A terça não foi suficiente para concluir a votação, mas em sessão extraordinária nesta sexta as alterações no Plano Diretor de Cachoeirinha serão aprovadas. A conta é simples: 17 dos 17 vereadores foram eleitos pela base e 16 indicam cargos no governo Miki Breier (PSB). O que não significa que não há muita polêmica, dissidências e, inevitavelmente, conseqüências jurídicas e, principalmente, políticas.
Às informações e depois comento.
As alterações no PD autorizam a praticamente quadriplicar a possibilidade de construção de mais metros quadrados por lote, aumentando a altura de prédios e encurtando a divisa entre as edificações e os terrenos vizinhos.
Nos prós, aquece o mercado imobiliário e valoriza terrenos; nos contras incentiva também um crescimento populacional que repercute depois na demanda por serviços públicos, como escolas, postos de saúde e abastecimento de água.
Os rebeldes da vez foram eleitos pelo partido do prefeito: Marco Barbosa e Jacqueline Ritter (a única sem cargos), vereadores que, na votação mais polêmica da atual legislatura estiveram em lados opostos. Na ‘manhã da cadeiradas’, em 2017, o cunhado de Miki era presidente da Câmara e houve confronto entre servidores e brigadianos na aprovação, com voto contrário da professora, do corte proposto pelo governo em, para uns vantagens, para outros privilégios nas carreiras públicas.
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Na votação do PD nesta terça, Marco apresentou sete emendas, todas derrubadas. Só Jacqueline votou a favor. Os dois já falam em buscar a justiça para reverter mudanças que consideram prejudicar a qualidade de vida dos moradores de Cachoeirinha. O vereador chegou a fazer uma enquete em seu Facebook projetando como ficaria casa praticamente engolida por prédios no entorno.
Na pesquisa no Grande Tribunal das Redes Sociais, deu 76% contra e 24% a favor. Abaixo da montagem, que conforme pessoas próximas, por exagerada irritou Miki, comento.
Comento.
Se Jacqueline se coloca como crítica a Miki desde sempre, mas é fiel ao PSB, Marco Barbosa se distancia cada vez mais do governo e já deu adeus ao partido. Queria concorrer a deputado estadual, mas foi preterido por Juliano Paz, o número 1 do prefeito no secretariado. Logo, teve o feeling político para perceber que, dentro do governo, ficou para trás nas ‘filas’ por eleições e sucessões futuras.
É que, além de Miki se dispor a concorrer à reeleição em 2020, há o ex-prefeito e secretário de Obras do Estado José Stédile nunca dizendo não e, cada vez mais forte, o vice-prefeito Maurício Medeiros (MDB).
Marco Barbosa já anunciou que vai se filiar ao PSDB, do governador Eduardo Leite, a quem apoiou mesmo contrariando Miki e Stédile que, um por gosto, outro para o partido não perder os cargos, participaram da campanha frustrada pela reeleição de José Ivo Sartori.
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Ao fim, das cinzas políticas dessa polêmica votação do Plano Diretor, Marco Barbosa é quem aumenta o índice de probabilidades de ser candidato a prefeito e enfrentar Miki nas urnas daqui a dois anos.
Como já dizia Itagiba, quando contestava a lei eleitoral pré-golpe de 64 e queria concorrer à sucessão de Jango: “cunhado não é parente, Brizola presidente”.
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