opinião

Cláudio Ávila deu um 1º de abril em Bordignon; o habeas corpus

Cláudio Àvila e o cão Marvel na noite do 4 de abril

Cláudio Ávila ganhou um habeas corpus, se não eterno, porque em política o “sou teu” de hoje é o “bandido!” de amanhã, pelo menos durante a campanha eleitoral de 2020.

Na contagem regressiva para o fechamento da janela de trocas partidárias às 23h59 deste sábado, o advogado – que apelidei ‘Dr. Golpeachment’ por trazer no lattes a cassação de uma prefeita, Rita Sanco, em 2011, em Gravataí; e o livramento de outro, Miki Breier, em 2019, em Cachoeirinha – voltou ao protagonismo que lhe é característico, estrelando como um Leonardo de Caprio no filme aquele, que não é o Titanic.

Passou a conversa em Daniel Bordigon, ex-prefeito por dois mandatos, deputado estadual por oito anos e ‘Grande Eleitor’ de, com todo respeito, mas na linguagem nunca agradável das eleições, ‘postes políticos’.

Conto, sem detalhes desnecessários.

Cláudio Ávila foi o coordenador da campanha que em 2018 fez de Dimas Costa o primeiro suplente de deputado estadual pelo PSD e, para as ambições do vereador em concorrer à Prefeitura, o político mais votado em Gravataí.

O crescimento de Dimas atraiu apoios e Ávila começou a aparecer mais no Fórum (trabalhando), do que nas manchetes políticas e na articulação para a campanha de 2020. Os dois millennials estremeceram politicamente, como tratei em Dimas e Cláudio Ávila brigaram; o block, a Boca Rosa e a Rafa Kaliman, apesar de seguirem parceiros de copo.

Em meio à 'DR', Ávila, que ainda não estava filiado ao PSD, e nem ninguém de seu grupo, procurou Bordignon e pediu para se filiar ao PDT para concorrer a vereador.

A reconciliação seguiu em segredo porque era o Daniel cujos ‘elogios’ feitos a Cláudio (depois que separaram a parceria que fez um vice do outro na eleição de 2016, ganha nas urnas, e cassada no ‘tapetão’) motivaram o advogado a registrar de uma ocorrência policial por calúnia e difamação.

O que começou como uma troca de mensagens e, conforme o colunista social Chico Pereira, terminou com Bordignon cozinhando para Ávila, apagou também o debate, profundo como uma poça e espirrando lama para todos os lados, travado entre Ávila e a vereadora Rosane Bordignon, esposa de Daniel, com Dimas no epicentro, o que tratei nos artigos  Anabel e Rosane para Prefeitura; a Bordignon solta o verbo e Cláudio Ávila responde Rosane Bordignon; os melhores amigos e piores inimigos.

Nesta sexta, o peso de Bordignon bancou Ávila em uma reunião da executiva municipal do PDT. Das carinhas na tela do aplicativo, três de 12 foram contrários à filiação. Dois nomes apurei: José Amaro Hilgert e Lisiani dos Santos, filha do falecido ex-prefeito Abílio e neste momento já desfiliada, “devido aos últimos acontecimentos”, conforme carta que vazou para Luis Felipe Teixeira, colunista do Giro de Gravataí.

A presidente Anabel Lorenzi fez cara de Monalisa e não usou de seu empoderamento de candidata a prefeita para vetar Ávila.

Dos vereadores, Rosane também aceitou o antigo parceiro de canastra e amigo secreto na noite de Natal na Paragem Verdes Campos. Contrários, Wagner Padilha fez drama e Dilamar Soares acendeu um cigarro atrás do outro, mas manteve a fidelidade a Anabel. Ambos fizeram o alerta sobre os riscos a harmonia do partido com a ‘infecção’ pelo ‘ÁVILA-VÍRUS’ – que não costuma dividir o ar com muita gente na coordenação das campanhas.

Aprovado, Ávila enviou os documentos a Bordignon e a filiação foi lançada pela internet. Até o cair da noite, quando o advogado cancelou o registro no PDT e se filiou ao PSD, de Dimas.

Como alguém que dá um fora, mas ainda tem sentimentos pelo outro, Ávila foi delicado ao falar com o Seguinte:.

– Foram meses de conversa, autorizei Bordignon a submeter meu nome ao PDT e agradeço a acolhida. Mas fiz uma retrospectiva do que vivi com Dimas até aqui, conversamos sobre os planos para a cidade e vou ficar onde estou. Também me considero responsável por chegarmos até aqui, com uma candidatura com potencial de ganhar a eleição. Não posso deixar de estar ao lado do meu amigo Dimas neste momento crucial para o futuro da cidade – disse.

– Muito me honrou o restabelecimento de uma relação de respeito com o Bordignon, de quem tive a honra de ser vice, e a aprovação do PDT, um partido que tem como candidata uma mulher digna, com quem também já disputei junto duas eleições.

Ao fim, e também apostando na inesquecível falta de memória, ou apagamento seletivo da memória por parte dos políticos, Ávila voltou às paradas de sucesso mesmo que tenha deixado mal um expert da política, Bordignon, que confiou no seu desejo de um remember2016 – nem que fosse para, como Marco Alba conseguiu ontem com Alex Peixe, e contei em Peixe troca Dimas pelo governo Marco Alba; o motorista e o jardineiro, fazer com que o adversário Dimas perdesse outro apoio.

Fato é que Ávila fecha o sábado como o cara que Bordignon queria e Dimas se esforçou para segurar. O poder de Ávila por óbvio vai crescer na campanha que, é o natural, deve repetir a proximidade Dimas-Ávila de 2018 – enquanto com Dimas estiver, e, sobre isso, os últimos acontecimentos mostram que só ele pode responder.

Como contei ontem no artigo sobre o Peixe, “é como aquela história dos três que levantaram do bar, às três da manhã, e cada um reparou que os outros estavam completamente embriagados. São coisas da política, assim agem os políticos!”

Por mais elegante que seja o agradecimento de Ávila a Bordignon, não vejo percepções além das que manifesto a seguir.

Quem tem memória da política na aldeia vai comparar com ‘O Caso da Fita’. Em 2011, o advogado autor do pedido de impeachment da prefeita Rita sentou com o então deputado no Hotel Intercity e conversaram sobre como firmar uma parceria. Dias depois ‘vazou’ para o blog do Políbio Braga que Ávila tinha uma gravação da reunião onde supostamente Bordignon teria oferecido cargos para salvar Rita.

(A fita nunca apareceu).

Quem conhece a maldade e a grenalização da política sabe que o resumo dessa ópera burlesca será contado pela aldeia como um ‘1º de Abril’ que o menino Cláudio Ávila aplicou no veterano Daniel Bordignon.

Não curti nada dessa história.

Para Bordignon, além de sabedor que, ao ler este artigo, talvez mais gente de seu partido do que de outros estoure o lacre da latinha bem gelada e sorria, resta assimilar o golpe. Como dizia Millôr, “quem não quer ser Brizola que não lhe vista a pele”.

 

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