A conselheira tutelar Greicy Kelli da Silveira Santos desistiu de participar da ação coletiva movida junto aos quatro colegas do Conselho Oeste cobrando da Prefeitura de Gravataí mais de R$ 100 mil em adicionais nos salários por ter dedicação exclusiva em tempo integral ao mandato eletivo.
A revelação da ação, feita com exclusividade no artigo 5 conselheiros tutelares cobram gratificações em Gravataí; e tentam justiça gratuita publicado pelo Seguinte:, tinha caído como uma bomba no meio político, principalmente pelos conselheiros que já ganham R$ 5 mil mensais em salários terem buscado assistência jurídica gratuita, o que foi derrubado pela juíza Vanessa Borges, da 3ª Vara Cível.
Vamos ao um pouco de contexto, depois reproduzo a nota postada pela conselheira em seu perfil de Facebook e comento.
É inegável que a pressão nos bastidores, em ano de eleição para o Conselho, parece ter sido insustentável para Greicy, que é candidata à reeleição e ligada ao MDB do prefeito Marco Alba, cuja gestão se caracteriza pela austeridade e, no comando da Prefeitura, pelo menos até 31 de dezembro de 2020 responde como réu no processo.
Outras desistências podem ainda ocorrer já que o ‘Partido do Bolso’ uniu governo e oposição atrás desse dinheiro que até pode vir a ser considerado legal, mas pergunte a quem estiver ao seu lado agora, se não concorda que beira a imoralidade em tempos de crise?
No artigo seguinte, O Partido do Bolso; conselheiros tutelares querem mais de 100 mil, alertei sobre a preocupação com o contágio político, principalmente depois do desgaste sofrido pelos conselheiros no Grande Tribunal das Redes Sociais, onde já resta aos políticos apenas a presunção de culpa – e teclados destros, canhotos ou isentões metralham as mordomias recebidas por todos os poderes, como auxílio-moradia, auxílio-mudança, auxílio-combustível ou até auxílio-paletó e estudo pago em universidade.
Escrevi:
“(…)
Para quem não sabe, as ligações partidárias são essas (ou pelo menos foram essas nas campanhas dos conselheiros):
Da oposição, Iris Cristiane da Silva, Charles Oliveira de Castro e Sonia Mara Raths são do PSB, partido presidido por Paulo Silveira, um dos principais líderes oposicionistas e vereador que nunca votou a favor de aumento para parlamentares, criação de cargos ou pegou diárias para viagens no CâmaraTur.
Do governo, Greicy Kelli Silveira Santos é do MDB, presidido por Jean Torman, que é o procurador-geral e vai defender a Prefeitura na ação; e Marilza Pacheco é do PRB, presidido por Levi Melo, que foi um vereador sempre contrário a privilégios, e partido que indica o secretário da Família, Cidadania e Assistência Social, Tanrac Saldanha, que é aquele que recebe as cobranças diretas dos conselheiros por melhorias em serviços como da casa abrigo, por exemplo.
Todos os conselheiros que entraram com a ação pertencem ao Conselho Tutelar Oeste e estão em primeiro mandato. Assim, podem tentar a reeleição para mais quatro anos em 3 de outubro de 2019. Fica a incerteza: ainda serão bons candidatos para seus ‘padrinhos’ e ‘madrinhas’?
(…)”
Siga a nota de Greicy e depois concluo.
"(…)
Venho por meio deste comunicar que renunciarei á ação movida na Justiça, que ingressei juntamente com meus colegas de colegiado da zona Oeste, reivindicando adicional ao salário por dedicação exclusiva. Primeiro gostaria de enfatizar que não há ilegalidade no pedido, haja vista que nossa dedicação é contundente ao pedido, veja bem: somente em 2018 foram entre atendimentos internos e externos 1339 crianças e/ou adolescentes atendidas somente por mim. Embora não haja ilegalidade e feita em comum acordo com os demais colegas conselheiros tutelares, após uma profunda reflexão e sem criticar a motivação dos colegas decidi por respeito aos meus apoiadores, eleitores, famílias atendidas, crianças e adolescentes que eu, Greicy Kelli da Silveira Santos, não manterei o pedido e retirarei meu nome do processo buscando a desistência da ação.
Entendi em conjunto dos meus eleitores que fui eleita para preservar os direitos de nossas crianças e adolescentes de forma exclusiva e incondicional independente de qualquer bonificação. Não há imoralidade dentro da legalidade mas há, sobretudo, princípios dentro de nós que devem ser postos em prática em todos os movimentos que fazemos portanto abrirei mão de quaisquer direito que poderia ter por também compreender o momento que vive nosso município que busca uma gestão austera e transparente, colocando suas contas em dia. Não irei alegar desconhecimento mas posso garantir que não houve intenção em onerar os cofres públicos para benefício próprio. Meus colegas seguem com o meu respeito e admiração e agem dentro da legalidade de seus direitos, porém, esse mandato não é somente meu e sim de um grupo de pessoas de bem que me apoiam e acompanham meu trabalho, a decisão foi tomada em conjunto dessas pessoas.
Desta forma, agradeço, primeiramente a Deus por me guiar, a minha família por me apoiar e á todos que vêm acompanhando e me dando forças para seguir atuando com o propósito de garantir o direito de cada criança e adolescente atendida.
Seguirei firme e à todo vapor pois nossas crianças e adolescentes precisam e merecem!
“As crianças, quando bem cuidadas, são uma semente de paz e esperança”.
Zilda Arns Neumann
(…)"
Frente à mamata nacional, que vem desde que a Corte foi assentada na Quinta da Boa Vista, o caso de Gravataí não é o fim do mundo, mas pegou mal, fica feio.
Agora restam os parabéns à conselheira.
Recuar acertando é legal. Pior é avançar errando.
Inspirando-me em Greicy e também concluindo com uma citação sobre crianças e as gentes, aí vai um Platão:
– Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz.
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