política

De presente para Zaffa, a aprovação da ’reforma das reformas’ de Gravataí; A placa da polêmica

Placa foi entregue ao prefeito Luiz Zaffalon e ao vice Dr. Levi Melo pelo presidente da Câmara Alan Vieira

Só uma tragédia impede a aprovação da Reforma da Previdência de Gravataí, na próxima terça-feira. O presente de aniversário de 68 anos de Luiz Zaffalon (MDB) foi uma placa com o nome e assinatura dos 14 vereadores necessários para aprovar a ‘pauta-bomba’, que o prefeito chama de "a reforma das reformas".

Pela articulação, merece uma ‘placa política’ o presidente da Câmara, Alan Vieira (MDB). Já a plca pelos Grandes Lances dos Piores Momentos vai para o PDT de Anabel Lorenzi.

Explico.

Antes vamos às informações.

Zaffa recebeu os 14 vereadores que compõem a base do governo em seu gabinete para receber o documento com o compromisso de aprovação da reforma que apresenta como salvação para os investimentos em Gravataí pelos próximos 20 anos, narrativa que detalhei em Uma Reforma da Previdência para salvar não só aposentadorias, mas investimentos por 20 anos em Gravataí; A Falha de San Andreas.

O termo, emoldurado em um quadro, tem as assinaturas de Alan, Alex Peixe (PTB), Alison Silva (MDB), Áureo Tedesco (MDB), Bino Lunardi (PDT), Carlos Fonseca (PSB), Claudecir Lemes (MDB), Demétrio Tafras (PSDB), Fábio Ávila (Republicanos), Márcia Becker (MDB), Mário Peres (PSDB), Paulo Silveira (PSB), Evandro Coruja (PP) e Roger Corrêa (PP).

O documento, conforme o prefeito, “é a comprovação de que os representantes da sociedade entenderam a importância de garantir não só a aposentadoria dos servidores como, também, os investimentos em obras, educação e saúde para o município”.

– Este é o melhor presente que o nosso grupo político poderia dar para a cidade, que é a aprovação da reforma da previdência. Com estas medidas, conseguiremos equalizar o déficit bilionário que temos no Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Municipais de Gravataí (IPG) e, ainda, reverter todo o montante que, hoje, colocamos como alíquota extraordinária para asfalto nas ruas e melhorias na saúde, por exemplo. Essa ação é para o bem de toda a cidade, é para o bem de todos – disse Zaffa.

– Assinamos este compromisso por entendermos que esta é a maior e mais necessária reforma para o futuro do nosso município – acrescentou Alan, que confirmou que articula com o líder do governo na Câmara, Alison Silva, para que a votação que modifica a Lei Orgânica do município, em primeiro turno, ocorra já na próxima terça-feira, 8 – dia o qual o sindicato dos professores, contra a reforma, como tratei em Reforma da Previdência de Gravataí: Professores surpresos com fim de negociações; ’Somos contra esse pacotaço’, prepara um carnaval fora de época na frente da Câmara.

A emenda à LOM, que aumenta o tempo de contribuição do funcionalismo municipal, é o principal pilar da reforma. O segundo turno, assim como a votação de outros três projetos de lei (PLs), como o que eleva a contribuição do governo e também taxa aposentados, deverá ocorrer no próximo dia 24.

Em nota publicada no site em defesa da reforma, o governo Zaffa argumenta que hoje a Prefeitura entra com 15,7% e os funcionários com 14% mensais para a manutenção do instituto mas, por causa do rombo bilionário, há repasse ao IPG de mais 26% como alíquota complementar, que a cada ano, cresce 4%. “Em 2021, serão R$ 45 milhões, dinheiro que, em quatro anos, somaria a quantia suficiente para construir um hospital”, compara a nota.

Segue: “Por falta de pagamento por parte da administração municipal em anos passados, em 2021 o município ainda pagará cerca de R$ 23 milhões, de um total de R$ 215 milhões. Entre 2013 e 2021, foram pagos R$ 238 milhões em dívidas e déficit”.

De acordo com o secretário municipal da Fazenda (SMF), Davi Severgnini, com a Reforma a conta do déficit será dividida entre a Prefeitura (51%, ou seja, R$ 595 milhões) e os servidores (49%, R$ 580 milhões), totalizando o déficit atuarial de R$ 1.176.000.000,00.

Agora vamos à política – e seus ons e offs.

Antecipei a aprovação da Reforma logo após a morte de Nadir Rocha (MDB), há duas semanas. O ‘político do povão’ tinha anunciado voto contra, o que obrigava Zaffa a buscar o 14º voto. Com o inesperado falecimento, e a ascenção do suplente, o ex-vice-prefeito Áureo Tedesco, a base do governo chegou ao 14 vereadores, garantindo o quórum qualificado entre os 21 para aprovar a ‘pauta-bomba’.

Até a terça 18 de maio, dia da morte de Nadir, o governo buscava mais um voto no PDT, partido (ainda) decisivo para a aprovação da Reforma, como tratei em artigos como Pós-Bordignon: PDT nega ’defesa’ do governo Zaffa; Partido é decisivo em nova ’pauta-bomba’ de Gravataí.

Bino Lunardi, que tem cargos no governo, já tinha assumido compromisso de votar a favor. Professor, Thiago De Leon sofre pressão da categoria para votar contra. O alvo era Dilamar Soares, o Dila, que ao lado de Anabel Lorenzi, presidente do partido e terceira colocada na eleição para a Prefeitura em 2020, tinha aceitado convite do amigo Zaffa para debater a Reforma em seu gabinete. 

Naquela manhã, Dila teve um “encontro casual” com o ex-prefeito Marco Alba no Hotel Radar. Ao receber foto de uma fonte liguei para os dois. Nenhum confirmou, mas é improvável que a reforma da Previdência não tenha intercalado os cafezinhos.

O gesto de humildade do ‘Grande Eleitor’ de Zaffa, ao encontrar o vereador que votou contra as contas do governo de 2017, o que ameaça Marco Alba com inelegibilidade de 8 anos, e tem sido crítico seu na Câmara, era uma demonstração da importância dada à aprovação da Reforma.

Inacreditavelmente, cerca de duas horas depois Nadir foi vítima de um enfarto fulminante. E Dila, de voto decisivo, tornou-se apenas um voto que pode dar força ao discurso do governo de que a Reforma é a salvação para que Gravataí, com o funcionalismo & tudo, não seja engolida pela ‘Falha de San Andreas’ do déficit de R$ 1,1 bilhão na previdência de Gravataí.

 

Abaixo da foto de Marco e Dila, continuo.

 

Nesta quarta, a entrega da placa com o nome de Bino, e a assinatura dele acima da descrição “PDT”, provocou reação interna.

Anabel escreveu texto no grupo de WhatsApp do PDT criticando a postura “individualista” de Bino, já que na visita ao prefeito ela tinha pedido um tempo para o partido apresentar sugestões aos projetos. Diego Pereira, chefe de gabinete do vereador, saiu do grupo.

Reputo Anabel resta não em cima, mas atrás do muro, por não ter se manifestado publicamente sobre a Reforma, o que levou à saída dos ‘Bordignons’ do partido, o que contei em Prev(s)idência: Anabel, Dila e PDT entram pela porta de Zaffa, os Bordignons saem por outra; Agora tudo é GreNal na política de Gravataí.

A pressão da categoria é grande, já que é professora da rede municipal e, à época em que lhe chamava ‘A Esquerdista do Ano’, criticava nas redes sociais a Reforma da Previdência Nacional – de cuja reforma municipal é um ‘Control C + Control V’.

Fato é que a assinatura de Bino na placa diminui cada vez mais a (pequena) esperança da oposição e do sindicato dos professores de que Anabel aprovasse dentro do PDT a obrigatoriedade dos vereadores votarem contra a Reforma sob ameaça de expulsão de ‘tábatas’ por infidelidade partidária.

A tendência do PDT é liberar o voto dos vereadores, como aconteceu na ‘pauta-bomba da Sogil’, que reportei em Vereadores de Gravataí aprovam subsídio de 5 milhões ao transporte público: passagem fica congelada em 4,80; Siga os votos.

Se a placa de ‘Os Grandes Lances dos Piores Momentos’ dou para o PDT, que ao ficar entre San Juan y Mendoza permite ao PSD do segundo colocado na eleição, Dimas Costa, avançar sozinho sobre corações e mentes do funcionalismo, como tratei em Os ’contras’ à ’reforma das reformas’ de Gravataí; De heróis a vilões, ainda sem alternativa ao projeto de Zaffa, a placa de habilidade política ofereço a Alan Vieira.

É que a placa-presente com as 14 assinaturas não garante apenas a aprovação da Reforma da Previdência, mas também acalma vereadores da base que, mesmo que Zaffa queira, só engoliriam Dila – e o PDT no governo – caso o voto dele fosse o último recurso para aprovar os projetos.

 

Abaixo da foto da placa, continuo.

 

Ao fim, concluo como antes e seguirei alertando, até ser convencido do contrário – e para isso o Seguinte: está aberto ao contraditório: a previdência é uma ‘Falha de San Andreas’. Só que a cada ano as placas tectônicas se abrem mais. Como está, vai engolir Gravataí, com funcionalismo & tudo.

É a realidade que se impõe, mesmo que ao pagar uma conta que já pagou, o funcionalismo experimente um fim de mês ainda mais perpétuo.

A ‘ideologia dos números’.

 

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Assista Zaffa entregando a Reforma à Câmara

 

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