O maior lixão a céu aberto na zona urbana de Gravataí, ou um dos maiores, atualmente, está em um endereço onde, já há um bom tempo, deveria estar funcionando um mega-empreendimento comercial, coisa de mais de R$ 300 milhões quando o investimento foi tornado público, lá no distante ano de 2012: o terreno do Zaffari, na parada 60 da avenida Dorival de Oliveira.
A situação da área, conforme o colunista apurou agora à tarde, é de completo abandono. Muito diferente de quando estivemos no local em julho de 2017 com o então “gerentão” do governo Marco Alba (MDB), o ex-secretário municipal da Habitação, Saneamento e Projetos Especiais, Luiz Zaffalon. É, hoje, definitivamente, um dos maiores depósitos de lixo da cidade. Ou o maior.
E olha que há um ano e meio Zafalon disse para o Seguinte:, com todas as letras, que o empreendimento poderia não sair.
O que Zafalon disse na ocasião sobre Cláudio Zaffari, diretor do Grupo Zaffari:
— Ele me liga toda semana querendo saber se temos novidade, se a situação está resolvida, estas coisas. Tenho até vergonha de dizer ao Cláudio que está tudo parado.
Sobre a possibilidade de Gravataí perder o investimento:
…E quando já estava prestes a entrar no carro, para ir embora, deu a resposta que está lá no começo desta matéria erguendo os ombros, esticando os braços um pouco à frente do corpo com as palmas das mãos viradas para frente, cenho franzido e um meio muxoxo.
— É. Gravataí corre o risco, sim, de perder o projeto do Zaffari. Esse é o medo da gente, que uma hora estoure a paciência e eles desistam do investimento.
Veja a matéria de 2017
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Como está
Muito embora o prefeito Alba tenha assinado decreto desapropriado uma área lindeira às terras já compradas pelo Zaffari, necessárias para viabilizar o escoamento pluvial e completar o arruamento e a infraestrutura necessária, em 6 de novembro de 2017, desde então nada mudou.
Os donos das terras – são três – não concordaram com os valores estabelecidos no decreto de desapropriação e o assunto trancou na esfera judicial. Dos três, pelo menos um bateu pé pedindo mais dinheiro e um segundo até estava de acordo, mas se negava a arcar com os custos judiciais e taxas decorrentes da desapropriação.
A questão parecia estar resolvida e tudo apontava para máquinas operando a todo vapor quando o Seguinte: descobriu, em agosto passado (links abaixo) que o Zaffari havia adquirido um terreno lindeiro como solução ao imbróglio judicial para, finalmente, fazer brotar do chão o projeto de R$ 300 milhões.
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O TERRENO
A área do powercenter do Zaffari, que envolve parte da avenida Dorival de Oliveira na altura da parada 60, e da Marechal Rondon, atrás da igreja e salão comunitário da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, é hoje um matagal cortado por vias asfaltadas que se transformaram em um verdadeiro lixão.
O que o colunista viu?
1 – As três entradas para o terreno do Grupo Zaffari pela Marechal Rondon (divisa de Gravataí com Cachoeirinha) são “porteiras arrombadas’. Por elas entram veículos e caminhões carregados com entulho de construção e restos de móveis, principalmente estes, que são jogados sobre as vias.
2 – Há sobras de móveis, pneus, latas, entre outros, que são virtuais depósitos de água da chuva. Com o calorão dos últimos dias, está tudo seco. Mas pode se tornar – se chover – potencial criatório do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, entre outras doenças.
3 – O cercamento que separava o terreno já comprado pelo Zaffari e a área verde e outros imóveis que não fazem parte do projeto mas que não são habitados, está literalmente todo no chão. Pelo menos o que não foi levado. Vândalos quebraram toda a estrutura de cimento como pode ser visto nas imagens, no vídeo abaixo.
4 – Da estrutura de drenagem já feita pelo Grupo Zaffari nas ruas asfaltadas, ladrões levaram as tampas de bueiro, de ferro. Provavelmente para serem vendidas em algum ferro-velho. Os buracos, abertos, são potenciais causas de acidente considerando que naquelas ruas, geralmente nas noites das sextas-feiras, acontecem “pegas” de motos e carros.
5 – O sistema de iluminação da avenida principal do terreno (isso também pode ser viso pelas imagens de um ano e meio atrás e as de agora, no vídeo) foi totalmente depredada. Sobraram apenas três luminárias, quase ao final da rua. Os braços de metal, com a estrutura das lâmpadas, foram quebrados, derrubados e roubados.
6 – De positivo, a única coisa que se viu é que aumentou em algumas dezenas de metros o cercamento com estruturas de concreto entre o imóvel e a avenida Dorival de Oliveira, onde foram demolidos estabelecimentos comerciais que existiam no trecho. E o esquilo-símbolo do Grupo Zaffari continua no local.
Por fim…
Se o investimento do Grupo ainda vai se tornar uma realidade, esta é a grande incógnita do momento. Primeiro pelo abandono do terreno. Segundo pelo reinvestimento que necessitará ser feito em obras que já estavam prontas. Terceiro pelo silêncio do Grupo.
O colunista – e o Seguinte: – vem tentando contato com a direção da empresa desde o começo de dezembro, sem sucesso. Ora os diretores estão viajando, ora estão em férias, não podem atender no momento… Na Prefeitura de Gravataí o assunto também deixou de ser prioridade, ao que parece.
O alento para quem acredita que o Zaffari vai mesmo investir pesado em Gravataí é, tão somente, a notícia do final de agosto do ano passado dando conta da compra do terreno para dar início às obras e colocando fim à discussão que foi parar na Justiça em torno da área desapropriada no final de 2017 pela Prefeitura.
Mas, se for sair mesmo a obra, primeiro o terreno terá que ser limpo para deixar de ser o que é hoje: um grande lixão a céu aberto na zona urbana da aldeia dos anjos.
IMPORTANTE
– O colunista entrou em contato com a assessoria de comunicação da Prefeitura de Gravataí para saber como está o projeto e se há alguma ação no sentido de evitar que o lixo continue se acumulando ou vire um foco de proliferação do mosquito da Dengue mas, até a publicação desta matéria, não obteve retorno.
– A assessoria de comunicação do Grupo Zaffari, através da empresa Prática Assessoria de Comunicação não respondeu aos pedidos de entrevistas com o diretor Cláudio Zaffari, encaminhados no começo do mês passado, dezembro.
Veja o vídeo produzido hoje pelo Seguinte:.