3º Neurônio | opinião

Cenários venezuelanos vistos de Washington

Nicolás Maduro, presidente da Venezuela

Os estrategistas prrofissionais de Washington vislumbram três cenários sobre o desfecho da crise venezuelana. Siga a análise de André Araújo

 

MELHOR CENÁRIO

A cúpula do Exército Venezuelano depõe Maduro e convoca nova Constituinte onde, com anistia para as forças aemadas, se convocam eleições.

Esse é um cenário difícil de combinar com a realidade. Maduro literalmente "comprou as forças armadas" com benefícios, cargos, domínio sobre a PDVSA.

Além do poder do Exército (130.000 homens) há o poder paralelo das milícias (400.000) que não estão sob controle do Exercito e que se beneficiam da manutenção de um governo Maduro, não são páreo para o Exército mas tampouco vão aceitar pacificamente a queda de Maduro. 

Reação imprevisivel.

 

CENÁRIO MAIS PROVÁVEL

Parte do Exército se rebela contra Maduro e parte não, instala-se uma GUERRA CIVIL sangrenta, onde as milícias terão parte ativa, muitos mortos e feridos.

Dúvidas sobre a Força Aérea,  baseada em caças Sukkoi, parte desses caças (50 a 60%) não voam por falta de peças.

Uma guerra civil pode se prolongar por muito tempo mas Maduro não tem perspectiva de vencer. Não é prevista a participação de forças estrangeiras.

CENÁRIO POSSIVEL MAS IMPROVÁVEL

Intervenção militar por uma coalizão dos grandes países sul-americanos liderados pelo Brasil com Colombia, Peru e Argentina.

A liderança do Brasil é inevitável porque a Colombia é inimigo historico, vem do mesmo DNA de Simon Bolivar, o Peru não tem estatura, a Argentina é muito distante, os EUA não querem mais exercer um papel imperialista na América Latina mas serão parte da coligação porque tem interesse na queda de Maduro.

O papel dos EUA será fundamental numa operação aerotransportada sobre Caracas porque a Venezuela tem seis Grupos de Artilharia Anti-Aérea de fabricação russa e de alta eficiência (A-300) e poderiam abater aviões de uma operação aerotransportada. Caberia os EUA anular essas baterias por mísseis.

Uma operação aerotransportada seria também arriscada porque a Venezuela é um País de grande extensão, Caracas é uma grande cidade, existem as milícias, mas o Exército não é muito profissiional como o da Colombia ou Chile, é considerado de moral baixa.

De qualquer modo uma operação de intervenção teria muitas baixas para os países da coligação, em qualquer circunstância, teria consequências políticas internas no Brasil e Peru, menos na Colombia, pais há décadas vivendo em ambiente de guerra.
 

POSIÇÃO DA RUSSIA E DA CHINA

A Venezuela não está na área de influencia geopolitica da Russia e da China e dificilmente esses paises arriscariam uma guerra por um País tão longe de seu espaço estratégico. A Russia tem acordos de fornecimento de material bélico e a China é credora da Venezuela de US$ 53 bilhões, por compra paga antecipadamente de petroleo para entrega futura, portanto tem um interesse especifico na Venezuela. MAS a China também não está satisfeita com o Governo Maduro que, por sua ineficiencia, tem falhado nas entregas de petróleo e a China tem recusado novos pedidos de empréstimos de Maduro.
 

O INTERESSE DOS EUA

1. Impedir a projeção de influência estratégica da China em primeiro lugar e da Russia na América do Sul.

2. As reservas de petróleo na Franja do Orinoco, hoje já em pequena exploração pela CHEVRON, essas reservas são as maiores do mundo (530 bilhões de barris). Já o fornecimento atual de petróleo da Venezuela aos EUA é desprezivel, cerca de 350.000 barris dia, Angola sozinha fornece 1.5000.000 de barris/dia e o Canada 4 milhões para um consumo de 21 milhões de barris/dia.

Para maior exploração das reservas do Orinoco é fundamental segurança jurídica que hoje o Governo Maduro não pode dar, os investimentos necessários são da ordem de dezenas de bilhões de dólares e a localização dos poços exigem grande rede de oleodutos em áreas de selva tropical.
 

PAPEL DO BRASIL

Hoje o Brasil não tem capacidade de liderança diplomática para formar uma coalizão de intervenção na Venezuela, então é hipótese pouco provável apesar do desejo dos EUA para que o Brasil exerça esse papel.

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