RAFAEL MARTINELLI

Como rombo nas Lojas Americanas rouba empregos em Gravataí

O ‘desequilíbrio contábil’ nas Lojas Americanas, que na linguagem dos ‘50 Tons de Rico’ significa um eufemismo para ‘rombo’, rouba empregos em Gravataí.

A rede varejista afiançada pelos bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira desocupou 20 mil metros quadrados da área de armazenagem e logística que tem na ERS-118, como revelou reportagem de Giane Guerra e Daniel Giussani, publicada em GZH.

– A operação da Americanas em Gravataí foi focada na retaguarda de logística para sua rede física e em e-commerce, cujo fornecimento se dava a partir de Gravataí. Como este tipo de operação implica em grande estoque, com venda escalonada ao longo do tempo, o retorno de ICMS também se dá ao longo do tempo, em médio e longo prazo. Assim, o encerramento da atividade no município não provoca grande perda de arrecadação, neste momento, mas, sim, se faz sentir no encerramento dos postos de trabalho e economia indireta gerada pela empresa – confirma ao Seguinte: o secretário da Fazenda, Davi Severgnini, que ainda dimensiona o número de vagas fechadas com empregos, contratos e fornecedores indiretos.

Em nota, a Americanas informou que “o planejamento logístico para 2023 está sendo revisto considerando a nova realidade financeira da companhia, mas que ainda não há definições”.

Em 2021, a Americanas tinha anunciado a ampliação em 14 mil metros quadrados – chegando a 39.000 m2 – no CD em Gravataí, que fica no condomínio logístico Modular 118.

Os 20 mil metros quadrados que deixaram de ser usados neste mês retornam ao dono do complexo logístico para que ofereça a outro negócio.

A desocupação, que representa cerca de 51% do total de área que a empresa tem no centro de distribuição, aparece em levantamento feito pela SDS Properties, imobiliária especializada em galpões e condomínios logísticos.

– Dentro do nosso escopo de serviços, monitoramos onde as empresas estão. Temos equipes que atualizam, trimestralmente, toda movimentação de mercado. Se as companhias continuam onde estão, quais são os novos empreendimentos logísticos, quais negócios deixaram as áreas. É a partir desse time que identificamos a devolução do espaço da Americanas – explicou a GZH Simone Santos, CEO da imobiliária.

Conforme a reportagem, o levantamento é nacional. De acordo com a SDS Properties, a Americanas chegou a ocupar 830 mil metros quadrados em condomínios em 2022. Desse total, a empresa devolveu, ainda no ano passado, 159 mil metros quadrados. Ou seja, antes da crise bilionária e do pedido de recuperação judicial de janeiro. Para 2023, já confirmou a devolução de outros 69 mil metros quadrados, incluindo os 20 mil de Gravataí.

O levantamento acende um alerta para a Grande Porto Alegre, que experimentou uma explosão nos empreendimentos de logística: as devoluções podem afetar preços em mercados onde a vacância está elevada.

Segundo a executiva, o Rio Grande do Sul está com a maior vacância em condomínios logísticos do país, de 16,6%. A média nacional é de 10,43%.

– O Rio Grande do Sul recebeu muitos novos condomínios logísticos desde a pandemia. Agora, como o e-commerce está mais cauteloso em relação a investimentos e crescimento, a oferta por espaços de logística ficou bem maior no Estado. O Rio Grande do Sul é o oitavo Estado do Brasil em termos de volume, com 550 mil metros quadrados, e o que tem a maior vacância – disse aos jornalistas.

Giane Guerra e Daniel Giussani também apuraram que a crise bilionária da Americanas tem impactado nas vendas pela internet. Em um comunicado enviado ao mercado, a companhia confirmou uma queda de 33% de usuários mensais ativos em janeiro, em relação ao mesmo mês de 2022.

O termo é referente às pessoas que “circulam” pelas plataformas digitais da marca. Já o tráfego nos sites da companhia – que seria a quantidade de circulação, mesmo que pela mesma pessoa – caiu por mais da metade: uma redução de 51%.

O maior número, porém, está na queda de 63% nos downloads de aplicativos da companhia. Os dados foram repassados à Americanas pela SimilarWeb, que é a fonte oficial da empresa para medir os resultados pela internet.

Ao fim, a Americanas resta em processo de recuperação judicial desde 19 de janeiro, uma semana após divulgar um fato relevante confirmando um rombo de R$ 20 bilhões na contabilidade, que agora já passa dos R$ 40 bilhões em dívidas. Um plano de reestruturação deve ser apresentado para os credores até 19 de março. 

Para efeitos de comparação, o rombo corresponde a 40 orçamentos anuais de Gravataí, devidamente ‘auditado’ pela Price Waterhouse Coopers, como alertei em Consultoria ‘internacional’ que atesta privatização da Corsan é a mesma das Lojas Americanas; O ‘rombo’, ou ‘roubo’ que corresponde ao orçamento de Gravataí por 20 anos.; artigo no qual também indico vídeos sobre o golpe aplicado na rede varejista.   

Lembro uma do Millôr, que, infelizmente, reputo cabe no futuro de Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, o trio de predadores das Americanas: “Aos pobres, que acham, com razão, que é difícil ficar rico, é conveniente advertir que, para os ricos, é ainda mais difícil ficar pobre. Qualquer movimento que façam nesse sentido é punido por sanções da família, dos parentes, dos sócios, e, o que é pior, inúmeras vezes resulta em lucros inesperados.

Participe de nossos canais e assine nossa NewsLetter

Facebook
WhatsApp
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Conteúdo relacionado

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Receba nossa News

Publicidade