RAFAEL MARTINELLI

Como tarifaço de Trump pode agravar motivo da paralisação da GM de Gravataí entre abril e junho; O boné do MAGA na gaveta

Complexo automotivo da GM em Gravataí

A paralisação na fábrica da General Motors em Gravataí, entre abril e junho, vai acontecer em meio a um cenário de incertezas globais agravado pelas recentes tarifas de importação anunciadas pelo presidente dos EUA Donald Trump.

A suspensão na produção acontece principalmente pelo excesso de carros no pátio. E o impacto indireto do tarifaço pode ser o possível aumento da entrada de excedentes de produção estrangeira no mercado nacional.

A fábrica de Gravataí, responsável pela produção do Chevrolet Onix (líder de vendas no Brasil), enfrenta um estoque de 20 mil veículos — quase três vezes acima do nível considerado ideal (7 mil unidades).

A queda na demanda, impulsionada pela expectativa dos consumidores pelo lançamento de uma nova geração do Onix (inspirada no Monza chinês) e de um SUV elétrico, levou a montadora a anunciar lay-off para 2 mil funcionários, incluindo trabalhadores de empresas fornecedoras.

Uma paralisação já havia ocorrido em fevereiro, com férias coletivas para 5 mil funcionários. No lay-off, que começa em um turno dia 22 deste mês, com a suspensão temporária dos contratos de trabalho, os funcionários afetados receberão salário integral, com parte paga pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) do governo federal e complemento da GM. Direitos como 13º salário, participação nos lucros (PPR) e vale-alimentação serão mantidos — o que evita perdas de quase R$ 2 milhões mensais na economia local.

Ainda assim, cada mês de paralisação representa cerca de R$ 5 milhões perdidos em arrecadação, que se reflete sempre dois anos depois.

A GM é a maior empregadora do município e responde por 45% da arrecadação municipal.

Fato é que, enquanto ajusta a produção, a GM também precisa monitorar as políticas comerciais de Trump, que aumentou globalmente tarifas para importações, atingindo principalmente montadoras chinesas e mexicanas.

Especialistas apontam que o Brasil, embora não exporte carros prontos aos EUA, pode se tornar destino de excedentes de países mais taxados, como México e Coreia do Sul, devido a acordos de livre comércio.

A montadora anunciou R$ 7 bilhões em investimentos no Brasil entre 2025 em 2028 — R$ 1,4 bi na fábrica de Gravataí. No entanto, um aporte adicional de R$ 4 bilhões, previsto para maio, também foi adiado devido às incertezas sobre as políticas de Trump.

Mary Barra, CEO global da GM, alertou em 2024, antes das eleições, que medidas protecionistas poderiam ter “efeitos dramáticos”, especialmente nos projetos de veículos elétricos.

Desde 1997, quando a GM anunciou a instalação, Gravataí vive uma relação de interdependência com a empresa, que chamo ‘GMdependência’. “A cada movimento global da GM, acendemos o alerta”, já disse ao Seguinte: o prefeito Luiz Zaffalon (PSDB), quando a montadora anunciou o lay-off.

Ao fim, aguardemos os efeitos locais do tarifaço de Trump, que provoca caos no mercado financeiro internacional, nesta segunda-feira.

Reputo prudente aos gravataienses que vestiram o boné do Make America Great Again (MAGA) mantê-lo na gaveta. Se não por amor à Pátria, ao menor por amor pela aldeia.


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