Tudo começou em janeiro de 2014, com um pedido de amizade pelo Facebook. Rafaeli, um auxiliar de enfermagem brasileiro, de Gravataí. E do outro lado deste convite, Maribel, uma bancária libanesa de Jounie, cidade a 20 quilômetros e Beirute.
— Olhei aquele convite, vi que não tínhamos amizades ou grupos em comum. Não iria aceitar. Mas ele insistiu, disse que gostava de conhecer pessoas e culturas diferentes. Eu acreditei — conta ela, que desde o dia 15 de abril assina Maribel Marques, como o marido.
O namoro somente virtual durou um ano e três meses até que o Rafaeli tomasse coragem para visitar o Líbano. Encontou-se com a até então namorada virtual, e com o país que o recebeu. Mas voltou para o Rio Grande do Sul. Depois, Maribel o visitou aqui, e a vontade de encurtarem essa distância só crescia.
— Decidimos que eu iria para lá, por todos os vínculos que a Maribel tem na sua terra. Pelo bem dela, e pelo bem do nosso amor, fui morar no Líbano — conta o gravataiense.
Faz sete meses que vive em Jounie e se tornou um dos pelo menos 10 mil brasileiros em terras libanesas. Ele trabalha no restaurante de outra brasileira, mais especificamente, gaúcha de Viamão. É responsabilidade do Rafaeli assar aquele churrasco, pelo menos, parecido com o daqui.
Em lua-de-mel, Maribel e Rafaeli conversaram com o Seguinte:
Realidade no Líbano
Nesta semana, o casal, em lua-de-mel, veio ao Brasil a passeio. Serviu para conhecerem lugares como o Rio de Janeiro e para a família de Rafaeli, em Gravataí, conhecer a Maribel. Mais do que isso, foi também uma forma de tranquilizar os amigos e familiares sobre a situação no país que faz fronteira com a Síria.
— Brasileiro se assusta um pouco, porque os caças sobrevoam o país para os ataques na Síria. Mas os libaneses estão tranquilos. É errado pensar que o Oriente Médio vive uma guerra aberta. Viver no Líbano é mais seguro do que no Brasil, por exemplo — comenta ele.
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A viagem do casal aconteceu justamente no período da polêmica envolvendo as senadoras Gleisi Hoffmann (PT) e Ana Amélia Lemos (PP), e uma enorme confusão nas redes sociais, depois de uma entrevista para a rede de televisão Al Jazeera.
— Confundir Al Jazeera com Al Qaeda é desonestidade. As pessoas deveriam se informar melhor. Essa imagem de que todo o Oriente Médio é cheio de terroristas é um erro. Até mesmo o Hezbollah, que é visto no Ocidente somente como um grupo terrorista, mas no Líbano, eles representam um grupo muito organizado, de pessoas muito bem educadas. Têm uma rede de televisão organizada. São eles que impediram, por exemplo, que o Estado Islâmico entrasse no Líbano — conta o gravataiense.
Rafaeli, o poliglota?
No final desta semana, Maribel e Rafaeli voltam ao Líbano. E ele já tem uma missão paa os próximos meses: aprender o árabe.
É uma forma de conviver melhor no país. Entre eles, porém, a linguagem não é um problema. Maribel é poliglota. Fala cinco línguas, algo bem comum no país que tem três línguas consideradas oficiais. Fala-se o árabe, o francês e o inglês.
— Eu já me viro no francês — garante o brasileiro.
Por via das dúvidas, ele domina também a churrasqueira, o que é sempre um excelente cartão de visitas:
— Recomendo a picanha, lá no Líbano.