turismo & aventura

Com o pé na estrada rumo a Ushuaia

Mesquita, Verginia e a Mão do Deserto, escultura localizada no Deserto de Atacama, no Chile

Com o pé na estrada. Aliás, com o carro na estrada, espírito aventureiro e vontade de conhecer novos lugares, com suas peculiaridades culturais, gastronômicas, linguísticas e seus jeitos de vestir e de viver. Totalmente desprovido de preconceitos.

É assim que o casal Márcio Mesquita Gonçalves, advogado de 42 anos, e a e servidora pública estadual Vergínia Caiaffo, de 34, partiu para uma nova aventura na última sexta-feira (16/12), desta vez rumo a Ushuaia, extremo Sul da América do Sul.

Os dois, moradores de Gravataí, saem com rumo certo e data estabelecida para voltar pelo menos uma vez por ano. Seja em território nacional ou por países vizinhos.

Ambos já estiveram por exemplo, na Argentina. Já foram duas vezes ao Uruguai (roteiros diferentes), visitaram o Chile e o instigante deserto de Atacama além da ilha de Chiloé, ponto mais ao sul daquele país.

 

De todo jeito

 

Mesquita – como é chamado pelos amigos e familiares – viaja apenas com a esposa, Vergínia. No ano passado quase saíram para a estrada com mais um casal, mas na última hora acabaram indo apenas os dois.

Na estrada, conta o advogado, é possível ver de tudo.

— Tem gente viajando em grupo, pessoas sozinhas, homens, mulheres, a pé, com bicicleta, carro velho e carro novo, gente com filhos, tem de tudo — conta Mesquita.

Na internet, Mesquita mantém página na rede social Facebook e um site (http://www.mundo100fronteiras.com.br/) no qual publica imagens das empreitadas que já realizou por algumas estradas da América do Sul.

— Tem muita gente que pensa ou quer fazer este tipo de viagem. As vezes o que falta pé um incentivo, um empurrão — garante, assegurando que o turismo que pratica é muito seguro e pode ser realizado por qualquer pessoa.

 

: Mesquita – como é chamado pelos amigos e familiares – viaja apenas com a esposa, Vergínia

 

O ano inteiro

 

Ele mesmo garante que, há alguns anos, não se imaginava realizando viagens como as que, agora, se tornaram uma rotina e são extremamente aguardadas, planejadas e preparadas durante quase todo o ano.

— Eu pensava que isso era coisa de louco. Imagina! Isso não é pra mim, não vou viajar 11 mil quilômetros. A gente está acostumado a ir ali no litoral de Santa Catarina e voltar, ou comprar um pacote de ir ao Nordeste e voltar mas não é a mesma coisa.

As viagens que o casal realiza tem um foco específico: conhecer pessoas! Mesquita e Verginia querem enfrentar o ir e vir, saber das dificuldades do povo, como vivem as pessoas, do que se alimentam, como falam, o que vestem…

A última viagem foi a mais longa, de 25 dias, com 10.540 quilômetros. Nos planos do casal já estão uma viagem ao Peru, a próxima, para conhecer as ruínas de Machu Picchu, do Império Inca, e um roteiro incluindo o Nordeste brasileiro, ainda sem data.

 

Não é só fotos

 

Para o Seguinte:, antes de partir, Mesquita disse que o mais interessante das viagens que já fez é mesmo o contato com os habitantes dos locais visitados.

— O deserto do Atacama, por exemplo, é lindo. Tu vê as fotos e acha tudo muito bonito. Mas a cultura do povo atacamenho é infinitamente maior, a história deles é muito interessante.

A fotografia, segundo garante, não consegue retratar nem a metade da beleza implícita de um determinado lugar.

— Mas a partir do momento em que a gente para e conversa, procura saber da história daquele local, acaba ficando apaixonado. No nosso caso, por exemplo, já chegamos em vilarejos e nos apaixonamos ao ponto de querer ficar ali para o resto da vida. Mas tgão logo chegamos em outro ponto e conversamos e conhecemos, é uma nova paixão que se estabelece — explica.

 

Maior dificuldade

 

O maior problema enfrentado até agora pela dupla MV – Mesquita e Vergínia! – não foi um motor pifado, pneu furado e sem estepe, acidente, doença, risco de assalto ou qualquer outro tipo de perrengue.

— O nosso problema, o mais frequente e mais sério, é o preconceito. No nosso caso, quando saímos de casa, brincamos que estamos deixando 10 malas, todas elas cheias de preconceito — conta Mesquita.

Não cabe, ou não é oportuno e nem conveniente, traçar paralelos entre a realidade do lugar visitado e o que é vivido no Brasil, principalmente na região onde moram e na qual enfrentam o cotidiano.

Mesmo assim, consciente do que não querem, já aconteceu de, involuntariamente, compararem situações. O Chile, por exemplo, é um país com muita segurança, e onde viveu uma situação insólita em sua primeira viagem de aventura.

Foi em um hostel, expressão que o turista usa quando não quer dizer que ficou em um albergue. Aliás, albergues que muitas vezes superam em atendimento e conforto muitos hotéis espalhados pelo mundo!

— No final do dia já nos preparando para passar a noite, perguntei se havia algum lugar seguro para deixar meu notebook, a máquina fotográfica, que não queria deixar no carro.

 

Abraçado no note

 

O atendente até brincou com Mesquita dizendo que ali, no Atacama, não era como na Argentina ou no Brasil e que a existência de câmeras de vigilância era para um simples monitoramento já que não havia qualquer risco de furto dos objetos.

Mesmo assim, Mesquita confessa:

— Meu note, como tem material de trabalho, levei para o quarto e dormi abraçado nele!

A cultura do medo com que vive o brasileiro de modo quase geral, é algo que deve ser deixado em casa na hora de sair para uma viagem. O que acontece no Brasil, em termos de violência, não é a realidade de outros países.

— O que tem aqui não tem no Chile, no Uruguai ou na Argentina, pelo menos nas mesmas proporções. No Chile mesmo chegamos a dormir na beira da estrada! O problema do brasileiro é que nós carregamos esses medos do pior, sempre achando que vai acontecer alguma coisa.

 

Conforto na estrada

 

Quem conta é Mesquita.

— A autoestrada, que é a Rota 5 no Chile, é uma excelente rodovia. Tem pedágio a cada 100 quilômetros, um pedágio caro, mas também a cada 100 quilômetros existem áreas de descanso com água quente, papel higiênico de boa qualidade, chuveiro quente, sabão líquido, área para dormir… A Rota 5 é de muito boa qualidade!

 

Argentino sacana

 

Outra do Mesquita.

— Na Argentina, eu precisava encontrar a Rota 12 para ir a Uruguaiana mas, não sei como,  acabamos passando. A gente estava voltando para casa. No pedágio, logo adiante, perguntei ao policial e ele disse que eu deveria voltar e orientou o que eu tinha que fazer.

— Quando voltei para o carro comentei com minha mulher: “esse argentino está me sacaneando!”. É o tal do preconceito que a gente carrega junto. Andei mais uns 50 quilômetros até que resolvi voltar e, daí, achar o caminho certo como o guarda tinha ensinado.

 

O livro

 

Márcio Mesquita Gonçalves, além de advogado e turista-aventureiro-eventual, também está se lançando no mundo das letras. Ele escreveu um livro “Caminhos que levam ao Chile”.

E está na expectativa, esperando que a obra seja impressa, em breve, na Companhia Riograndense de Artes Gráficas, a Corag. O mesmo é que a empresa – que é estatal – seja privatizada ou extinta pelo governador José Ivo Sartori.

No livro ele relata o dia-a-dia da viagem, curiosidades e valores tanto de hotéis quanto de camping, estradas a seguir. É um trabalho com orientações gerais para quem quer “botar o pé na estrada” e ainda é leigo neste tipo de aventura.

 

O retorno

 

O casal só volta para o Residencial Ibiza, onde mora, em Gravataí, no dia 15 de janeiro. É que nesta data acabam as férias de Verginia e, no dia 16, ela tem que voltar a trabalhar.

Participe de nossos canais e assine nossa NewsLetter

Facebook
WhatsApp
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Conteúdo relacionado

Receba nossa News

Publicidade