataí tem falha na sua prestação de contas que apontaram uso indevido de recursos públicos e motivaram um processo judicial de cobrança dos valores. Enquanto as obrigações com o poder público não forem quitadas, não se pode ter contratação com o mesmo. Além disso, há uma orientação do Ministério Público para não realizar repasses à escola por conta deste incidente, até que o mesmo seja saneado.

Segue a nota:

– Além disso, mesmo que a escola estivesse em situação regular, neste momento, não haveria tempo hábil para se firmar um possível convênio.

É uma pena, já que falta de orçamento, ao menos neste ano, não parece um problema para a Prefeitura.

Lamento mais ainda constatar que pesquisas mostram que quase 9 em cada 10 brasileiros apóiam o corte de verbas de prefeituras para a festa popular.

Ao fim, Marco Alba não será criticado, e sim aplaudido por não ajudar a tradicional escola de Gravataí ou promover carnaval de rua.

Como comentei ano passado, o Carnaval parece viver hoje, pelo menos perante a opinião pública, a sua Quarta-Feira de Cinzas. 

Enquanto o leitor reflete entre prioridades e preconceitos, reproduzo o precioso samba-enredo da Mangueira para 2020, ‘A Verdade vos Fará Livre’.

 

Eu sou da Estação Primeira de Nazaré

Rosto negro, sangue índio, corpo de mulher

Moleque pelintra do buraco quente

Meu nome é Jesus da gente

Nasci de peito aberto, de punho cerrado

Meu pai carpinteiro desempregado

Minha mãe é Maria das Dores Brasil

Enxugo o suor de quem desce e sobe ladeira

Me encontro no amor que não encontra fronteira

Procura por mim nas fileiras contra a opressão

E no olhar da porta-bandeira pro seu pavilhão

Eu tô que tô dependurado

Em cordéis e corcovados

Mas será que todo povo entendeu o meu recado?

Porque de novo cravejaram o meu corpo

Os profetas da intolerância

Sem saber que a esperança

Brilha mais que a escuridão

Favela, pega a visão

Não tem futuro sem partilha

Nem messias de arma na mão

Favela, pega a visão

Eu faço fé na minha gente

Que é semente do seu chão

Do céu deu pra ouvir

O desabafo sincopado da cidade

Quarei tambor, da cruz fiz esplendor

E num domingo verde e rosa

Ressurgi pro cordão da liberdade

Mangueira

Samba que o samba é uma reza

Se alguém por acaso despreza

Teme a força que ele tem

Mangueira

Vão te inventar mil pecados

Mas eu estou do seu lado

E do lado do samba também

 

Assista ao vídeo com o samba

 

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