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Como são produzidos os carros da GM made in Gravataí

Carro demora cerca de 10 horas para passar pela linha de montagem, da funilaria ao teste de qualidade. Montadora de Gravataí é a mais eficiente da GM no planeta

Você resolve comprar um carro e opta por um Chevrolet, da General Motors.

Destes que são montados aqui mesmo na aldeia, no Complexo Industrial Automotivo de Gravataí, o Ciag, capitaneado pela norte-americana GM que tem sede em Detroit, nos Estados Unidos.

Está em dúvida. Um Onix? Pode ser um Prisma, também. Ou dos novos, o Onix Plus em suas versões hatch ou sedan, motor aspirado ou turbo, dos mais simples ao LT, LTZ ou Premier…

Na concessionária, diante de um simpático vendedor, depois de alguns cafezinhos, cálculos no próprio smartphone, troca de olhares com a esposa, ou dela com o marido, optam por um modelo que contempla suas necessidades.

Amplo porta-malas, quatro air-bags, freios ABS e blá-blá-blá, blá-blá-blá! De cortesia da loja, um jogo de tapetes e, com muita boa vontade, tanque de combustível cheio…

A cor?

Ah, a cor!

Que seja vermelho, flamante, igual ao vermelho do colorado.

Tudo certo, “até a página dois”.

O que acontece agora, desde o momento em que você apôs sua assinatura definitiva formalizando a aquisição, até colocar as mãos na chave ou a chave nas mãos e posar para a tradicional fotografia que, depois, vai ser a imagem de capa do seu perfil no Facebook?

Concretizada a compra, agora é hora de a concessionária agir. O zeloso colaborador na administração da loja vai seguir o rito, já conhecido e virtual, de encaminhar o pedido conforme modelo e versão, com todos os detalhes técnicos, sem esquecer da cor vermelho flamante, à montadora.

Como estamos falando dos gauchinhos da GM – entre eles o Onix, carro mais vendido do Brasil nos últimos quatro anos e chegando ao topo do ranking de vendas mais uma vez neste 2019 – o “enter” do funcionário da concessionária aguça os sentidos de outro colaborador, este, o encarregado de receber os pedidos na sede da montadora.

O passo a passo

Tudo certo, tudo conferido, pedido faturado, é hora de acionar a estamparia. É onde as chapas de metal prensadas-moldadas vão se transformar em portas, capô, tampa traseira, carroceria… Na funilaria tudo isso vai ser unido e no salão seguinte acontece a primeira e segunda, quem sabe até terceira pintura, até que a carcaça esteja na cor vermelho flamante.

O seu automóvel vai entrar em um grupo de outros pedidos que deverão ter a mesma cor e passará pela linha de montagem junto com eles. Daí, não importa o modelo dos outros, nem a motorização, se é hatch ou sedan, câmbio manual ou automático. O que vale é a cor!

Por quê?

Quem explica é o engenheiro mecânico Emmanuel Lancini, que também cursou mestrado em engenharia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), gaúcho de Lajeado com 35 anos de idade e funcionário da General Motors há 14 anos, com passagem de três anos na unidade-sede que a montadora tem em São Caetano do Sul, São Paulo.

— É uma questão ligada ao ambiental. A GM tem essa preocupação de preservar o meio ambiente, e fazer a pintura por lotes de uma mesma cor evita, por exemplo, que seja usado solvente a cada troca de tinta. É menos produto químico utilizado — explicou.

Processo interessante

Depois da câmara de pintura é chegado o momento de começar a receber as outras partes. A estrutura do seu carro entra então na linha de montagem onde os funcionários da área de tapeçaria começam a colocar tudo que diz respeito ao revestimento interno do veículo.

Dos carpetes às peças plásticas e componentes elétricos e eletrônicos. E os bancos. E o volante e o painel com o MyLink de última geração, agora até com wi-fi nativo.

— Todo o processo é bem interessante. O carro nasce na área da estamparia, depois passa pela funilaria e pintura até chegar na área de montagem geral. Ele chega aqui simplesmente pintado.

LEIA TAMBÉM

Tudo sobre o novo carro da GM de Gravataí; em texto e vídeo

PARA SABER

Estamparia – Onde são prensadas chapas de metal e moldadas as peças que vão compor a estrutura do carro

Funilaria – Onde as peças vindas da estamparia – e de sistemistas – são unidas e dão forma ao veículo

Pintura – Onde a “carcaça” recebe a cor que foi definida pelo comprador. No caso do carro do nosso cliente virtual, vermelho flamante. Do colorado!

Tapeçaria – Já no grande “galpão” onde está a verdadeira linha de montagem, começa a colocação das peças internas do carro. Na tapeçaria, recebe todos os componentes internos, o cockpit, vidros e portas.

O cockpit do carro, que é a parte dianteira – que fica à frente do motorista e passageiro da frente – onde ficam todos periféricos que fazem parte dele, assim como as portas e todas as peças e comandos, são montadas em uma linha paralela e se únem à estrutura do carro na parte final da linha de tapeçaria.

Mecânica alta – Setor da linha de montagem em que o veículo recebe todos os componentes inferiores, como suspensão, escapamento, motor, radiador além das linhas de tubulações, entre outros itens.

Mecânica baixa – Onde são feitos todos os abastecimentos – fluídos, como o de freio – e colocadas poucas outras peças e acessórios, entre eles as rodas e pneus.

Linha final – O carro está praticamente pronto. Neste último trecho vai receber a programação dos componentes que fazem parte da tecnologia embarcada. O cuidado é para que os sistemas, em muito maior quantidade do que há alguns anos, estejam em condições de “conversar” entre si, de modo que as informações estejam à disposição do condutor e dos passageiros, no caso da GM, por exemplo, o MyLink e o wi-fi a bordo.

Verificação da qualidade – É a reta final. Seu carro está pronto. Neste trecho da linha de montagem o carro passa sob luzes intensas, para que seja verificada a existência de alguma imperfeição. O encaixe das peças da estamparia tem que estar perfeito e em consonância com equipamentos e acessórios. A elétrica é testada, a tecnologia é checada. Qualquer mínima falha constatada tira o carro da linha e ele volta para o setor ao qual aquela falha corresponde, para que seja feita a correção. Tudo “ok”, passa para a calibragem de pneus, alinhamento de rodas, regulagem dos faróis e teste de rolo com dinamômetro em 100% dos veículos.

Dois testes

Ah, ainda faltam algumas poucas coisinhas antes de seu carro ir para o pátio à espera do embarque e transporte para a concessionária na qual, finalmente, você vai conhecê-lo, entrar, sentar diante e colocar as duas mãos no volante com aquele sorrisão largo no rosto, pura satisfação por estar adquirindo um zero quilômetro. Com cheiro de zero quilômetro.

Depois da verificação da qualidade que inclui as condições de pintura, funcionamento do motor e demais componentes – como acionamento dos vidros, travamento das portas, dos limpadores, encaixe de todas as peças, pasme! Aquele que será o seu carro vai ser agressivamente conduzido por outra pessoa.

Mas, calma!

É um profissional da própria empresa que fará um deste de pista para checagem de itens importantes. É para que você possa sair para as ruas e estradas, com a família a bordo, em segurança. Este profissional vai verificar a estabilidade do automóvel exigindo o máximo da suspensão, dos freios e do conjunto da direção.

Aguaceiro, não!

Para encerrar, já imaginou você dirigindo em um dia de chuva, com guarda-chuvas aberto dentro do carro – ou aquela sombrinha colorida que a esposa deixou já prevendo a situação? Exageros à parte, claro que este é um quadro impensável e inadmissível.

Por isso que a derradeira checagem, a última verificação, é em um ambiente chamado de “cabine de infiltração”. Como o próprio nome já diz, é onde o carro recebe jatos fortes de água por todos os lados, por baixo e por cima. Não pode entrar uma gota. Nada.

— É para assegurar que nenhum carro vai ser entregue ao cliente com a possibilidade de existir algum tipo de infiltração — afirma Emmanuel.

Seu carro está pronto.

Foi entregue. Então, está gostando?

CONSUMO DE ENERGIA

1

A unidade de Gravataí da General Motors recebeu a Certificação Internacional Energy Star. Concedida pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (U.S Environmental Protection Agency), a certificação destaca mundialmente empresas que reduziram seu consumo energético em 10% num período de cinco anos e são referência na utilização de recursos naturais.

2

A montadora foi destaque pela primeira vez em 2014, referente ao período 2009/2013 e conquistou novamente a certificação referente ao ciclo 2013/2017, atingindo 10,2% de redução. A economia é equivalente ao consumo de energia de cerca de 9.550 residências durante o período de um ano.

3

A meta foi atingida a partir de uma série de ações em diversas áreas e etapas da produção, que incluíram desligamentos programados de energia elétrica, substituição dos queimadores da pintura de veículos, melhorias na iluminação interna e externa e de processos associados à implantação de projetos, entre outras iniciativas.

4

A planta de Gravataí se mantém como referência global dentro da companhia em relação à sustentabilidade e preservação do meio ambiente. Com foco na sustentabilidade, a fábrica de Gravataí segue os parâmetros e padrões de qualidade em conformidade com a legislação ambiental.

5

Além de manter uma área de preservação de 50,3 hectares anexa ao complexo, a fábrica tornou-se a primeira da empresa, no país, a reciclar 100% dos resíduos industriais gerados a partir do seu processo produtivo, por meio da implementação do Programa Zero Aterro (LandfillFree).

Na aldeia

Inaugurada em julho de 2000, a montadora da General Motors já produziu 3,5 milhões de veículos na planta de Gravataí. Desde sua inauguração o complexo já recebeu três grandes investimentos para ampliação da produção e lançamento de novos modelos.

O primeiro foi em 2006 quando a linha de produção atingiu capacidade para produzir 230 mil automóveis por ano, com o lançamento do Prisma. Em 2010 teve novo aporte financeiro quando passou a produção para 350 mil veículos por ano (Projeto Onix).

O último foi em agosto de 2017 (R$ 1,4 bilhão), do plano de investimentos da companhia no país que totaliza R$ 13 bilhões entre 2014 e 2019. A fábrica gaúcha possui a maior capacidade produtiva da marca Chevrolet no Hemisfério Sul.

Outros dados

A empresa possui, atualmente, 3.043 colaboradores diretos.

Desse total, 85% são homens e 15 % mulheres. A idade média é de 33 anos.

No quadro funcional, quase 70% tem ensino médio completo e quase 2% tem pós graduação em suas áreas profissionais.

Para produzir seus carros, a GM tem dentro do Complexo Industrial Automotivo de Gravataí pelo menos 15 sistemistas – empresas que fornecem peças e componentes.

Evolução

Ano 2000 – Lançamento do primeiro modelo, o Celta

Ano 2006 – Primeira ampliação da fábrica para lançamento do Prisma

Ano 2012 – Segunda ampliação agora com lançamento dos novos Onix e Prisma, projeto Gamma

Ano 2018 – Terceira ampliação, modernização e adaptação da linha de montagem para lançamento dos Onix Plus, hatch e sedan

Mais números

Desde que a “carcaça” entra na linha de montagem o carro demora cerca de 10 horas para passar pela linha de montagem  e sair, na outra ponta, pronto para chegar às ruas.

A montadora de Gravataí tem a planta mais eficiente entre as GM do mundo inteiro, com capacidade para produzir 66 carros por hora, ou seja, mais de um carro a cada minuto.

O Complexo Industrial Automotivo de Gravataí, onde estão a montadora e suas sistemistas, tem 3.598.000 metros quadrados.

Somente a montadora norte americana tem uma área construída (administração e produção) de 161 mil metros quadrados.

A preservação ambiental – exigida em lei e uma das filosofias da empresa ao lado de projetos sociais – tem uma área de 503 mil metros quadrados de mata nativa.

LINHA DO TEMPO

17/03/1997 – Anúncio do município de Gravataí como sede do Complexo da GM
20/07/2000 – Inauguração oficial do Complexo Industrial Automotivo de Gravataí (CIAG)
02/09/2000 – Lançamento do Celta
20/05/2005 – Produção do Celta 500.000
01/10/2006 – Lançamento do Prisma (primeira ampliação da planta)
20/05/2008 – Produção do carro 1 milhão
09/06/2010 – Início das obras do Projeto Onix (segunda ampliação da planta)
27/08/2010 – Produção de 1,5 milhão de veículos
30/10/2012 – Lançamento do Onix hatch
13/12/2012 – Produção do veículo 2 milhões
26/02/2013 – Lançamento do novo Prisma
16/07/2013 – Lançamento dos Onix e Prisma com opção de transmissão automática
25/07/2014 – Produção de 2,5 milhões de veículos
20/07/2015 – Aniversário de 15 anos do Complexo Industrial Automotivo de Gravataí
27/07/2016 – Lançamento do Onix Activ
05/08/2016 – Lançamento do Onix Joy
24/08/2016 – Produção do veículo 3 milhões
14/03/2017 – Onix foi o carro mais vendido da América Latina em 2016
05/05/2017 – GM lança Onix Effect
03/08/2017 – Anúncio investimento R$ 1,4 bilhão
18/07/2018 – Produção de 3,5 milhões de veículos
20/07/2018 – Aniversário de 18 anos da fábrica de Gravataí
20/07/2019 – Aniversário de 19 anos da fábrica de Gravataí

Na América do Sul

1

Em 2017, as operações na Argentina e Brasil foram integradas na GM Mercosul. No ano de 2017 a Chevrolet vendeu nos dois mercados 517.127 mil veículos, sendo 394.157 mil no Brasil e 122.970 mil na Argentina.

2

A GM Mercosul tem quatro complexos industriais que produzem veículos, motores e componentes em São Caetano do Sul, São José dos Campos e Gravataí, no Brasil e em Rosário, na Argentina.

3

Conta ainda com unidades em Joinville (produção de motores e cabeçotes de alumínio), Mogi das Cruzes (produção de componentes estampados) e Indaiatuba (Campo de Provas).

4

A GM tem ainda centros tecnológicos em São Caetano do Sul (São Paulo) e Rosário (Argentina) e centros logísticos na cidade de Sorocaba (São Paulo) e General Rodriguez (Argentina).

5

Em âmbito global, a General Motors foi oficialmente fundada em 1908 e tem sua sede em Detroit, nos Estados Unidos. A presidência atualmente é ocupada por uma mulher, Mary Barra.

6

No Brasil, a Chevrolet-General Motors chegou em 1925, oficialmente, funcionando no histórico bairro do Ipiranga, capital de São Paulo. É comandada por Carlos Zarlenga, presidente da GM Mercosul e Brasil.

Da reportagem

A visita da reportagem do Seguinte: às instalações da General Motors de Gravataí aconteceu na manhã da  segunda-feira desta semana (16/9). Antes, portanto, do incidente da terça-feira pela manhã em que um carro do novo modelo Onix Plus pegou fogo quando era estacionado no pátio da montadora.

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Furo do Seguinte: sobre Onix queimando viraliza na internet; já são 24 horas de silêncio da GM

EXCLUSIVO | Novo carro pega fogo no pátio da GM de Gravataí

QUATRO FOTOS

: Painel dos novos Onix Plus na linha de montagem

: Presença de mulheres aumenta no chão da fábrica

: Mecânica alta: o carro recebe o que vai por baixo

: Emmanuel Lancini, engenheiro gaúcho no comando

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