Há 31 anos, Wagner Ramos e a família mantêm um mercado na Avenida Ely Correa Prado, na região do Passo da Caveira, em Gravataí. O local é o principal ponto de compras da vizinhança, e agora vive dias de expectativa por uma verdadeira revolução nas perspectivas de negócios e de desenvolvimento daquela área da cidade. É que estão previstas para o final de novembro as mudanças das primeiras mil famílias às casas do Loteamento Breno Garcia que, quando estiver todo ocupado, terá mais de oito mil novos moradores no Passo da Caveira — praticamente uma Glorinha dentro de um bairro com poucos habitantes.
— A nossa região sempre ficou meio à parte de Gravataí. Nós vemos o Parque dos Anjos, a Morada do Vale se desenvolvendo e nós, parados no tempo, com poucos investimentos do poder público. A minha expectativa é de que, com a vinda destas pessoas, o desenvolvimento chegue para todos nós. Será muito bom para a nossa região — avalia o comerciante.
No Mercado Ramos, ele já está ampliando o estacionamento e reforçando o treinamento com os funcionários para a nova clientela. E garante que suportará a nova demanda.
A poucos metros do mercado, está o Extra Cesta Básica. Distribuidora aberta há um ano pelo Vitor Coelho. Segundo ele, a escolha do local para a filial do estabelecimento que já existe em Glorinha não foi à toa.
— Vão ser, sei lá, umas 11 mil pessoas morando ali. Eu espero atender pelo menos 10% destes moradores. Investimos aqui pensando justamente nisso — afirma o comerciante.
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O novo loteamento fica a menos de 300 metros da principal avenida de ligação com a região central da cidade e, na Estrada Arthur José Soares, representará, mesmo uma mudança de cenário. Por ali, os pequenos comércios estão habituados a atender a uma clientela pequena e sempre cativa. Por consequência, com baixa demanda de produtos.
— Agora vai mudar. Já investimos em móveis e uma máquina nova para dar conta. Acho que, para o comércio, vai ser um incremento muito bom para o comércio da região, mas eu não acho que o bairro está pronto para receber tantas pessoas. Em termos de saúde, educação e segurança, acho que falta muita estrutura e, com mais pessoas, poderemos ter ainda mais problemas — desconfia Edilene Campos, 37 anos, que há 15 mantém uma padaria a uma quadra de onde será inaugurado o Breno Garcia.
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De acordo com a secretária municipal da Habitação, Luciane Ferreira, já na entrega das primeiras casas, a unidade básica de saúde e uma das escolas de educação infantil previstas no projeto estarão em funcionamento. Ao final das entregas, outras duas escolas para os pequenos serão abertas, além de um CRAS.
Também estão previstas uma escola de ensino fundamental, a ser construída pelo município, e outra de ensino médio, à cargo do governo estadual. Estas, devem ficar só para 2020, ou 21.
— Até lá, temos a garantia do governo estadual de manter o transporte escolar aos moradores que precisam da estrutura do ensino médio. Aos que têm idade escolar na rede fundamental, boa parte, principalmente entre os primeiros a inaugurarem suas casas, que vêm de áreas de risco, já está absorvida pela rede de educação mais próxima — garante a secretária.
: Comerciante abriu distribuidora de cesta básica na região agora em adaptação | GUILHERME KLAMT
Quem chegar ao Breno Garcia, no entanto, o novo morador terá de se adaptar logo a uma das dificuldades da localidade: o transporte público.
— Imagina com mais gente ainda tendo que passar pelo que a gente passa? Aqui é horrível conseguir ônibus. Se quer chegar cedo, ou no horário que precisa, em casa, só de uber — diz a auxiliar de cozinha Iolanda de Lima, 46 anos, que vive há 15 no Loteamento Xará, próximo dali.
Pois a adaptação dos ônibus à nova realidade é outra das garantias do município. Segundo Luciane Ferreira, foi feito um extenso diagnóstico das necessidades dos novos moradores quanto ao transporte público. Suas rotinas, linhas e roteiros necessários. A ideia, que já teria a anuência da Sogil, é criar novos itinerários e incrementar o número de ônibus na área do Passo da Caveira.
Até o final de novembro, além da expectativa pela nova vizinhança, quem é da região, terá de se adaptar ao barulho das máquinas, agora empregadas na pavimentação da Arthur José Soares e nas obras de adaptação da Ely Correa Prado.
FIQUE POR DENTRO
: Pelo cronograma da Caixa Federal, no final de novembro o loteamento será entregue ao município.
: As primeiras 1.013 famílias escolhidas para receberem casas na região serão transferidas imediatamente. Elas fazem parte do grupo previamente inscrito na prefeitura e que será retirado de áreas vulneráveis (Ambrozina, Caça e Pesca, Vila Imperial, Itatiaia, Jardim das Palmeiras, Padre Réis, Parque da Lagoa, Travessa Savana, Cegonheiros, Heineken, Xará, Vila Rica, ponte do Parque dos Anjos), além das famílias que hoje vivem em aluguel social municipal ou estadual.
: Logo em seguida, o município já fará as entregas das outras 1.012 casas a famílias contempladas pelo financiamento a baixo custo.
: As vendas de lotes comerciais dentro do loteamento ficaram sob a responsabilidade da construtora e possivelmente ainda não estejam em funcionamento na abertura do loteamento.