— Vai ter peleia! Vamos lutar até o fim para que os trabalhadores não percam seus direitos. Não vamos admitir que eles (a direção da General Motors) imponham essa pressão para que o trabalhador pague a conta do lucro que o capital está exigindo!
Foi com esta declaração que o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí (Sinmgra), Valcir Ascari (popular quebra-molas)reagiu na manhã de hoje (28/1) a proposta que altera a relação da empresa com seus colaboradores é que foi apresentada pelo presidente da GM Mercosul, Carlos Zarlenga, à categoria.
Valcir participou na primeira hora desta segunda-feira de uma videoconferência com a cúpula da GM Mercosul, ao lado do prefeito Marco Alba (MDB), do Procurador Geral do município Jean Pierry Torman e do diretor jurídico do sindicato, Edson Dorneles. Nesta terça ele viaja a São Paulo para ter um encontro com o presidente Zarlenga.
E na quarta, na sede da montadora, em São Caetano do Sul, integra a comitiva gaúcha liderada pelo governador do estado, Eduardo Leite (PSDB), ao lado do prefeito Alba, para uma nova reunião com Carlos Zarlenga e Marco Munhoz, vice-presidente para o Brasil.
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Assembléia
Para o final da madrugada início da manhã desta terça-feira, por volta das 5h30min, Ascari está programando uma mobilização dos trabalhadores diante do portão principal do Complexo Industrial Automotivo de Gravataí (Ciag). Na troca de turno, ele quer saber o que pensam os funcionários sobre os 28 pontos propostos pela montadora.
— Somos contra o trabalho intermitente. Daqui a pouco o trabalhador vai estar ganhando menos que um salário mínimo. Outra coisa: Nós temos uma carga de 40 horas semanais, vamos lutar para manter isso — anunciou.
Outro ponto que Valcir Ascari já adiantou que tem a contrariedade do Sindicato dos Metalúrgicos se refere à Participação nos Resultados, o PLR, que deixaria de ser pago neste ano embora já estivesse até com valores definidos, de R$ 12.000,00 a R$ 15.000,00. Para 2020 o PLR proposto é de 50% e 100% só no terceiro ano, em 2021.
— Eles foram muito claros dizendo que se em dez dias, ou 15 dias no máximo, não obtiverem o que querem, cortarão investimentos. Porém, os trabalhadores não podem pagar a conta porque eles querem lucrar mais — reiterou o presidente.
Ascari também manifestou preocupação com o futuro, seja com a redução dos investimentos em Gravataí com reflexo na produtividade e consequente desemprego, ou por causa da aplicação das novas regras na relação empresa-empregados.
— Não é só a indústria que perde. Quando a indústria para, os outros setores já estão na UTI. Só haverá consumo na cidade se os trabalhadores da indústria estiverem bem. Essa é uma pauta de toda a sociedade. Não adianta os patrões tentarem reduzir custos a qualquer preço.
No sábado
O diretor de Assuntos Jurídicos do Sinmgra Edson Dorfneles participou sábado que passou, pela manhã, de uma reunião com outros 27 líderes sindicais que representam, os trabalhadores do Complexo Industrial Automotivo de Gravataí (Ciag) e executivos que representam a montadora de Detroit, nos Estados Unidos, que tem a principal linha de produção da América Latina, em Gravataí.
Segundo informações – que a direção da General Motors não confirma! – são cerca de seis mil trabalhadores no site da aldeia dos anjos, cerca de 2,7 somente na própria fábrica. Sobre a reunião de sábado, o diretor Edson Dorneles disse que “foi muito tensa”, considerando a rejeição às propostas que mexem na composição salarial e o que definiu como “direitos consolidados” da categoria.
A montadora da aldeia abriga produz o Onix, mais vendido do país pelo quarto ano consecutivo. Foram 210.458 veículos comercializados em 2018, ou 15% da fatia de mercado. E o Prisma, líder de vendas em seu segmento e que fechou o ano passado com 71.735 unidades emplacadas.
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AS FOTOS
Na manhã de hoje, enquanto aguardavam o final da videoconferência que se realizava no interior da fábrica, jornalistas da capital e sindicalistas que estavam diante do portão principal da montadora notaram a retirada da estrutura com o símbolo da GM.
E não pouparam:
— Já começaram a desmontar a fábrica!
Confira as imagens.
: Antes, com a estrutura do complexo
: Agora, só com as bases de fixação
Confira no vídeo abaixo o que o presidente dos metalúrgicos de Gravataí, Valcir Ascari, falou para o Seguinte:.
Pontos da discórdia
Conheça os 28 itens propostos pela GM e que são contestados pelos sindicatos dos trabalhadores da montadora.
1 – Negociação da PLR com revisão de regras de aplicação, prevalência da proporcionalidade, transição para equivalência salarial e inclusão da produtividade (Absenteísmo)
2 – PLR por três anos sendo, 0% no primeiro ano (2019), 50% no segundo e 100% no terceiro ano (2021)
3 – Nova grade salarial para horistas e mensalistas, progressão salarial com congelamento para o ano de 2019 e nova tabela salarial, inclusive para cargos especializados
4 – Formalização de acordo coletivo de longo prazo, dois anos, e renováveis por mais dois anos
5 – Negociação de valor fixo em substituição ao aumento salarial para os horistas e meritocracia para os mensalistas, sendo, 0% no primeiro ano (2019), 60% no segundo e 100% (da inflação) no terceiro ano
6 – Implementação do trabalho intermitente por acordo individual e coletivo
7 – Terceirização de atividades meio e fim
8 – Jornada de trabalho de 44 horas semanais para contratações novas
9 – Piso Salarial de R$ 1.600,00
10 – Redução do adicional noturno para percentual previsto em Lei (20%)
11 – Supressão de pagamento de hora extra, com adicional diferenciado limite de 29,275 horas
12 – Redução do período de complementação do auxilio previdenciário para 60 dias, limitado a um evento (afastamento) por ano
13 – Introdução de cláusula no acordo coletivo de trabalho regulando a possibilidade de suspensão do contrato de trabalho (layoff)
14 – Revisão, inclusão, exclusão de adequação das cláusulas sociais
15 – Exclusão da garantia de emprego aos empregados acidentados
16 – Cláusula regrando a adoção de termo de quitação anual de obrigações trabalhistas
17 – Acordo específico de flexibilidade de jornada de trabalho por meio do banco de horas
18 – Rescisão no curso do afastamento para empregados com tempo para aposentadoria
19 – Desconsideração de horas extras extraordinária
20 – Trabalho em regime de tempo parcial
21 – Jornada especial de 12 por 36 horas
22 – Ajuste na cláusula de férias com parcelamento previsto na lei
23 – Inaplicabilidade de isonomia salarial acima de 48 meses para grade nova
24 – Suspensão da contribuição da GMB por 12 meses do PreviGM
25 – Alteração do Plano Médico
26 – Renovação dos acordos e flexibilidades existentes
27 – Manter o acordo de manutenção e escala sem pagamento das folgas
28 – Fim do subsídio do transporte ou inclusão de linhas regulares
Fonte: Sinmgra