Por vezes penso que nos esquecemos de dar atenção aos pequenos gestos, essas coisas ordinárias, no sentido de corriqueiras, usuais e que muitas vezes fazem a diferença em nosso dia. Sabe aquele cumprimento que porteiro ou porteira te dá e você responde no “piloto automático”, um seco bom dia ou boa tarde? Você já olhou para o porteiro ou porteira ao dizer isso?
Você já abriu um sorriso ao pensar que, realmente, mesmo com o cinzento céu pode ser um bom dia? O cotidiano nos parece tão banal e sem importância, mas se dermos a ele um olhar diferente, podemos até encontrar largos traços de alegria e humor.
Dia desses resolvi prestar atenção nas coisas ordinárias que encontro em meu trajeto de casa ao trabalho. No caminho, cacos de vidro do que fora uma taça. Poderiam ser resquícios de um brinde de amor ou uma simples queda no transporte delas. Na prática, um lixo fora de lugar. Sigo em frente.
Na parede de um prédio, uma inscrição: “Desligue a TV! Ascenda a tua mente”. Essa frase seria fruto de arte ou arteirice? Ou vandalismo no prédio público? Você pode escolher qual sentido atribuir. Eu escolhi fazer uma pausa para pensar sobre o tempo que emprego em frente a esse equipamento que me fascina.
Concentrada em meus pensamentos cheguei ao local de trabalho. O vigilante me recebeu com um sorriso lindo e perguntou se eu estava feliz com a vitória do nosso time de futebol. Afirmo que sim. Fizemos mais alguns comentários sobre o jogo e rimos com a cumplicidade de quem tem algo em comum. Pouco sei sobre o seu Paulo, mas sua gentileza me encanta.
Fui para minha sala iniciar a jornada diária. A mesa cheia de projetos a serem desenvolvidos. Lembrei-me de um cartazete que vi no mural da faculdade com uma citação de Sócrates (o filósofo): “Tome cuidado com o vazio de uma vida ocupada demais”. Sim, temos muitos compromissos, mas podemos e devemos nos permitir ocupar nosso tempo também com as coisas simples da vida.
