SEGURANÇA

Deepfake, kit antirrugas grátis e ostentação: como funcionava o ‘golpe Gisele Bündchen’, que fez vítimas na região

A Polícia Civil deflagrou, na manhã desta quarta-feira (1º), a Operação Modo Selva, que desarticulou uma organização criminosa responsável por fraudes digitais milionárias praticadas em todo o país. O esquema utilizava imagens manipuladas de pessoas famosas para enganar vítimas com a falsa oferta de produtos cosméticos gratuitos, como kit antirrugas, nos quais era cobrado apenas o valor do frete.

Com ramificações no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Bahia e Pernambuco, a quadrilha movimentou mais de R$ 20 milhões em fraudes. Ao todo, foram cumpridos nove mandados de busca e apreensão e sete mandados de prisão preventiva. Quatro pessoas foram presas, sendo duas em Canoas e duas em cidades do interior paulista — Piracicaba e Hortolândia.

Como funcionava o golpe

Segundo as investigações da Delegacia de Polícia de Investigações Cibernéticas Especiais (Dicesp/Dercc), os criminosos criavam campanhas falsas usando deepfake de personalidades famosas, incluindo Gisele Bündchen, para impulsionar anúncios em redes sociais. As vítimas, atraídas por supostas promoções de kits de beleza, eram direcionadas a sites fraudulentos, onde forneciam dados pessoais e realizavam pagamentos via PIX.

Os valores eram repassados a empresas fantasmas e contas de “laranjas”, inclusive de idosas de 80 e 84 anos, que tiveram suas identidades utilizadas sem saber. Para dificultar o rastreamento, a organização usava gateways de pagamento próprios.

“Muitas vítimas não denunciavam por se tratar de prejuízos baixos, geralmente entre R$ 20 e R$ 100. Isso dava aos criminosos uma espécie de ‘imunidade estatística’, permitindo que agissem em massa sem medo de punição”, explicou a delegada Isadora Galian, titular da Dicesp.

Estrutura e ostentação

A quadrilha possuía uma hierarquia definida, com líder intelectual, operador financeiro, facilitador de pagamentos e até uma “influenciadora do crime”. O dinheiro obtido era ostentado em redes sociais por meio de fotos e vídeos com carros de luxo como Porsche Cayenne S, Range Rover Velar e BMW 430i, além de helicópteros e aviões particulares.

As investigações revelaram ainda a existência de uma plataforma falsa de apostas online usada para ampliar os lucros, além de um perfil em rede social de “mentoria” no qual os criminosos ensinavam técnicas de fraude digital a seguidores, criando uma rede de multiplicação de golpes.

“Esta investigação mostra como a tecnologia pode ser usada tanto para o bem quanto para o mal. Precisamos estar sempre um passo à frente dos criminosos, desenvolvendo técnicas tão sofisticadas quanto os crimes que combatemos”, destacou o delegado Filipe Borges Bringhenti, diretor da Divisão de Combate aos Crimes Cibernéticos.

Bens bloqueados

Na ação, foram sequestrados e tornados indisponíveis 10 veículos de luxo, além do bloqueio de 21 ativos financeiros, aplicações e carteiras de criptomoedas, em valores que podem chegar a R$ 210 milhões.

A operação contou com a cooperação das Polícias Civis de Santa Catarina, São Paulo, Bahia e Pernambuco.

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