SEGURANÇA

Consórcio do crime: Operação em Gravataí e Cachoeirinha expõe rota do Special K, armas e lavagem de dinheiro

Com alvos em Gravataí e Cachoeirinha, a Polícia Civil do Rio Grande do Sul deflagrou na madrugada desta quarta-feira (23/07) a Operação Último Cais, um golpe contundente contra uma sofisticada organização criminosa especializada em tráfico de drogas com Special K, comércio ilegal de armas e lavagem de dinheiro. Coordenada pela 3ª Delegacia de Investigação do Narcotrático (3ª DIN/Denarc), a ação mobilizou 150 policiais e 50 viaturas em sete municípios gaúchos e em Anápolis (GO), resultando na prisão de 8 pessoas e no cumprimento de 56 medidas judiciais.

As investigações, iniciadas após a apreensão de celulares em buscas anteriores, revelaram uma operação criminosa com estrutura hierárquica rígida e atuação em múltiplas frentes. O núcleo do esquema funcionava como um “consórcio” onde líderes articulavam cotas entre traficantes para compras coletivas de grandes cargas de armas e drogas. “Uma única carga podia ter três ou quatro donos”, explicou o delegado Joel Wagner, da 3ª DIN.

O modelo, que dividia custos e ampliava lucros, operava principalmente na Região das Ilhas (bairro Arquipélago), Zona Norte de Porto Alegre e municípios metropolitanos como Eldorado do Sul, Alvorada, Cachoeirinha e Gravataí.

Durante as diligências, foram cumpridos 31 mandados de busca e apreensão, 6 de prisão preventiva, 5 de prisão temporária, 6 quebras de sigilo bancário, 6 quebras de sigilo fiscal e 2 sequestros de veículos. Os policiais apreenderam três veículos, cocaína, maconha, celulares, dinheiro e balanças de precisão. Em etapas anteriores da investigação, já haviam sido capturados uma pistola calibre 9mm, carregadores, mais de cem munições, 500g de maconha e outros materiais vinculados ao tráfico.

Um dos achados mais alarmantes foi o desvio de cetamina (ketamina), substância adquirida de uma farmácia de manipulação em Anápolis (Goiás) e revendida como droga sintética (“Key” ou “Special K”). Mensagens de voz interceptadas mostraram o deboche de um investigado ao confessar o desvio do fármaco, que deveria ser descartado. “Rastreamos o lote até Goiás, onde cumprimos mandados para entender a rota do produto”, detalhou Wagner.


Líder do grupo foi preso

O líder do grupo, preso na operação, possui extensa ficha criminal com antecedentes por tráfico, associação criminosa, porte ilegal de arma, furto, receptação, corrupção de menores e violência doméstica. Parte do comando era exercida de dentro de presídios gaúchos através de celulares clandestinos, evidenciando falhas no controle carcerário.

A operação expôs vulnerabilidades críticas: o desvio de ketamina revelou como criminosos infiltram setores regulados (como o farmacêutico) para burlar controles, enquanto a gestão prisional mostrou-se incapaz de bloquear comunicações ilegais. As buscas em Goiás continuam para desvendar a rede de desvio do “Special K”.

O Denarc alerta que novos grupos podem adotar o modelo de “consórcio” criminoso, mas enfatiza que sua estrutura centralizada também o tornou vulnerável. “Esta operação corta a cabeça de uma hidra. O consórcio foi um erro estratégico: concentrou poder, mas expôs toda a rede”, concluiu o delegado Wagner.

Denúncias podem ser feitas pelo disque-denúncia 0800-518-518.

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