O anúncio de uma possível suspensão dos investimentos da General Motors (GM) na fábrica de Gravataí foi motivo de reunião na manhã desta quinta-feira (31/1) entre os dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos (Sinmgra) e o prefeito Marco Alba (MDB)
O diretor administrativo do sindicato Valcir Ascari pediu ao prefeito apoio para que interceda junto ao governo do estado no sentido de que sejam assegurados os direitos conquistados pelos trabalhadores.
— A gente só ouve falar que toda modernidade que vem é interessante e vai reduzir custos, mas isto só acontece na ponta de baixo. O trabalhador é que paga. — afirmou Valcir Ascari, diretor administrativo do Sinmgra.
E completou, sobre o que o levou ao gabinete do prefeito Alba:
— Este debate (plano da GM que ameaça suspender investimentos) tem que ser feito na ordem do dia. Queremos somar o prefeito, Câmara de Vereadores e conversar com o governador para que haja um movimento de conscientização — afirmou Ascari.
Imposto alto
A intenção do Sindicato, segundo Valcir Ascari, é contar com o apoio da Prefeitura para que as demandas dos trabalhadores sejam ouvidas sem que sejam retirados direitos que ele diz terem sido conquistados de forma legítima em assembleias promovidas pela categoria.
— Não ouvi ninguém, até agora, falar que o automóvel produzido em Gravataí, e em qualquer outro lugar do Brasil, tem quase 45% de imposto no seu preço. Se esse dinheiro do imposto voltasse em benefício da sociedade seria interessante, mas na prática todos sabem que isto não acontece — alertou.
Sem blefe
No encontro de hoje o prefeito Alba fez um relato aos dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos da reunião que participou, ao lado do governador do estado, Eduardo Leite (PSDB), na sede da GM em São Paulo, ontem.
Segundo o prefeito, a companhia apresentou, de forma detalhada, um conjunto de dados sobre seu desempenho e a estratégia operacional para a América do Sul, e reforçou que só definirá seu plano de investimentos para a região depois do resultado das negociações com os trabalhadores, fornecedores, revendedores e governos, em especial o de São Paulo.
— Não há blefe, Gravataí está intimamente ligada à situação de São Paulo e temos que fazer parte da solução — reforçou o prefeito.
O importante, segundo Marco Alba, é que a companhia está agindo de forma transparente, colocando todos os dados à disposição, o que ele considera fundamental em um processo de negociação.
Sobre a situação dos funcionários, enfatizou:
— O município é parceiro do sindicato para um diálogo respeitoso e responsável, diante deste momento que preocupa a todos os gaúchos e gravataienses, mas que também seja valorizada e reconhecida a importância dos trabalhadores nesta construção das soluções nas negociações com a GM.
O prefeito Marco Alba ainda ressaltou a manifestação do governador, que afirmou que “vamos juntar toda a equipe de governo para fazer o que estiver ao nosso alcance e manter a GM no Brasil e no estado”.
O caso
: A crise na General Motors teve início após declarações dadas por integrantes da alta direção da empresa de que havia a possibilidade de a empresa abandonar investimentos no Brasil e América do Sul, caso os resultados financeiros não fossem melhorados.
: Como medidas emergenciais foram listadas 21 alterações, todas rejeitadas em assembleia realizada pelos trabalhadores do Complexo Industrial Automotivo de Gravataí (Ciag) na manhã de ontem, em assembleia realizada no portão da fábrica.
Pontos da discórdia
1. Formalização de Acordo Coletivo de longo prazo (2 anos) renováveis por mais dois anos.
2. Negociação de valor fixo e substituição de aumento salarial para empregados horista e congelamento ou redução da meritocracia para mensalistas.
3. Negociação de Participação nos Resultados com revisão de regras de aplicação, prevalência da proporcionalidade, transição para aplicação de equivalência salarial e inclusão de produtividade.
4. Participação dos Resultados por três anos sendo zero no primeiro ano, 50% no segundo ano e 100% no terceiro ano.
5. Suspensão das contribuições da GMB por 12 meses de Previdência
6. Alteração do Plano Médico
7. Implementação de Trabalho Intermitente por Acordo Coletivo e Individual
8. Terceirização de Atividades Meio e Fim
9. Jornada de Trabalho de 44 horas semanais para novas contratações
10. Piso Salarial de R$ 1.300,00
11. Redução do período de complementação auxílio previdenciário para 60 dias para um evento no ano.
12. Renovação de Acordos de Flexibilidade
13. Rescisão no Curso de Afastamento para empregos com tempo para aposentadoria (nova)
14. Desconsideração de Horas Extraordinárias (novas)
15. Trabalho em Regime de Tempo Parcial
16. Jornada Especial de Trabalho (12/36 horas)
17. Ajuste na Cláusula de Férias com parcelamento previsto em Lei
18. Regramento do Contrato de Trabalho Intermitente
19. Implicabilidade de Isonomia Salarial acima dos 48 meses para grade nova
20. Cláusula regrando a adoção do Termo de Quitação Anual de Obrigações Trabalhistas
21. Congelamento de Política de Progressão Salarial horista por 12 meses
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